A candidatura de Leiria a Cidade Criativa da UNESCO da música assumiu ter apenas "1% de esperança" na designação, apesar de estar entre as quatro finalistas nacionais para integrar a rede, indicadas pela Comissão Nacional daquele organismo.
A coordenadora da candidatura, Celeste Afonso, reconheceu que o entusiasmo "arrefeceu" depois de ter sido comunicado que, em 2019, cada país poderá ter apenas duas cidades escolhidas.
"Tivemos uma surpresa, que veio arrefecer toda a nossa ‘chama'. Em Portugal já há duas cidades criativas na música, Amarante e Idanha-a-Nova. Parece-me difícil que tenhamos uma terceira designada na música, estando o país com lacunas noutras área", declarou.
Segundo Celeste Afonso, Leiria tem agora "1% de esperança" de ser Capital Criativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, em inglês) na área da música, mesmo tendo apresentado uma "candidatura muito boa", fruto de nove meses de trabalho.
"Leiria é uma cidade que se oferece em forma de música", com uma "dinâmica cultural incrível" que resulta de um "ecossistema criativo e muito talento individual", resumiu a coordenadora.
"Leiria é um ‘hub' de inovação e produção musical. É assim que se vê Leiria a nível nacional, como uma referência", onde "muitos projetos inovadores e precursores acontecem", sublinhou Celeste Afonso.
Mas também na tradição se destaca: "É o concelho com mais bandas filarmónicas no país, 11, e quase todas centenárias", acrescentou.
Os principais trunfos de Leiria são, contudo, "os projetos únicos": "Temos projetos diferenciadores e temos de os apresentar para mostrar que merecemos esta distinção", frisou a responsável da candidatura.
A este propósito lembrou festivais como o Entremuralhas, A Porta ou Música em Leiria, inovações como os Concertos para Bebés, as produtoras Sound Particles e Casota Colletive ou a editora Omnichord Records, organizações como Há Música na Cidade, e espaços inovadores na programação, como a Stereogun ou Atlas.
Importantes para os responsáveis pela candidatura são também os movimentos filarmónico, coral e folclórico e escolas históricas no ensino da música, o Orfeão de Leiria e a Sociedade Artística Musical dos Pousos.
"Leiria ainda se afirma no panorama nacional e internacional na vanguarda de projetos sociais e artísticos, que trabalham a equidade social, a dignidade humana e a inclusão", casos de Ópera na Prisão, Aqui Contigo ou Pavilhão Mozart, acrescentou.
A candidatura prevê um orçamento de 610 mil euros para o primeiro ano, existindo um compromisso de que Leiria Cidade Criativa da UNESCO na área da música "terá um orçamento anual da Câmara de Leiria de cerca de meio milhão de euros".
"Temos uma cidade extraordinária e o resultado é conhecido no final de novembro. Apesar de estrategicamente achar que é difícil sermos designados, acreditamos que é possível, porque a candidatura é muito boa", concluiu Celeste Afonso.
Em Portugal, há cinco cidades criativas da UNESCO: Amarante e Idanha-a-Nova (música), Barcelos (artesanato e parte popular), Óbidos (literatura) e Braga (‘media arts’).
Lusa