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Ruas floridas de Constância vão respirar Amor

12/04/2017 às 00:00

O Agrupamento de Escolas de Constância é um parceiro fundamental na realização das festas de Constância/festa de Nossa Senhora da Boa Viagem. São os cerca de 760 alunos, 90 docentes e 32 auxiliares que, de uma forma ou outra, embelezam e adornam a praça Alexandre Herculano e a Rua Luís de Camões.

Para Olga Antunes, diretora do Agrupamento de Escolas, a participação nas festas, realizada desde há muitos anos, é muito “importante, pois “cada vez mais, é importante a cultura. Nos dias de hoje com tantas tecnologias, esquece-se muitas vezes, a cultura local, a nossa identidade”.

O desafio de preparar as tradicionais flores de papel ou de plástico começa no início do segundo período e somente na quinta-feira santa é que se dá por terminada a árdua tarefa. 

“É na quinta-feira antes da Pascoa que nós enfeitamos os dois espaços e onde se envolve toda a comunidade escolar, desde o pré-escolar, 1º ciclo e a escola sede. A criança desde muito nova tem contacto com o papel ou com o plástico e com esta prática. São cerca de 760 alunos envolvidos, que contam com o apoio fundamental do pessoal auxiliar e dos próprios docentes”.

Este ano o tema é Camões e o Amor. Por isso, a cor vermelha vai realçar e os grandes corações também.

“O tema que tem sido abordado o ano inteiro, agregador das atividades, tem sido o Ano Camões. Comemoramos 25 anos de existência e juntámo-nos à Casa Memória de Camões que faz 40 anos. Chamámos a Autarquia para esta parceria e temos várias atividades”, explicou a diretora.

Olga Antunes reforça que para além do ato de fazer as flores, há a preocupação de contextualizar os alunos sobre Camões e a sua ligação à vila: “Houve o cuidado de passar para os alunos esta importância de Camões em Constância. Nós com esta atividade e outras contextualizamos o currículo. Falar de Camões para os nossos alunos começa a ser norma desde o pré-escolar”.

“Amor é fogo que arde sem se ver”

“É habitual ouvirmos os alunos a declamar “Leonor vai para a fonte” ou “Amor é fogo que arde sem se ver”. Muito particularmente os nossos alunos do secundário, as três turmas, têm o espírito de Camões e a presença da sua poesia muito enraizada”, fez notar a responsável.

No que diz respeito à preparação das flores, Olga Antunes explica que “o plástico é mais difícil de trabalhar para os miúdos, mas tem sido uma opção derivado às condições atmosféricas, mas o papel também ainda continua a ser utilizado. As flores de papel fazem um efeito muito mais bonito e são mais fáceis de trabalhar até para que os alunos conseguiam trabalhar autonomamente”.

Durante estas semanas, e pelos corredores da escola, encontram-se flores espalhadas, alunos e pessoal auxiliar a manusear o papel. “Todos os tempos livres são utilizados para a elaboração das flores, como também nas áreas da visual, da tecnológica e das artes ou noutras aulas, os professores arranjam sempre um tempo”, afirmou a diretora.

O desafio é grande! Para este ano, o objetivo é fazer 60 corações. Cada um leva 60 flores. Depois há 1.200 metros de manga plástica para fazer a decoração dos tetos e ainda as flores de papel que vão surgir espalhadas.

“A rua Luís de Camões é enorme, tem à volta de 1.000 metros. Inicialmente, quando a escola sede ainda não era Agrupamento só enfeitávamos a praça, quando se juntou o Agrupamento ficámos também com a rua, sendo uma das principais e muito visitada”.

Quando a chuva aparece nos dias festivos é que é pior: “É um pouco desmotivante quando acabamos de pendurar as flores e começa a chover. Já aconteceu vários anos. Mas por outro lado, elas estão lá e percebe-se o esforço e vale pelo grande esforço. Sentimos que cumprimos a nossa missão. E mesmo quando os alunos resmungam de fazer as flores, porque é um trabalho monótono e repetitivo, depois gostam muito de dizer às famílias o trabalho que tiveram. É o trabalho deles e é com orgulho que o mostram”.

“O 1º ciclo desde há muitos anos que faz as bandeirinhas que são dadas aos barcos. E percebemos o orgulho que têm quando identificam as bandeiras nos barcos”, reforçou a diretora.

“É o desafio de quem sobe as escadas, quem é que estica a corda”

Na quinta-feira, dia da preparação é segundo Olga Antunes um autêntico “convívio. É o desafio de quem sobe as escadas, quem é que estica a corda, é um dia muito giro. Vamos quase todos e é uma organização desafiante. É preciso sempre um ou dois para coordenar. Normalmente, assumo essa função ou então também subo às escadas” (risos).

“Nesse dia, almoçamos sempre todos e depois do trabalho finalizado há sempre um sentimento de missão cumprida”.

Não é só no adornar das ruas ou dos barcos que os alunos se envolvem. Desde há três anos, que também são eles os responsáveis pelas refeições das bandas.

“Os nossos alunos de Restauração garantem o catering dos artistas musicais como também a receção da abertura das festas, os camarins ao nível dos comes e bebes e depois confeção e serviço dos jantares. É um fim-de-semana de muito trabalho até à segunda da Boa Viagem. Mas eles têm correspondido muito bem ao desafio. Por sua vez, os grupos e artistas que vêm têm valorizado muito o nosso trabalho”, reforçou Olga.

“Ganhar amor por Constância é fácil”

“As festas são muito a identidade de Constância. Quando se trabalha em Constância há tantos anos é muito fácil trabalhar e gostar de Constância. Ganhar amor por Constância é fácil. Esta é a minha segunda terra, é onde me sinto bem e gosto de estar. É uma vila especial, com muita mística e a cerimónia religiosa da segunda da Boa Viagem é um momento que me toca muito”, confidenciou.

Joana Margarida Carvalho

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