Sem eles, a música portuguesa não seria a mesma. Com eles, a música portuguesa cresceu. Porque foi capaz de olhar para dentro, compreender a riqueza da sua herança cultural e seguir em frente. Numa altura em que se prepara um novo ciclo na vida de DIABO NA CRUZ, é tempo de olhar para o que foi feito até agora.
Nesta caixa cabe a discografia essencial de uma das bandas mais essenciais da música portuguesa contemporânea. Discos há muito esgotados e procurados voltam a ver a luz do dia numa edição que agrupa os três álbuns de estúdio – Virou! (2009), Roque Popular (2012) e Diabo na Cruz (2014) – mais o EP Combate (2010).
São três discos de personalidade vincada, que demonstram uma paixão pelo território, pela cultura e pelo sabor da língua portuguesa. Beberam de referências anglo-saxónicas, quiseram provocar ideias saloias, procuraram os prazeres proibidos da pop e encontraram a alegria num país condenado a tristes fados. Erguida nos ombros do legado da música portuguesa, esta é música do século XXI capaz de dizer algo de novo sobre as pessoas que o povoam, com o dom de digerir o mundo através do corpo de uma canção.
Os DIABO NA CRUZ transpiram música, fazem dela o que querem e com isso mudaram o mundo. Ou pelo menos o mundo dos muitos que com eles cantam, dançam e frutificam as suas canções. Concerto a concerto, canção a canção, estão hoje num lugar que só a eles pertence, livres para ser o que quiserem.
Biografia
Em 2008, a música portuguesa estava ainda a aprender a gostar de si própria. Uma nova geração de músicos com afinidades musicais e referências comuns começara a concentrar-se em Lisboa. Recém-chegado à capital, Jorge Cruz encontrou na família FlorCaveira o estímulo para voltar a explorar a ideia de um rock (em) português enraizado no legado musical de Portugal. Cruzou-se com Bernardo Barata (baixo) e João Pinheiro (bateria), com quem formou um trio, a que se juntou B Fachada (viola braguesa) e João Gil (teclados).
O álbum de estreia Virou! derrubou barreiras e foi considerado um marco pela forma como fundia música tradicional com rock contemporâneo. Instrumentos eléctricos evocavam melodias resgatadas da memória da tradição, convidando a música moderna portuguesa a encontrar-se com a sua raiz. Sempre a trabalhar de forma independente, o grupo foi consolidando um percurso ao vivo muito marcado na sua identidade, com uma presença forte no circuito de concertos que lhes garantiu uma falange de fãs fiéis.
Após três anos na estrada, foi tempo de mudança – B Fachada saiu, Manuel Pinheiro (percussões, electrónica) e Sérgio Pires (viola braguesa) entraram e cimentaram a formação actual de DIABO NA CRUZ. Em 2012, o álbum Roque Popular espelhava o momento que Portugal vivia. O resultado foi um disco mais denso, mais tenso e mais intenso. Com um travo de amargura, mas com pólvora suficiente para explodir em qualquer festival, romaria ou arraial. São duas mãos cheias de canções que se transformaram em hinos.
O terceiro álbum, o homónimo Diabo na Cruz (2014), trouxe um apetite mais omnívoro e experimental ao modo como a banda trabalha a memória colectiva da musicalidade portuguesa. Histórias de amor, ambição e esperança de quem vive em Portugal traduziram-se em canções mais abertas e universais.
Durante dois anos, o disco cresceu em espectáculos por todo o país – do Minho ao Algarve até às ilhas. Pelo meio, o prémio “Melhor Actuação ao Vivo” nos Portugal Festival Awards coroou uma festa única no panorama musical nacional. Uma banda que faz grandes concertos a partir de grandes canções espalhadas por três grandes discos que marcaram e celebraram a cultura portuguesa. Isto é DIABO NA CRUZ, até agora. E até já.
DIABO NA CRUZ – ATÉ AGORA
Virou! (2009)
Combate EP (2010)
Roque Popular (2012)
Diabo na Cruz (2014)
Sony Music Portugal