O fadista João Braga atua hoje no Teatro Municipal S. Luiz, em Lisboa, celebrando 50 anos de carreira.
No âmbito as celebrações do seu cinquentenário artístico, é editado, na próxima sexta-feira o CD “Outrora Agora”, pela Valentim de Carvalho, que inclui fados gravados na década de 1980, como “Aquela Velha Mulher da Mouraria”, “Arraial”, “ Fado Triste, Triste Fado” e “Tributo a Tio Alfredo”, assim como oito temas gravados em julho último.
Entre os fados de “agora” contam-se “Palavras Não Eram Ditas”, “Maria”, “Poesia é Oração”, “Como Quem Não Quer a Coisa”, “Rua dos Correeiros”, “Amor Ausente” e “Senhora Não Vás ao Rio”.
No palco do S. Luiz, além de João Braga, estarão os fadistas Maria da Fé, Katia Guerreiro, Cuca Roseta, Sandra Correia, Francisco Salvação Barreto, Rodrigo Costa Félix e o músico Joel Pina (viola-baixo), que o tem acompanhado durante toda a carreira.
Os fadistas são acompanhados pelos músicos Pedro de Castro e Luís Guerreiro (guitarra portuguesa), Jaime Santos (viola) e Francisco Gaspar (viola-baixo).
“No palco vou ter alguns dos nomes que ajudei a lançar”, disse o fadista à agência Lusa, referindo que este seu interesse surgiu, em finais da década de 1980, a um “desafio” lançado por uma jovem, amiga dos seus filhos que lhe afirmou que “o fado era de velhos”.
Referindo-se ao incentivo que dá aos jovens, João Braga afirmou à agência Lusa: “É das coisas que mais satisfação me dá, porque acho que era alguma coisa que devia ter sido feito antes de eu fazer, e espero que volte a ser feito, pois um género musical como o fado, se não se renova, acaba por desaparecer”.
O fadista começou por cantar outros géneros até que, por volta de 1962, optou pelo fado, quando interpretou “Povo que lavas no rio” (de Pedro Homem de Mello, sobre Fado Vitória, de Joaquim Campos), uma criação de Amália Rodrigues.
Para o fadista, “o fado tornou-se uma canção de moda, o que é péssimo para o fado, pois tudo que entra na moda, sai de moda”, lamentando que hoje muitos fadistas a quem deu visibilidade, que pareçam ter “vergonha de cantar fado”, andando “a cantar coisas que não têm nada com fado".
"No capítulo emocional estão muito mais perto da canção tradicional/popular, do que o fado propriamente dito”, afirmou.
O ano de 1967 marca a sua estreia de João Braga como profissional, tendo editado o disco “É Tão Bom Cantar o Fado”, três outros EP e o álbum “A Minha Cor”.
João Braga, ainda estudante universitário de Direito, além de cantar o fado, foi redator dos jornais O Século Ilustrado e O Volante, tendo feito parte, com o divulgador de jazz Luis Villas-Boas, da equipa fundadora do I Festival Internacional de Jazz de Cascais, em 1971.
Em novembro de 2014, João Braga apresentou, no Teatro S. Luiz, o espetáculo “Saudade Património do Fado”, dez anos depois da última vez em que tinha subido àquele palco lisboeta, em nome próprio.
No final do espetáculo de 2014, recebeu a Medalha de Mérito, grau ouro, da cidade de Lisboa.