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Dias do Desassossego abrem com João Afonso a cantar poetas de língua portuguesa

14/11/2019 às 00:00

Um concerto de João Afonso a cantar poetas de língua portuguesa abre no próximo sábado os Dias do Desassossego’19, em Lisboa, num programa que traz como novidades uma conferência internacional sobre livros infantis e a estreia de um documentário.

O programa da iniciativa Dias do Desassossego, que decorre entre os dias 16 e 30 de novembro, que coincidem com a data de nascimento de José Saramago e a da morte de Fernando Pessoa, inclui ainda passeios pela cidade, concertos, uma oficina para os mais novos, leitura de poemas e prosa, e conversas, anunciou a Casa Fernando Pessoa.

A iniciativa é organizada pela Casa Fernando Pessoa e pela Fundação José Saramago e é em torno destas duas casas que anualmente se organizam atividades dedicadas à literatura e aos livros à volta dos dois escritores, mas por a Casa Fernando Pessoa estar encerrada para obras de remodelação, este ano os Dias do Desassossego acontecem na Fundação e em vários lugares e ruas de Lisboa.

Logo na abertura, João Afonso canta poetas de língua portuguesa, na Fundação José Saramago, celebrando o aniversário do escritor, num concerto que dá voz e música à poesia de poetas como Fernando Pessoa, José Afonso, Camilo Pessanha, Mia Couto e José Eduardo Agualusa, com as guitarras e a colaboração vocal de Miguel Fevereiro e António Pinto.

No dia 19, a Fundação Calouste Gulbenkian recebe a conferência internacional “Cada história conta”, sobre inclusão e livros para crianças e jovens, organizada pelo Acesso Cultura, na qual profissionais do livro, leitores e educadores são convidados a debater a importância de cada história na vida de todos.

Dois dias depois, o professor e investigador Pedro Eiras, autor de “Cartas reencontradas de Fernando Pessoa a Mário de Sá-Carneiro”, vai falar sobre Mário de Sá-Carneiro, “poeta na biblioteca particular de Fernando Pessoa”, tendo por base a relação e interesse que os dois poetas tinham na obra um do outro, e na sua troca de cartas e textos.

No dia 22 de novembro, Susana Moreira Marques e os dois convidados António Pinto Ribeiro e Margarida Vale do Gato conversam sobre “leitores feitos de livros”, contando quais foram os livros que os formaram enquanto leitores, aqueles que sempre os acompanharam e aqueles a que sempre voltam.

“O que será” é uma oficina para crianças a partir dos seis anos, que decorre na manhã de dia 23, no Museu do Aljube, onde a ilustradora Ana Biscaia vai responder de lápis e pincéis nas mãos, com as crianças por perto, às questões: “O que é uma ilustração?”, “Pode ser música? Pode ter heróis? Princesas? Reis? Juízes?”.

“A oficina de ilustração é um espaço de experimentação plástica, é também um espaço de invenção, a partir do conceito de assemblage e construção”, revela Ana Biscaia, acrescentando que, a partir de uma música de Chico Buarque, vão contar uma história fazendo uso de vários materiais em três dimensões.

No mesmo dia à tarde, decorre na Fundação José Saramago a sessão de escuta do documentário sonoro “Puzzle de fronteiras”, de André Cunha e Laura Romero, que é uma viagem sonora através de múltiplas fronteiras em redor da Catalunha e das suas várias raias, depois dos acontecimentos do outono de 2017.

Reportagem documental, criação sonora, quase-ensaio: um caleidoscópio multilingue para dar voz a algumas das personagens que compõem este território ibérico e europeu, num momento talvez tão impossível de definir como a própria palavra “fronteira”. Como se fôssemos ao cinema, escutamos este filme radiofónico estreado no início de 2019 no Longueur d’ondes, um dos maiores festivais de rádio do mundo, revela a Casa Fernando Pessoa.

À noite, ainda na Fundação José Saramago, o concerto “A biblioteca dos músicos” convida quem cria a levar a estante de casa para a estante de palco, mostrando como o que leu pode estar no que se faz ouvir.

Rita Maria, na voz, Mário Franco, no contrabaixo e baixo elétrico, e Luís Figueiredo, no piano, teclados e percussão, apresentam este concerto, com dois temas inéditos: um sobre Saramago e outro motivado por Pessoa.

No dia 24 de novembro, o cineasta João Botelho – que já traduziu em imagens textos de Fernando Pessoa/Bernardo Soares e José Saramago - conduz um passeio, com partida do Jardim do Príncipe Real, pelos locais que associa a estes dois escritores que viveram e circularam na cidade de Lisboa.

O realizador de "Conversa Acabada", sobre a amizade de Pessoa e Mário de Sá Carneiro, e "Filme do Desassossego", sobre Bernardo Soares, rodou este ano "O Ano da Morte de Ricardo Reis", a partir do romance homónimo de Saramago, que se encontra em fase de pós-produção.

Na Biblioteca Palácio Galveias, as atrizes Cristina Carvalhal, Nádia Iracema e Sara Carinhas vão ler textos de Maria Velho da Costa, numa iniciativa com o título-provocação “Meninas Exemplares”, retirado da obra “Casas Pardas”.

O último dia dos Dias do Desassossego fica marcado pelo percurso “Quando vejo esta Lisboa”, que parte do Largo de São Carlos, em que a equipa educativa da Casa Fernando Pessoa percorre várias ruas da Baixa e do Chiado, mostrando as lojas, as casas, os cafés e outro lugares que fizeram parte do quotidiano de Pessoa.

A encerrar o programa, a Igreja de Santa Isabel vai acolher uma sessão de leituras de poesia contemporânea em diálogo com Fernando Pessoa, intitulada “Pessoa Ressoa”.

A leitura dos poemas, selecionados por Joana Matos Frias, caberá aos atores Ivo Canelas e Luísa Cruz, acompanhados pelo acordeão de João Barradas.

(Lusa)

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