Os Pearl Jam renovaram no sábado no festival Alive, em Oeiras, os votos com o público português, de uma relação que começou há 22 anos em Cascais, como o vocalista, Eddie Vedder, fez questão de lembrar.
No terceiro e último dia da 12.ª edição do festival, os Pearl Jam eram a banda mais aguardada e a que mais público juntou em frente ao palco principal.
Com os Pearl Jam não há concertos iguais. O alinhamento foi feito a pensar numa relação que começou em 1996 no extinto Pavilhão Dramático de Cascais onde tocaram, tal como hoje, “Even Flow”, como recordou Eddie Vedder.
Desses tempos, a banda tocou temas como “Black”, “Jeremy” e “Alive”, que se julgava ser o tema de fecho do concerto, mas a banda preparou um ‘encore’ no qual invocou John Lennon, com “Imagine”, os Pink Floyd, com “Confortably Numb”, e Neil Young, com “Rockin’ in a free world”, que contou com a participação de Jack White.
Ao longo das cerca de duas horas de espetáculo, Eddie Vedder levou para o palco a vertente de ativista, afirmando que caberá às gerações futuras “tomar conta desta merda”. “Eles [numa clara referência a líderes como o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump] um dia vão embora, mas é preciso apressar isso”, disse.
Eddie Vedder, 52 anos, um dos últimos sobreviventes entre os vocalistas fundadores do movimento ‘grunge’ de Seattle, apelou ao respeito pelas diferenças, pelos direitos das mulheres e pela preservação do meio ambiente.
No terceiro concerto no NOS Alive, Eddie Vedder dirigiu-se várias vezes ao público em português, a quem brindou e de quem se despediu, com um cachecol da seleção portuguesa de futebol ao pescoço, com um “até à próxima”.
O público pediu mais, mas a seguir entrariam em palco, já pelas 02:00 de hoje, os MGMT.
Os Pearl Jam foram a razão de ser da enchente do terceiro e último dia do festival – durante a tarde milhares de pessoas circulavam com roupa alusiva à banda -, mas as outras bandas que passaram pelo mesmo palco capitalizaram o público que não arredou pé.
Foram os casos dos escoceses Franz Ferdinand, dos Alice in Chains e do norte-americano Jack White, que revisitou a música a solo e de alguns dos projetos em que se envolveu, dos White Stripes a The Racounters.
Noutros solos, noutros palcos, Marta Pereira da Costa fez soar a guitarra portuguesa no exíguo palco que recria uma casa de fados e houve mesmo quem tivesse gritado “ah fadista! Ah leoa!” à guitarrista.
Momentos depois, foi Jorge Palma que ocupou aquele espaço, ao piano e à guitarra, para dois concertos. A sala estava tão cheia que os elogios, a canções como “Bairro do Amor”, vinham também de quem estava do lado de fora: “Ah ‘ganda’ Palma, canta para aqui!”, ouviu a Lusa.
Ao longo da tarde e início de noite, a circulação no recinto já se tornava difícil, com as esperadas 55 mil pessoas e filas para quase tudo, mas houve bandas cujas atuações foram perdendo espetadores para o palco principal, como aconteceu com Real Estate e Mallu Magalhães.
Depois dos Pearl Jam, a música no terceiro e último dia do festival Nos Alive ainda prosseguiu com nomes como, além de MGMT, At The Drive In, The Gift ou Xinobi.
O festival NOS Alive regressa em 2019 ao Passeio Marítimo de Algés, de 11 a 13 de julho.
No sábado, a promotora Everything is New e a câmara municipal de Oeiras anunciaram um novo protocolo por cinco anos para fazer o festival e para “criar melhores condições de mobilidade, de acessibilidade, de segurança” no recinto.