Está aí mais uma eleição para árvore do ano e a oliveira do Mouchão, em Mouriscas, voltou a ser inscrita.
O formato é simples. Há um período em que os cidadãos ou instituições podem apresentar árvores a concurso junto da UNAC (União da Floresta Mediterrânica). Foi o que fez este ano Inês Maria Dias Roseiro.
A UNAC habilita a árvore portuguesa vencedora a concorrer à votação de Árvore Europeia do Ano. Foi em 2018 que aderiu pela primeira vez à iniciativa como organizador nacional.
Após a contagem dos votos, feitos através do site portugal.treeoftheyear.eu/Vote a vencedora vai participar no concurso europeu.
O Concurso Árvore Europeia do Ano (European Tree of the Year) faz parte da
família dos concursos Árvore do Ano em todo o continente - todos eles
interligados pelo mesmo objetivo: destacar a importância das árvores antigas na herança cultural e natural.
Ao contrário de outros concursos, a "Árvore Europeia do Ano não se foca apenas na beleza, no tamanho ou na idade da árvore, mas também na sua história e conexão com as pessoas."
E para votar é simples. Basta entrar no site onde encontra as árvores a concurso, com imagem e uma pequena ficha explicativa que a apresente, votar em duas. Mas atenção, que ao votar tem de confirmar o voto no email que, automaticamente, vai receber na caixa de correio. Ou seja, não basta apenas votar. Tem de fazer a confirmação senão o seu voto não conta.
Neste domingo, cerca das 12 horas, em primeiro lugar seguia a Figueira dos Amores (Coimbra) com 1122 votos e logo depois, em segundo, a Oliveira do Mouchão, Abrantes, com 1067. De acordo com regulamento os votos ficam secretos a partir do dia 7 de dezembro e as votações fecham no dia 11 de dezembro às 16h59.
O vencedor, indica a UNAC, será anunciado no dia 17 de dezembro
A ficha da Oliveira do Mouchão, no concurso, apresenta-a como Oliveira (Olea europaea L.). com 3.350 anos, com 8 metros de altura e um tronco com perímetro de 11 metros.
O monumento vivo encontra-se em Cascalhos, freguesia de Mouriscas e concelho de Abrantes (GPS: 39.473219, -8.080947).
Vencedores Anteriores
2024 Camélia-japoneira, Guimarães
Eucalipto de Contige, Sátão
Sobreira Grande, Vale Pereiro
Uma árvore com História, mais de 3.350 anos. Em 2019 o historiador Joaquim Candeias Silva contou, ao Jornal de Abrantes, os factos conhecidos antes do início do reinado de D. Afonso Henriques, no sentido de percebermos que antes de 1.143 a Oliveira do Mouchão tem muita história dentro dela.
Se no Egipto florescia a civilização dos faraós por cá, segundo o historiador Joaquim Candeias Silva “os povos ou tribos dessa altura, talvez fossem já indo-europeus, que, a dada altura (Bronze Final-II), começaram a receber contactos com povos do Mar (Fenícios...)”.
Este zambujeiro viveu ao longo de décadas, centenas de anos e milénios e se pudesse falar teria muitas histórias para contar. E poderia mesmo contar um pouco da história desde território antes do reino de Portugal, ou até antes dos romanos.
Joaquim Candeias Silva fez ao Jornal de Abrantes uma resenha histórica da vida antes do reino de Portugal: “Com a entrada no séc.VI, vieram povos celtas, portadores da metalurgia do ferro (Idade do Ferro-I), subdivididos em várias tribos. Mesclados com eles, vamos então encontrar neste território os Lusitanos, que no século III-II a.C sofrem a concorrência de Gregos e Cartagineses (estes descendentes do povo fenício); mas serão os Romanos que acabarão por submeter os que cá viviam, entre o séc.I a.C e o I d.C. Os lusitano-romanos viveram pacificamente até +- ao séc.IV, mas a partir do início do V a crise do Império é já profunda e chegam os chamados povos Bárbaros (Alanos, Vândalos...), sendo os Suevos, e depois os Visigodos, aqueles que acabaram por se impor. Com a chegada dos Muçulmanos ou Mouros, em 711, quase toda a Península passa a ser dominada por estes, durando a ocupação até à conquista afonsina (c.1150)”.