O músico português Júlio Pereira editou esta sexta feira 22 de Setembro um novo álbum, "Praça do Comércio", feito de várias parcerias e com dois protagonistas: o cavaquinho e a braguinha.
"Praça do Comércio" é composto por temas originais, aos quais Júlio Pereira juntou uma versão de "Índios da Meia-Praia", de José Afonso.
No álbum, Júlio Pereira toca viola braguesa, viola, sintetizador, bouzouki e bandolim, mas sobressaem sobretudo o cavaquinho - que ajudou a definir a carreira do autor - e a braguinha, um instrumento madeirense de cordas, parente daquele, e que o músico gravou pela primeira vez.
Para o álbum, convocou vários convidados, como António Zambujo, Pedro Jóia, Luanda Cozetti, Olga Cerpa, Luís Peixoto, José Manuel Neto, Cheny Wa Gunne e James Hill, o tocador canadiano de ukulele - outro parente do cavaquinho - com quem Júlio Pereira atuou no ano passado nos Estados Unidos.
Com capa e desenhos de Carlos Zíngaro, a edição em CD de "Praça do Comércio" conta com uma introdução do musicólogo Rui Vieira Nery e dois textos explicativos sobre a história do cavaquinho e da braguinha, de Nuno Cristo e Manuel Morais, profusamente ilustrados com várias fotografias.
Júlio Pereira incluiu ainda um guia de acordes e partituras para todos os que quiserem tocar as músicas do álbum.
"Os viras, chulas, fados e modas de que nos apercebemos, ainda que sempre transformados e reprocessados sem qualquer intuito de 'autenticidade' folclórica, cruzam-se com ecos mais ou menos remotos de jigas celtas, de choros cariocas, de mornas e coladeiras cabo-verdianas, de folksongs anglo-americanas, de bluegrass dos Apalaches, de ritmos de Dixieland ou de danças mediterrânicas", lê-se no texto de Rui Vieira Nery.
"Praça do Comércio", uma edição da Tradisom, é o 22.º álbum de Júlio Pereira e surge três anos depois de "Cavaquinho.pt".
Júlio Pereira intensificou nos últimos anos o trabalho de dedicação ao cavaquinho, depois de ter criado a Associação Cultural e Museu Cavaquinho, com a intenção de investigar e inventariar modelos do instrumento, partituras, tocadores, compositores e construtores em todo o mundo.
É um projeto de cartografar a identidade de um pequeno instrumento de cordas, popular, de tradição minhota e que deu a volta ao mundo ao longo dos séculos, deixando frutos no Brasil, em Cabo Verde, no Havai e na Indonésia.
A Associação Museu Cavaquinho tem o alto patrocínio da Presidência da República.
Lusa