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Exército: Prémio Defesa Nacional e Ambiente entregue ao Campo Militar de Santa Margarida

23/01/2023 às 09:40

O Prémio Defesa Nacional e Ambiente, criado em 1993, teve este ano como projeto vencedor o ‘Contributo da BrigMec para o Desenvolvimento Sustentável’ que consiste num sistema integrado de gestão ambiental, energético e agroflorestal.

A entrega do diploma aconteceu na semana passada no Regimento de Artilharia, no Campo Militar de Santa Margarida, e contou com a presença dos ministros da Defesa Nacional, Helena Carreiras, e do Ambiente, Duarte Cordeiro.

Na sua intervenção, a ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, começou por indicar os contributos das instituições da Defesa Nacional para o Ambiente e eficiência energética. Explicou que em 2022 foram apresentadas 9 candidaturas ao Plano de Recuperação e Resiliência (5 da Força Aérea, 3 da Marinha e 1 da Arsenal do Alfeite) com vista a financiar projetos de eficiência energética. Por outro lado, no âmbito do Fundo de Reabilitação e Conservação Patrimonial foram já aprovadas outras 3 candidaturas para remoção de amianto em edifícios afetos à Defesa.

A titular da pasta da Defesa Nacional explicou ainda que “decorridos quase três anos desde a aprovação da última Diretiva Ambiental para a Defesa Nacional, o 5 objetivo então traçado para o trabalho na Defesa e pela Defesa segue válido: “Uma Defesa Nacional empenhada num amanhã sustentável e preparada para os desafios futuros”. Esta permanece a linha de ação seguida pelo Ministério da Defesa Nacional, e em particular pela Direção-geral de Recursos da Defesa Nacional, cujo papel de coordenação, monitorização e de promoção de boas práticas neste âmbito importa aqui realçar.”

Helena Carreiras, nesta sua intervenção não esqueceu que “as Forças Armadas, têm também várias responsabilidades ao nível do apoio na vigilância, no controlo e no combate a incêndios rurais. Como é sabido, o risco associado a estas responsabilidades, quer para as populações, quer para os militares que as protegem, aumenta em proporção da intensidade dos efeitos das alterações climáticas. É por isso que está a decorrer um processo de aquisição de meios aéreos próprios de combate a incêndios, nomeadamente, nove helicópteros médios e dois helicópteros ligeiros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, e dois aviões pesados através do Mecanismo Europeu de Proteção Civil (RescEU).”

E se as alterações climáticas preocupam os ambientalistas e os governantes, a defesa nacional não fica atrás. “As temperaturas extremas, a subida do nível do mar, as mudanças rápidas nos padrões de precipitação e a frequência e intensidade crescentes de eventos climáticos extremos irão, certamente, gerar desafios ao nível das operações militares de apoio a emergências civis e testar a resiliência das nossas infraestruturas críticas e dos nossos recursos humanos.” E em modo de conclusão deixou a nota que “perante esta evolução do paradigma global de ambiente, precisamos de estar à altura do desafio.”

Já o Comandante do Estado Maior do Exército, General Nunes da Fonseca, sublinhou os três pilares na sua estratégia ambiental: a sustentabilidade do território, a otimização da energia e a valorização dos resíduos.

E depois explicou ainda que “o desenvolvimento da estratégia decorre segundo dois eixos: Gestão Ambiental, e Sensibilização, Cooperação e Comunicação. Esses eixos orientam os três objetivos ambientais a atingir pelo Exército. No eixo da Gestão Ambiental, procura-se potenciar a gestão eficiente e o uso sustentável dos recursos, assim como fomentar o desempenho ambiental das Unidades, Estabelecimentos e Órgãos; no eixo da Sensibilização, Cooperação e Comunicação, incide-se fundamentalmente na cultura ambiental no Exército.”

Prémio Defesa Nacional e Ambiente

O Campo Militar de Santa Margarida tem 6.400 hectares (ha) de área total ocupada, sendo 350 ha de área da zona de aquartelamentos e dois bairros residênciais. Nas suas várias unidades tem uma população residente de 1.000 a 1.500 pessoas, entre militares e civis, embora já tenham sido mais de cinco mil nos anos 80.

É a primeira grande unidade do exército com o sistema de gestão ambiental certificado pela norma ISO 14001 desde 2004.

Depois aponta ainda ao compromisso 3G com os três pilares da sustentabilidade: gestão ambienta, económica e humana.

Esta candidatura assenta num compromisso de proteção e preservação do ambiente, a utilização eficiente dos recursos, na gestão dos resíduos, na inovação e sensibilização ambientais. E as ações inscritas nesta candidatura a este prémio são a melhoria de gestão de resíduos através de novas sinaléticas e ilhas de separação, criação de um ecocentro único, separação seletiva de resíduos nos ecopontos e ecobags nas camaratas e bairros residências. Acrescenta-se ainda a separação de resíduos elétricos e eletrónicos e a economia circular com o fardamento militar com projetos de transformação em materiais têxteis.

Ao nível dos recursos há um reforço do consumo de água da rede por isso, uma redução no consumo de água engarrafada. Em 2021 houve a renovação da certificação ambiental sem qualquer inconformidade na auditoria e continuam a ser desenvolvidas uma série de ações de sensibilização ambiental na comunidade militar e também em relação aos alunos das escolas da região que visitam o Campo Militar.

Houve ainda uma preocupação com a eficiência energética, nomeadamente na substituição para as lâmpadas LED e promoção da eficiência nos sistemas de banhos com águas quentes onde foram substituídos os equipamentos antigos por bombas de calor de alta eficiência. De notar ainda a preocupação com a eficiência hídrica com a colocação de redutores de caudal nos chuveiros.

E naturalmente que continua a preocupação com a proteção da fauna e flora do Campo Militar com recuperação de habitats e controlo de espécies infestantes.

Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente vincou que “o prémio que hoje aqui entregamos à Brigada Mecanizada, pelo seu projeto “Contributo da BrigMec para o Desenvolvimento Sustentável”, é uma espécie de síntese de ações concretas para o cumprimento desse objetivo, totalmente em linha com as políticas nacionais.” O governante elencou as áreas do prémio atribuído: “melhoria da gestão dos resíduos com orientação clara para a economia circular; proteção e monitorização de ar, água e solos com recurso ao tratamento das águas residuais e da chuva; encaminhamento de hidrocarbonetos para separadores; preocupações relativas à fauna e flora locais; preservação de charcos temporários; proteção de habitats de aves migratórias; e minimização dos riscos de incêndio.”


O júri do concurso, aberto a todos os ramos das Forças Armadas e a que concorreram três projetos, todos do Exército, atribuiu ainda uma Menção Honrosa à candidatura do Instituto dos Pupilos do Exército (IPE) denominada "Uma Tiny Forest no IPE".

Um prémio também saudado pelo titular da pasta do Ambiente Duarte Cordeiro que relembrou que tipo de floresta, a “Tiny Forest” é um conceito pioneiro para uma floresta autóctone, densa e de rápido crescimento, baseando-se no método que o botânico japonês Akira Miyawaki desenvolveu nos anos 70.”

A plantação destas espécies tem objetivos claros de ter um crescimento mais rápido (comparativamente à plantação tradicional); elevada taxa de absorção de carbono; elevada capacidade de atração de outras espécies de fauna e flora; boa capacidade de processamento da água da chuva; melhoria da qualidade do ar (reduzindo partículas poluentes) e redução da poluição sonora; e a melhoria do conforto térmico local.

Duarte Cordeiro apontou ainda que é desta forma que “se acelera a fixação de carbono, com o consequente contributo para a descarbonização da economia nacional, e aumenta a biodiversidade, produzindo-se oxigénio onde é ainda mais necessário, nas zonas urbanas e periurbanas.”

O Prémio Defesa Nacional e Ambiente, criado em 1993, distingue anualmente a unidade que melhor contributo preste para a qualidade do ambiente, numa perspetiva de desenvolvimento sustentável, através da utilização eficiente dos recursos naturais, da promoção de boas práticas de gestão de ordenamento do território, da proteção e valorização do património natural e paisagístico e da biodiversidade.

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