Setenta e sete atores amadores, dos 5 aos 75 anos, 42 elementos de orquestra (até aos 22 anos) e um coro de 32 mulheres vão apresentar, dia 30, o musical “Música no Coração na Fábrica”, em Minde, Alcanena (Santarém).
O projeto de teatro musical do grupo de teatro Boca de Cena de Minde, que envolve mais de 150 voluntários, resulta de uma nova adaptação do musical (1956) e filme (1965) “Música no Coração” e estará na Fábrica de Cultura (antiga fábrica têxtil), em Minde, até ao fim do ano, com apresentações ao fim de semana (sábados à noite e domingos à tarde), afirma uma nota de promoção do espetáculo.
Catarina Almeida, do Boca de Cena de Minde, disse à agência Lusa que este espetáculo surge na sequência de um trabalho com musicais que o grupo iniciou em 2013, sempre de forma muito amadora, sendo a primeira vez que envolve um tão grande número de pessoas, de idades tão diversas e provenientes de cerca de 20 localidades do concelho de Alcanena e vizinhos.
“É um projeto com uma missão social bastante intensa”, com “várias gerações a trabalhar juntas, vários tipos de pessoas”, e que “vai muito para além do estar em palco”, disse.
O projeto envolve “reformados, desempregados, pessoas que têm a sua profissão e que depois do horário de trabalho se dedicam à causa”, atribuindo, ainda, funções a jovens estudantes, de cinema, multimédia, comunicação, que “se inserem em departamentos relacionados e conseguem pôr em prática o que estão a aprender”.
Dando o exemplo do departamento de comunicação, Catarina Almeida afirmou que os jovens estudantes da área são os responsáveis pela edição de vídeos e dos ‘trailers’, pelas redes sociais, marketing e design do cartaz.
Para Catarina Almeida, “Minde é a terra certa” para um projeto como o que está a ser desenvolvido pelo Boca de Cena, não só pelo seu passado fortemente industrial (chegou a ter mais de uma centena de fábricas têxteis, na sua maioria fechadas e abandonadas nas últimas décadas), mas também pela dinâmica cultural que a caracteriza.
Salientando que o espetáculo vai ser apresentado numa antiga fábrica têxtil, na qual será montado um palco com 92 metros quadrados, a responsável sublinhou o facto de Minde possuir um conservatório de música, uma banda filarmónica com quase cem anos, uma escola de ballet, um grupo de teatro com oito décadas e uma “língua própria que a diferencia”, o minderico.
Catarina Almeida deixou o convite a que grupos, empresas, escolas façam marcações para ver o musical, aproveitando para conhecer uma região “que tem muito para oferecer”.
O projeto envolve a comunidade local, concelhia e intermunicipal, resultando da cooperação com instituições escolares, coletividades recreativas e culturais, bandas filarmónicas e coros amadores.
Ao longo dos últimos meses, o Boca de Cena realizou ‘castings’ abertos, integrando “novos atores, cantores e instrumentistas” para esta nova produção de teatro musical, afirma a nota.
“Recorrendo ao ‘know how’ e ao entusiasmo da população local, formaram-se equipas de trabalho de figurinos e adereços, bem como de construção de cenários”, a que se juntaram jovens estudantes da área de multimédia que, com veteranos do teatro amador, integram as equipas técnicas de luz, som e comunicação, afirma.
“Todo o trabalho e a mão-de-obra envolvida nesta produção é totalmente voluntária e os eventuais lucros da produção revertem na sua totalidade para a Casa do Povo de Minde, nomeadamente para a reabilitação e manutenção do seu auditório, o Cineteatro Rogério Venâncio”, acrescenta.
Integrando a Casa do Povo de Minde, o Boca de Cena tem desenvolvido, “ao longo das últimas oito décadas”, projetos teatrais “dentro e fora de Minde, contribuindo para uma elevada sensibilidade artística da população e um gosto crescente e contagiante pelo teatro”.
Lusa