O músico português José Cid prometeu ontem continuar a cantar “canções de amor e de ternura”, considerando muito importante que “um país tão pequenino” como Portugal tenha sido lembrando quando lhe foi atribuído o Grammy de Excelência Musical.
“Vou continuar a cantar, a cantar as minhas canções de amor, as minhas canções de ternura, mas também as minhas canções de ódio, contra a segregação racial, contra o racismo, contra a energia nuclear e contra a poluição, a favor das pessoas que mais necessitam, a favor deste planeta”, disse José Cid, após receber o Grammy de Excelência Musical, da Academia Latina de Gravação, numa cerimónia que decorreu em Las Vegas, nos Estados Unidos da América.
O Grammy de Excelência Musical é atribuído “a artistas que fizeram contribuições de significado artístico excecional para a música latina”, de acordo com informação disponível no ‘site’ da Academia.
Numa curta declaração após receber o Grammy de Excelência Musical, José Cid considerou ainda muito importante saber que alguém se lembrou de si, “de um país tão pequenino e tão longe, como é Portugal, mas de um país de encanto”.
Além de José Cid, também Eva Ayllón, Joan Baez, Lupita D'Alessio, Hugo Fattoruso, Pimpinela, Omara Portuondo e José Luis Rodríguez "El Puma" recebem hoje o mesmo galardão.
Em agosto, quando a Academia Latina de Gravação anunciou que José Cid iria receber o prémio, o músico disse à Lusa que esta distinção "é o corolário de muitos anos de trabalho, teimosia e persistência", e lamentou que as grandes editoras não apostem mais em Portugal.
Para José Cid, o reconhecimento internacional surge a par do reconhecimento nacional, que é "tão bom ou melhor" que os galardões além-fronteiras.
“Tenho uma homenagem pública nacional do país inteiro, de norte a sul, há décadas sobre décadas, há cidades em que já fui duas e três vezes e não se cansam, e as pessoas continuam, ao fim de duas horas e meia, a pedir mais e mais, ninguém se quer ir embora. E essa é a maior homenagem que posso ter, é o meu próprio país que ma dá, já com a minha idade, aos 77, porque tenho mantido a voz, a voz está cá toda", disse na altura.
Na página oficial da Academia Latina de Gravação é referido, num pequeno texto dedicado ao músico português, que José Cid “adaptou-se sem esforço a influência da música popular 'anglo' ao estilo original do pop rock português”.
“Em 1956, o surgimento de sua banda cover Os Babies marcou um momento de ‘antes e depois’ para o pop rock em Portugal. O seu próximo grupo, o Quarteto 1111, criou as bases do rock português, com uma forte tonalidade psicadélica e lançamentos inovadores, como o enorme sucesso de 1967 ‘A Lenda De El-Rei D. Sebastião’. Continuando como artista a solo, em 1978 lançou ‘10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte’, considerado uma obra-prima do rock progressivo”, salienta a mensagem da Academia.
O texto acrescenta que José Cid tem “dezenas de sucessos”, continuando a ser “uma grande atração em concertos em Portugal”.
Lusa