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Incêndios: Ministro reforça apelo a que se evitem as ignições e os fogos

3/07/2023 às 17:54
Marco Gismondi

O ministro da Administração Interna reforçou hoje o apelo a que se evitem as ignições e os incêndios, salientando que por muitos meios de combate que haja, eles serão "sempre escassos" quando há muitos fogos no país.

José Luís Carneiro esteve esta manhã na apresentação do Dispositivo Especial de Combate aos Fogos Rurais (DECIR) para a região Norte, que decorreu em Chaves, no distrito de Vila Real.

Numa altura em que já se está na fase de maior empenhamento do DECIR, que começou no sábado e se prolonga até 30 de setembro, o ministro quis focar-se na mensagem de que “o importante mesmo é evitar os incêndios”.

“Mais importante que os meios é evitarmos os incêndios, porque por muitos meios que tenhamos, eles serão sempre escassos quando há muitos incêndios no país”, salientou José Luís Carneiro, que lembrou que, em 2023, “todos os meios estão reforçados comparativamente a 2022”, ou seja, o país tem “mais meios humanos, mais veículos, mais meios aéreos”.

O governante apelou ainda à população para que evite “as ignições e os incêndios, porque dois terços dos incêndios têm como causa a negligência no uso do fogo e no uso de máquinas agrícolas e florestais”, lembrando que estes trabalhos podem ser feitos fora dos dias em que as temperatura são muito elevadas.

Neste período estão afetos ao dispositivo de combate aos incêndios rurais um total de 13.891 elementos provenientes de diferentes entidades. Este número representa um crescimento de 7,5% face ao mesmo período de 2022 e de 42 % face ao ano de 2017.

Desde sábado que o dispositivo conta com 67 meios aéreos, quando no nível máximo de empenhamento, em 2022, estavam disponíveis 60 meios aéreos.

Na região Norte estão preposicionados 14 helicópteros ligeiros, um helicóptero médio e dois pesados e ainda seis aviões anfíbios, contando o território ainda com 1.197 bombeiros, com 282 veículos, havendo, no total, 211 equipas de combate e 71 equipas logística de apoio ao combate.

“Fundamentalmente, a dificuldade para alcançarmos o objetivo de 72 (meios aéreos) teve que ver com o facto de o mercado não responder às necessidades, quer pelos preços quer pela sua escassez. Países do norte da Europa que, em regra, não conheciam os incêndios, foram também ao mercado para alugar meios aéreos, por outro lado temos o cenário de guerra na Europa, e quer a falta de meios aéreos, quer a falta de pilotos levou a que os preços tivessem subido exponencialmente”, salientou José Luís Carneiro.

O dispositivo é financiado pelo Estado e possui uma provisão orçamental de 54,7 milhões de euros. “Estamos este ano com o maior financiamento de sempre”, sublinhou o ministro.

Em Chaves, José Luís Carneiro foi ainda visitar a localidade de Bustelo, inserida no programa “Aldeia Segura”.

O governante aproveitou para lembrar a importância do programa que conta com 2.300 aglomerados e 2.100 oficiais de ligações, ou seja, residentes que apoiam os populares a serem retirados das aldeias em caso de necessidade.

Questionado sobre a prevenção dos incêndios, o ministro disse que há “dimensões estruturais que têm vindo a ser trabalhadas, mas não produzem resultados de um dia para o outro”.

E destacou a criação dos balcões BUPI que já efetuaram 1,3 milhões de registos de propriedade, ainda a criação dos mosaicos de paisagem, que se traduzem na criação de áreas florestais cujas árvores têm maior resiliência aos incêndios.

“Estas mudanças são muito demoradas a produzirem resultados, demoram uma geração, 20 a 25 anos, e é por isso que eu tenho defendido que haja um amplo consenso político entre os principais partidos com assento na Assembleia da República de modo a que estas mudanças possam resultar em bons efeitos”, frisou.

E continuou: “Em 2017, nós tínhamos 80% do investimento para o combate e 20% para a prevenção, agora já temos mais de 60% na prevenção e cerca de 40% no combate, e esta é uma mudança de paradigma que vai produzir resultados a médio prazo e que importante sinalizar”.

Lusa

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