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Abrantes: Sargentos querem o seu Dia reconhecido oficialmente (c/áudio)

31/01/2024 às 17:03

Cerca de 120 Sargentos voltaram a juntar-se num almoço convívio, em Abrantes para assinalar mais um Dia Nacional do Sargento. Entre o convívio uma mão cheia de reivindicações, principalmente dos sargentos no ativo, reserva ou reformados das Forças Armadas. 

O dia nacional do Sargento português, resultou numa revolta republicana, que eclodiu em 1891 na cidade do Porto, encabeçada principalmente por sargentos, e que visava a capitulação do governo monárquico, dando voz à vontade popular por um regime mais representativo, mais democrático e mais justo para Portugal. Só começou a ser assinalado na década de 80, mas em 2024, está ainda à espera de ser oficialmente reconhecido, apesar das diligências já efetuadas em termos legislativos.

Na evocação do Dia Nacional do Sargento, entre os 120 convivas estava Ramiro Alpalhão, sargento que há 20-21 anos organizou, pela primeira vez, em Sardoal numa quinta de “um outro camarada Sargento” o primeiro encontro. Sempre com as duas vertentes, o convívio, mas também a partilha de preocupações sobre a carreira, os encontros foram-se repetindo ano após ano. E se este ano são 120 sargentos, já houve anos em que foram 200 ou mais de 200.

Ramiro Alpalhão relembrou, em declarações ao Jornal de Abrantes, que “entendemos que a melhor data para estes encontros era o 31 de janeiro.” Mas, recorda que, na altura, havia também reivindicações ou preocupações que continuam as mesmas. “Na altura era o problema das promoções e depois as progressões na carreira”, explicou destacando que foi um grito de união.

 

Ramiro Alpalhão

Já Luís Bugalho, presidente da Assembleia Geral da Associação Nacional de Sargentos (ANS), explicou que a ANS foi criada para defender os sargentos, evocando, naturalmente, a revolta de 31 de janeiro de 1891 que contribuiu para a implantação de República, que aconteceu cerca de 20 anos depois.

Neste momento a ANS pretende ser associação representativa de todos os sargentos, sendo que têm maior representatividade das Forças Armadas, porque a GNR tem associações sócio-profissionais da guarda, mas reforçou que estão ao lado das reivindicações dos militares da guarda, no que diz respeito à igualdade dos suplementos.

Já sobre os sargentos, Luís Bugalhão, disse ao Jornal de Abrantes que há um caderno de aspirações, renovado e aprovado em novembro do ano passado onde estão as posições todas. Para já “não estamos à espera de fazer nenhum protesto da forma como estão a fazer as forças de segurança, mas é um dos assuntos que está em cima da mesa.”

E sobre as principais reivindicações dos Sargentos, o presidente da assembleia-geral da ANS aponta, o sistema remuneratório, para os militares no ativo ou higiene e segurança no trabalho. Para os sargentos na reserva e reforma os problemas poderão ser questões ligadas à assistência na saúde, porque existem muito poucos protocolos, fora as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Depois há outras questões como as regras de cálculo na reforma. Mas transversal a todos é o sistema retributivo.

Luis Bugalhão

Luís Bugalhão disse que no caderno de reivindicações têm quatro grandes grupos: a formação, “que não é reconhecida aos sargentos e que queremos que venha a ser”; a área da legislação militar, que tem o estatuto dos militares das Forças Armadas até ao regulamento de avaliação de mérito; a assistência na saúde que é “escandalosa que é podermos ser processados disciplinarmente por não termos a nossa saúde em condições, mas depois obrigam-nos a pagar para satisfazer esses requisitos; depois temos a assistência social complementar que “estamos paulatinamente a ver que se está a degradar mais.”

Já sobre os pedidos de apoio dos sargentos à Associação, Luís Bugalhão, confirma que são cada vez mais. “Tem sido um constante, desde problemas com alojamentos, falta de água quente, problemas de camaradas que querem sair e pedem indemnizações”, explicou referindo que este apoio da ANS é também feito ao nível de tribunais.

Os 120 sargentos, dos vários ramos das Forças Armadas ouviram a declaração da associação que os representa, conviveram e no final houve parabéns e bolo de aniversário para evocar mais um ano do Dia Nacional dos Sargentos. 

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