O dia de ontem foi apelidado de “histórico” pelo presidente da Câmara de Abrantes. É que após mais de 20 anos, foi finalmente levado a reunião a proposta de deliberação relativa à empreitada de remodelação e ampliação do Pavilhão E9 e do Edifício E8 no Tagusvalley. Ou seja, a empreitada com vista à obra da nova Escola Superior de Educação de Abrantes e respetiva cantina e refeitório.
A Câmara Municipal de Abrantes aprovou esta terça-feira, dia 21 de janeiro, o lançamento do concurso da empreitada para a construção da nova Escola Superior de Tecnologia (ESTA), um objetivo com 25 anos e que representa um investimento de 6,5 milhões de euros.
“Hoje é um dia muito importante (…) temos vindo ao longo do mandato a lançar obras (…) para avançarmos, para crescermos, para aumentarmos a nossa dinâmica económica e social, e a Escola Superior de Tecnologia de Abrantes [ESTA] desempenha um papel muito importante no concelho, na região, e está no edifício onde está, há 25 anos, de forma precária”, disse à Lusa o presidente o município após a aprovação do lançamento do concurso, em reunião de executivo.
Manuel Jorge Valamatos lembrou que “há 25 anos que era prometido uma nova escola, novas instalações, contemporâneas, capazes de captar alunos, de mobilizar a comunidade educativa, nomeadamente mobilizar e motivar os professores, assistentes técnicos, operacionais, os não docentes, mas também envolver a comunidade estudantil”, declarou, relativamente a um projeto que vai contar com o apoio de fundos comunitários, no âmbito do Fundo de Transição Justa (FTJ).
A autoridade gestora do Programa Regional do Centro (Centro2030) anunciou em junho passado que iria submeter à Comissão Europeia (CE) a candidatura à criação da futura ESTA, no âmbito do FTJ e das compensações económicas e sociais decorrentes do encerramento, em 2021, da central a carvão no Pego, em Abrantes, tendo o percurso feito para aprovação do investimento sido lembrado pelo autarca.
“Fiz dezenas, para não dizer centenas de reuniões com o Politécnico [de Tomar], com a Escola Superior de Tecnologia, com alunos, com professoras, fiz reuniões com a CCDR Centro, que é a entidade que faz a gestão dos fundos comunitários, com muitos agentes europeus para conseguir encontrar o financiamento para esta grande intervenção, de 7 ME, onde temos aqui uma aprovação [apoio], através do Fundo de Transição Justa, de 6 ME”, destacou.
O concurso público da empreitada de construção da nova ESTA, a instalar no Tagusvalley - Parque de Ciência e Tecnologia de Abrantes, tem um prazo de execução de 1.020 dias e apresenta um preço base de 6,5 ME, a que acresce o IVA, investimento que será suportado em 85% por verbas do FTJ, cabendo ao município assumir os restantes 15%.
“Nós estamos a viver um momento que não tem nada a ver com eleições autárquicas, tem a ver com o facto de que estamos a viver, particularmente em Abrantes, três programas de financiamento, o PRR para um lado, o Portugal 2030 e o Fundo de Transição Justa”, salientou o autarca.
“Estamos aqui a aplicar uma parte do FTJ neste grande investimento que é a Escola Superior de Tecnologia, querendo, obviamente, para além do apoio às empresas, que o FTJ se possa fixar o máximo em Abrantes em questões quer da mobilidade, quer das questões que se vão relacionar com as Zonas Livres Tecnológicas que estamos a criar, e queremos, de facto, que o FTJ tenha impacto na nossa comunidade, porque também foi aqui o epicentro do encerramento da central a carvão” no Pego, declarou.
Sublinhando que a ESTA está há 25 anos em Abrantes, em instalações provisórias, Valamatos disse que o objetivo é “iniciar as obras o mais rápido possível para cumprir os ‘timings’ que a Europa coloca sobre a gestão do FTJ”.
A proposta visa agregar todas as valências da ESTA, que atualmente se encontram dispersas em vários edifícios no centro da cidade e no Parque de Ciência e Tecnologia de Abrantes, e "dotar a sub-região do Médio Tejo de instalações adequadas e cursos superiores”.
O presidente da Câmara lembrou que “o encerramento da central a carvão deixou um rasto de perda significativa na economia” local e regional, que estimou em “muitos milhões de euros”, tendo defendido que “uma das formas de mitigar os prejuízos para toda a região será, seguramente, através do ensino superior, da capacitação de pessoas, do conhecimento, da ciência e da tecnologia”.
Já no que diz respeito à oferta educativa da ESTA, Manuel Jorge Valamatos anunciou que foi aprovado um novo Mestrado em Cinema e Documentário e uma nova licenciatura em Cinema e Media Digitais.
C/ Lusa