A organização do Festival Andanças anunciou hoje o cancelamento do festival que estava agendado para Castelo de Vide (Portalegre), prometendo que este “não vai acabar” e que regressará com um “formato adaptado” aos desafios emergentes.
Em março, o presidente do município de Castelo de Vide, António Pita, disse à agência Lusa que o festival regressava em agosto às margens da albufeira de Póvoa e Meadas, onde um incêndio, em 2016, destruiu mais de 400 viaturas estacionadas junto ao recinto do certame.
O cancelamento do festival foi agora anunciado através de um comunicado na página de Internet da PédeXumbo - Associação para a Promoção da Música e Dança, que alega que não estão reunidos os “pressupostos necessários” para desenvolver o evento que deveria ocorrer nas margens da albufeira de Póvoa e Meadas, entre os dias 04 e 10 de agosto.
“Este regresso tinha como primordial objetivo assegurar que todos os participantes voltassem a desfrutar de um Andanças com duração de sete dias, pleno de entretenimento, com segurança e conforto. Contudo, apesar de todas as diligências realizadas, é neste momento impossível garantir os pressupostos necessários à realização do que projetámos para esta edição”, lê-se no documento.
A organização do festival, que este ano cumpria a sua 24.ª edição, alega ainda que não existe um espaço alternativo à albufeira de Póvoa e Meadas, situação que torna “inviável” prosseguir com o processo de produção.
“Não existindo atualmente alternativas ao espaço onde estava prevista a realização desta edição, torna-se inviável prosseguir com o processo de produção, não restando outra alternativa à PédeXumbo senão o cancelamento do Festival Andanças 2019”, lê-se no comunicado.
No decorrer deste interregno, os promotores do Festival Andanças prometem desenvolver um novo formato para o festival, adaptado aos desafios que vão enfrentar no futuro.
“Neste interregno iremos projetar um Andanças num formato adaptado aos desafios emergentes, pensado para proporcionar condições que respondam às presentes alterações climáticas e que, assente na sustentabilidade e preservação do meio envolvente, garanta uma experiência plena aos nossos participantes, artistas, voluntários e parceiros”, lê-se no documento.
A PédeXumbo - Associação para a Promoção da Música e Dança informa ainda que todos os participantes que já adquiriram bilhete para o festival estão a ser contactados, no sentido de “articular o imediato ressarcimento” do valor despendido.
O festival regressava este ano às margens da albufeira de Póvoa e Meadas, depois de em 2016 ter ocorrido, a meio da tarde do dia 03 de agosto, a algumas centenas de metros do recinto, um incêndio num dos parques de estacionamento que, em menos de três horas, atingiu total ou parcialmente 458 viaturas.
Em fevereiro de 2017, o Ministério Público (MP) arquivou o inquérito instaurado ao caso, por não ter conseguido apurar as circunstâncias concretas em que o fogo deflagrou.
O advogado Pedro Proença, que representa 70 lesados, interpôs, em julho de 2018, uma ação no Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco contra a PédeXumbo, a Câmara de Castelo de Vide e a seguradora do grupo Crédito Agrícola, exigindo uma indemnização de 831 mil euros.
Contactado hoje pela Lusa, o advogado referiu que o processo está a decorrer, devendo realizar-se o julgamento em setembro ou outubro.
“O processo está a andar e estou convencido que, para setembro ou outubro, teremos julgamento”, disse.
A Lusa tentou contactar o presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide para obter uma reação a esta situação, mas as várias tentativas não tiveram resposta.
Lusa