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Reportagem: Seca em janeiro começa a preocupar (C/Fotos e Áudio)

2/02/2022 às 14:37
Créditos Fotos: Hélio Madeiras

Estamos no início do ano, a entrar em fevereiro, e de norte a sul do país fala-se em situação de seca, sendo que há regiões de Portugal em seca severa e quase todo o país está, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em seca fraca. A ausência de chuva nos níveis considerados habituais ou normais no inverso estão a causar muita preocupação.

Se no Alentejo a agricultura e pecuária começam a ter problemas sérios, pela nossa região as albufeiras, Castelo de Bode e Montargil, estão com os níveis muito baixos para a época do ano.

No Castelo de Bode, os indicadores apontam a albufeira a 59,1% da sua capacidade, mas as autoridades começam a ter algumas preocupações. Naturais ou desproporcionadas, depende sempre do ponto de vista. O que é certo é que as imagens que vão correndo os olhos de quem passa pelos braços das albufeira e vê os vales que, normalmente, estariam com muita água completamente secos pode assustar. E este esvaziamento do Castelo do Bode começa a deixar a nu as construções que o enchimento da albufeira tapou. Antigas azenhas ou lagares. Palheiros. Poços. Apenas ficam a descoberto as construções em pedra.

E é nestes locais, como por exemplo Matagosa, concelho de Abrantes, ou o braço que fica a jusante do Penedo Furado (Vila de Rei) são exemplos disso mesmo. São as Zonas com menor declivem, as encostas mais afastadas da linha principal da Albufeira que são as primeiras a “mostrar” a diminuição das cotas de água.

Albufeira Castelo de Bode, zona de Matagosa 25 janeiro 2022

E é nestas localidades que os habitantes, ou familiares de quem ali habita, que dizem que não vêm a albufeira com tão pouca água, nesta época do ano. Pode ser habitual no final do verão haver estes níveis, mas a chuva de inverno faz o equilíbrio, o que não aconteceu este ano.

E as pergunta sucedem-se sobre o que faz com que a albufeira tenha este nível, pouco habitual. E na “voz do povo” há várias explicações. Obras na barragem. Produção de eletricidade. Má gestão dos caudais afluentes. Falta de Chuva.

O certo é que, mesmo sem alarmismos, a situação começa a preocupar os responsáveis.

Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, disse ao Jornal de Abrantes que há muitos anos, até porque foi responsável pela pasta do ambiente, que vem a falar da importância da água. O autarca referiu que os caudais no rio Tejo têm sido muito falados, mas hoje (final de janeiro) com os baixos caudais no Castelo de Bode ou pelo abaixamento grande dos níveis de água na albufeira este passou a ser um tema e uma preocupação para os autarcas do Médio Tejo.

Valamatos lembrou que esta albufeira é de vital importância para o país, não apenas para a região, porque a grande Lisboa vem abastecer-se na água de consumo público aqui.

O autarca diz que já alertou as entidades competentes pelo que “espera que consigamos manter níveis de água para não afetar o abastecimento público”. E defende ainda que devem ser tomadas medidas preventivas, nomeadamente ao nível da gestão da albufeira, nomeadamente nos processos de produção de energia.

 

Manuel Jorge Valamatos

Empresários de turismo do Castelo de Bode preocupados

Estamos à entrada de fevereiro, época baixa para o turismo de águas interiores, como é o caso de toda a bacia do Castelo de Bode. Mas estes níveis de água, em janeiro, muito abaixo dos valores médios para esta época do ano preocupam os empresários.

E o Castelo de Bode tem tido nos últimos anos um crescimento exponencial nesta área, quer seja no alojamento, nos desportos náuticos, nas praias fluviais ou em modalidades de aventura.

Jorge Rodrigues, presidente da Associação dos Empresários do Turismo do Castelo de Bode, que representa cerca de 30 empresários, manifesta alguma apreensão pelo que está à vista de todos. Há preocupações dos empresários dos empresários ligados aos desportos náuticos e, por exemplo, os cablepark’s para prática do wakeboard, podem, com estes níveis de água, não funcionar. O dirigente revelou ao Jornal de Abrantes que já enviaram pedidos de esclarecimento a diversas entidades, uma vez que os níveis são muito baixos. “Em 40 anos que ando pelo Castelo de Bode e nunca vi a albufeira assim, em janeiro”, revelou Jorge Rodrigues, que espera da parte das entidades responsáveis atenção para uma situação que pode agravar-se mais, se não chover.

 

Jorge Rodrigues

Imagem de Arquivo. Hoje o cable parl de Fernandaires está a seco

Cláudio Reis é sócio da empresa que explora a praia fluvial de Fontes, no concelho de Abrantes. Neste momento diz que a situação ainda não é preocupante, no seu caso. O empresário diz, no entanto, que os níveis são mais baixos e que as imagens são mais “chocantes” nos limites da albufeira, como por exemplo Matagosa.

No entanto acrescenta que no caso da praia fluvial de Fontes a situação assim torna as margens muito inclinadas, mas revela que a barragem muito cheia também limita o normal funcionamento da sua concessão.

Imagem de Arquivo

Dizendo que não acha a situação grave, para já, questiona a gestão dos níveis da água. “Isto baixou em quatro semanas, de uma forma que não entendemos”, disse Cláudio Reis, que acrescenta a necessidade de haver uma maior informação de quem gere os caudais ou os níveis da água. E, em tom crítico, vincou que as câmaras deveriam ser informadas sobre anomalias que se verifiquem.

É que ouve-se dizer tanta coisa que se fica sem saber os motivos desta cota da barragem.

 

Cláudio Reis

O Jornal de Abrantes enviou um conjunto de perguntas à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que até à hora de fecho desta edição não tinham resposta.

A que nível está, nesta altura o armazenamento do Castelo de Bode? A APA está a monitorizar esta (e outras) albufeiras do país? De que forma? A situação, nesta altura, é preocupante? Que medidas podem ser equacionadas nos próximos tempos se continuarmos sem chuva?

Nesta altura e no que diz respeito ás previsões meteorológicas de médio prazo não há chuva. Na próxima semana podem aparecer uns chuviscos, mas nada que venha a influenciar os níveis das barragens e albufeiras de Portugal.

 2021/2022

22 Fevereiro 2021 

25 janeiro 2022

Seca preocupa agricultores

A Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) está a monitorizar os efeitos da seca nos aproveitamentos hidroagrícolas e a acionar os planos de contingência nas zonas mais afetadas. A seca moderada que afeta o país “é preocupante”, disse à Lusa o diretor-geral de Agricultura, Rogério Ferreira, assegurando que a DGADR está “a acompanhar atentamente a situação e a monitorizar os aproveitamentos hidroagrícolas” sob tutela direta deste organismo e “a acionar os planos de contingência”.

Os “pontos mais críticos” e sob “maior pressão” são, nesta altura, as zonas de Odemira, no Alentejo Litoral, e do Algarve, onde vai ser acionado o plano de contingência para atender “à tendência do aumento do consumo deste bem essencial [a água]” nas atividades afetas à agricultura.
A seca e o baixo nível de armazenamento de água nas barragens portuguesas preocupam as organizações de agricultores que alertam para o perigo de, se não chover até fevereiro, ficarem em risco culturas de Norte a Sul do país.

Alentejo, Algarve e Nordeste Transmontano são, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), as regiões mais afetadas pela situação de seca moderada que o país atravessa e “se, entre o final de janeiro e fevereiro, não houver precipitação, poderá agravar-se imenso", segundo a climatologista Vanda Cabrinha.
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertou que, face à seca, toda a atividade de inverno está comprometida, destacando que a pecuária está a entrar em situação de “gravidade extrema”, pedindo a intervenção do Governo.

Segundo Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da CAP, a seca começou por afetar a região Sul, mas, neste momento, já afeta praticamente todo o território.

Luís Damas, presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação, explicou que a seca já está a afetar as culturas de inverno e pastagens que precisam de alguma água. O dirigente acrescentou que se não chover, para alimentar os reservatórios de água, quer sejam superficiais ou freáticos, antevê um ano muito difícil.

O presidente da Associação de Agricultores fala já em prejuízos para as culturas de inverno e uma grande preocupação para a primavera / verão.

Nesta altura Luís Damas espera que haja uma gestão equilibrada no rio Tejo, o que não tem acontecido nos últimos anos. “As alterações climáticas estão aí à vista. Dezembro, janeiro e fevereiro era a época das chuvas."

Para esta região, de Abrantes, Luís Damas revelou que o açude de Abrantes, a funcionar a cem por cento poderia funcionar como reservatório para as culturas de aluvião. “Nunca falei disto a ninguém, mas se calhar deveria pensar-se no açude como solução de represa de água para fazer face a anos mais secos.”

Luís Damas 

O certo é que, nesta altura, todos pedem o mesmo. Chuva. Para regar os campos, as pastagens e para abastecer os reservatórios de água.

Luís Damas, acrescenta ainda um outro problema que poderemos ter daqui a dois ou três meses (e já que começou a notar-se no norte do país) que são os incêndios florestais. É por isso que a chuva era tão necessária para fazer o equilíbrio necessário á agricultura, á pecuária, á natureza e, claro, ao consumo humano.

Governo restringe produção de eletricidade no Cabril e Castelo de Bode

O Governo restringiu o uso de várias barragens para produção de eletricidade e para rega agrícola devido à seca em Portugal continental, revelou o ministro do Ambiente e Ação Climática.

Em conferência de imprensa conjunta com a ministra da Agricultura após uma reunião da comissão de acompanhamento da seca, João Pedro Matos Fernandes afirmou que, de acordo com as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, há “80% de probabilidade” de 2022 ser um ano seco.

Desta forma João Matos Fernandes revelou que as barragens Alto Lindoso e Touvedo, no distrito de Viana do Castelo, Cabril (Castelo Branco) e Castelo de Bode (Santarém) vão ter limitações de produção de eletricidade a apenas 2 horas por semana.

 

João Matos Fernandes

João Matos Fernandes revelou que para já não vai haver limitações ás regas, mas deixa já o apelo para o uso consciente da água nas regas, nos espaços públicos e no consumo humano.

 

João Matos Fernandes

Para fevereiro não há expectativa de que chova o suficiente para inverter a situação de seca meteorológica, mas março ou abril poderão trazer alguma mudança disse ainda o ministro.

Também a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, afirmou que o Governo já contactou a Comissão Europeia para fazer “um reforço e simplificação dos adiantamentos” de apoios aos agricultores para fazerem face à situação.

As culturas de inverno e pastagens foram lançadas, mas a falta de chuva perturbou-as, exigindo aos agricultores “custos acrescidos” para as manter viáveis, indicou.

E se for mesmo um ano de seca todos os apoios terão de ser avaliados, de forma regular

Maria Céu Antunes

No Algarve a água da barragem de Bravura, concelho de Lagos , deixou de poder ser usada para rega.

 

Reportagem: Jerónimo Belo Jorge

Fotos da Albufeira do Castelo de Bode: Hélio Madeiras

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