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Ucrânia: Missão Cumprida. Ex-militares de Abrantes regressaram com 22 refugiados (C/ÁUDIO)

14/03/2022 às 09:17

Chegaram a Abrantes passavam poucos minutos das 7 horas da tarde deste sábado, dia 12. Uma semana depois de terem partido rumo à Polónia, à fronteira com a Ucrânia.

Primeiro eram duas viaturas para trazer cerca de uma dezena de refugiados. Na quinta-feira, dia 3, conseguiram um terceiro carro. E na véspera da partida ainda houve uma quarta viatura. Meia dúzia de telefonemas e conseguiram encontrar os voluntários necessários para esta missão humanitária e voluntária. Dois condutores por cada viatura, sendo que um dos oito abrantinos que embarcaram nesta missão é enfermeira e ucraniana. Um elemento fundamental para esta viagem, principalmente para a chegada à fronteira e para contactar com os refugiados que estavam preparados para vir para Portugal.

Em três dias este grupo conseguiu toda a logística. Dinheiro para pagar as despesas da viagem e mais de uma tonelada de bens para poderem entregar num dos campos de refugiados. Alimentos, medicamentos e também alimentação para animais foram transportados até Dublin, na Polónia.

O grupo saiu de Abrantes com as viaturas identificadas com o símbolo dos “Anjos da Misericórdia”, uma instituição de Sintra que ajudou este grupo nos processos mais burocráticos para trazer os ucranianos ao abrigo do programa dos governos da Europa. Segundo Manuel João Machado, um dos voluntários e quem teve a ideia de encetar a missão, as viaturas deveriam ir bem identificadas para que as entidades dos países por onde passaram poderem perceber que era um grupo de ajuda humanitária.

Saíram no sábado, dia 5, pela manhã. Dois condutores por viatura para poderem fazer os cerca de 4 mil quilómetros de forma seguida. Como contou à Antena Livre a meio da semana a primeira paragem foi em Lublin, na Polónia, onde deixaram a carga de ajuda humanitária. Depois foram até à fronteira para ir buscar quatro refugiados. Os outros estavam já à espera em Lublin para poderem vir até Portugal.

Manuel João Machado explicou que, na fronteira, mesmo um ex-paraquedista fica verdadeiramente impressionado ao ver presencialmente aquilo que todos vemos nos nossos canais de televisão. Os refugiados são, maioritariamente, mulheres e crianças. Juntam-se alguns homens com mais de 60 anos. É que os outros têm de ficar na Ucrânia para integrar o exército. E os refugiados que vão trazer até Portugal são mulheres e crianças.

O grupo sai da Polónia em direção ao Luxemburgo onde deixam dois refugiados que, junto de amigos de familiares, haveriam de apanhar um voo para Barcelona, onde vão ficar.

Os outros rumo a Abrantes, mas onde apenas quatro ficam. Os restantes seguiram no domingo de manhã para o Algarve, local do destino final.

Manuel João Machado contou que a ideia era trazer 21 refugiados, tantos quantos a capacidade dos lugares das quatro viaturas. Mas explicou que lhes foi pedido, por tudo, para trazerem uma senhora que estava sozinha com apenas duas malas. Não conseguiram ficar indiferentes e uma das refugiadas disse logo que podia fazer a viagem com um filho de seis anos ao colo, para que aquela senhora não ficasse para trás. O ex-militar ficou impressionado com esta forma de ajuda de quem quer é fugir à guerra, aos bombardeamentos. “Fez a viagem até ao Luxemburgo com o filhote ao colo.”

Outras duas situações que este voluntário fez questão de referir aconteceram no Luxemburgo e em França. A de França foi a de um homem que lhe agradeceu aquilo que estavam a fazer e disse que iria pagar o abastecimento de uma das viaturas: “Foram 150 euros de combustível.”

A outra situação foi no regresso, no Luxemburgo, num restaurante em que o empregado de mesa disse-lhes que um cliente iria pagar todas as bebidas. “E no final ainda deu uma nota de 50 euros, sem qualquer conversa.”

Estes são pequenos gestos que ajudam um gesto de maior amplitude destes voluntários que foram à fronteira da Ucrânia buscar os refugiados.

Tentam fugir aos bombardeamentos, com o olhar e pensamento dos que ficaram no país. “Com as crianças criámos uma amizade muito gira, mesmo sem nos entendermos”, disse o ex-paraquedista que destacou o grande espírito de coragem destas pessoas.

Grupo de voluntários que resgatou 22 refugiados da guerra da Ucrânia

Quando chegaram a Abrantes tiveram uma refeição nas instalações no Centro Social do Pessoal da Câmara de Abrantes, onde estiveram o presidente Manuel Jorge Valamatos e a vereadora Raquel Olhicas. Um momento sem mediatismo ou máquinas fotográficas, pela salvaguarda dos refugiados e pela sua tranquilidade, dentro do possível numa situação destas.

“Uma senhora, ainda jovem, e os seus dois filhos, de 11 e 6 anos, quando chegaram, foram de imediato para Mação. Nem sequer jantaram, seguiram com a família descansar”, conta Manuel João Machado que deixa ainda a informação que a senhora que vinha sozinha vai ficar em Abrantes com a família da enfermeira e do marido, que fizeram parte do grupo de voluntários.

Os abrantinos fizeram a viagem, mas Manuel João Machado, deixou uma palavra para os “camaradas que ficaram em Portugal e que fizeram todo o apoio de back stage que era preciso. Questões administrativas. Alojamento. Aspetos mais burocráticos que permitem fluir com a missão sem entraves."

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Palavras chave:
Ucrânia Abrantes
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