A fadista Mariza inicia este mês uma digressão pelos Estados Unidos, “em moldes diferentes, com uma grande liberdade na escolha dos temas que apetecer cantar”, disse a cantora à agência Lusa.
“Vai ser uma digressão mais pequena, mas não podia deixar de fora, este ano, os Estados Unidos, onde sempre me acolheram tão bem e, apesar de ter uma agenda atribulada, a digressão o ano passado foi tão, tão boa, que não podia deixar de ir este ano”, disse à agência Lusa Mariza, que nos últimos 15 anos tem atuado de forma sistemática nos Estados Unidos, onde já cantou, entre outros palcos, no Hollywood Bowl e no Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles, ou no Carnegie Hall, em Nova Iorque.
A cantora lembrou que o público fora de Portugal acompanha a sua carreia e gosta de ir assistir aos seus espetáculos.
“A decisão [desta digressão] passou muito por fazer uma coisa que acho muito interessante, que é atuar nuns clubes de jazz e de fazer mais que um espetáculo em cada cidade", declarou.
“É muito engraçado perceber que [as pessoas dizem] ‘não vou ver um concerto de fado, vou ver Mariza’; e o bom nestes clubes de jazz é eu poder experimentar outro tipo de repertório. Isto é, canto o meu repertório, mas ao mesmo tempo posso experimentar temas que gosto de cantar”, afirmou Mariza.
A fadista exemplificou: “Temas da MPB [Música Popular Brasileira], ‘standards’ de jazz de que eu gosto, canções espanholas, e dá-me um bocadinho de liberdade, coisa que não me dão os teatros. Nos teatros não posso fugir a um determinado alinhamento, enquanto nestes espaços dá para brincar com o repertório, que é uma coisa que às vezes me dá muita vontade de fazer”.
Mariza afirma que, nos Estados Unidos, o público “tem uma mente mais aberta”, enquanto as plateias europeias, incluindo a portuguesa, esperam de si “um determinado tipo de atitude” em palco.
Afirmando-se orgulhosa de cantar em português e “dar a conhecer a Língua e a Poesia portuguesas”, Mariza realçou que o seu mundo musical abrange outras sonoridades e linguagens.
A digressão norte-americana abre na Universidade de Stanford, na Califórnia, no dia 25 de outubro, seguindo para San Francisco onde atua de 26 a 29 de outubro no Jazz Festival Club. No dia 02 de novembro Mariza canta em Washington, no Birchmere Club, e no dia 05 na Universidade de Monmouth, em Nova Jérsia.
No dia 08 de novembro, a criadora de “Melhor de Mim” atua no City Winery de Chicago e, de 10 a 12, no City Winery de Boston. A digressão encerra no dia 13 de novembro no City Winery de Nova Iorque.
Nesta digressão, a intérprete de “Padoce de Céu Azul” é acompanhada, entre outros, pelos músicos Luís Guerreiro, na guitarra portuguesa, com quem gravou o seu primeiro álbum, Pedro Jóia, na viola, e João Frade, no acordeão.
Antes de partir para os Estados Unidos a fadista tem um concerto, já esgotado, no Centro Cultural de Viana do Castelo, no dia 21 de outubro.
O álbum “Mundo”, de Mariza, venceu o ano passado o Prémio José Afonso e foi nomeado para os Prémios Grammy Latinos na categoria de melhor álbum pop contemporâneo em Língua Portuguesa.
Ao longo da carreira recebeu o Prémio BBC Radio 3, na categoria de Melhor Artista da Europa de World Music, e com o prémio da crítica alemã, Deutscheschalplatten Kritik (2003), assim como com o European Border Breakers Award (2004), o Prémio Amália Internacional (2005) e a Medalha de Vermeil, da Sociedade de Artes Ciências e Letras de França (2008).