A cantora norte-americana Madonna levou o conflito israelo-palestiniano para o palco da final do 64.º Festival Eurovisão da Canção, este sábado em Telavive, terminando a atuação com a expressão “Wake Up” (Acordem, em português) projetada em ecrãs.
Madonna subiu ao palco da final do concurso depois da atuação dos 26 concorrentes. A cantora recebeu vários apelos para boicotar o concurso, mas acabou por aproveitar a atuação para tomar uma posição, terminando-a com dois bailarinos que usavam bandeiras de Israel e da Palestina nas costas a caminharem abraçados.
Hoje, em Telavive, Madonna interpretou “Like a Prayer”, um dos seus maiores sucessos, de 1989, e, em estreia, “Future”, com o ‘rapper’ norte-americano Quavo.
“Future” é um dos temas que integra o novo álbum da cantora, “Madame X”, que será editado a 14 de junho e foi gravado ao longo dos últimos 18 meses em Portugal, Londres, Nova Iorque e Los Angeles, e criativamente influenciado por Lisboa, ontem Madonna reside atualmente.
Antes de atuar, Madonna deixou uma mensagem aos 41 concorrentes: “são todos vencedores”. “Acredito nisso, porque chegar aqui não foi fácil”, afirmou.
A ‘rainha da pop’ pediu a todos os que a ouviam que “nunca subestimem o poder da música para juntar as pessoas”, e citou “uma grande canção”, da sua autoria, “Music”, na qual canta “music makes the people come together” [a música faz as pessoas unirem-se, em português].
O movimento de boicote cultural a Israel instou os artistas a boicotarem o concurso, disputado este ano por 41 países, embora só 26 tenham chegado à final. Portugal, representado por Conan Osiris com o tema “Telemóveis”, não passou da primeira semifinal.
Em junho do ano passado, diversas organizações culturais palestinianas apelaram ao boicote ao concurso, sublinhando que "o regime israelita de ocupação militar, colonialismo e ‘apartheid’ está descaradamente a usar a Eurovisão como parte da sua estratégia oficial ‘Brand Israel’, que tenta mostrar ‘a face mais bonita de Israel’ para branquear e desviar a atenção dos seus crimes de guerra contra os palestinianos”.
Em setembro, mais de uma centena de artistas de todo o mundo, incluindo de Portugal, manifestaram apoio a esse apelo.
Já este ano, em janeiro, mais de 60 organizações, a maioria de defesa dos direitos LGBTQIA, de vários países, Portugal incluído, apelaram aos membros daquela comunidade para que boicotem o concurso.
Em abril, o músico Roger Waters, dos Pink Floyd, aconselhou Madonna e todos os concorrentes do 64.º Festival Eurovisão da Canção a lerem a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Na terça-feira, a cantora norte-americana rejeitou os apelos para boicotar a final da Eurovisão, afirmando que “nunca deixará de tocar música para servir a agenda política de alguém”.
A afirmação da cantora, atualmente a residir em Lisboa, foi feita através de um comunicado.
Madonna afirmou na altura que o seu coração “parte-se” de cada vez que ouve falar “nas vidas inocentes que se perdem nesta região” e “na violência que é tantas vezes perpetuada para servir os objetivos políticos de pessoas que beneficiam deste conflito antigo [entre israelitas e palestinianos]”.
A cantora revelava ainda que reza “por um novo caminho até à paz”.
Israel acolheu o Festival Eurovisão da Canção, depois de o ter vencido, pela quarta vez, no ano passado com o tema “Toy”, interpretado por Netta.
Madonna inicia a 12 de setembro em Nova Iorque a digressão “Madame X”, uma “série de concertos intimistas”, que passará ainda nos Estados Unidos da América por Los Angeles, Boston, Filadélfia e Miami. A digressão estará na Europa em 2020, e logo no início do ano no Coliseu de Lisboa, em datas a anunciar.
Lusa