O cantor Mário Mata, numa carta aberta dirigida à ministra da Cultura, Graça Fonseca, alertou hoje para as dificuldades dos músicos portugueses face à pandemia da covid-9 e pediu às autarquias para pagarem concertos cancelados ou adiados.
“É ver se pelo menos os municípios pagam os eventos marcados que foram cancelados e reagendados. Mas isso, provavelmente, será pouco se continuarmos muito tempo sem retomar a normalidade”, afirma Mário Mata, que há vários anos está radicado em Penela, no interior do distrito de Coimbra.
Na carta, enviada à agência Lusa, admite que os músicos afetados pela atual crise possam retomar a sua atividade, recuperando os rendimentos, através da internet, “se tiverem ajudas e receberem donativos”.
“Sei que já há quem esteja a realizar propostas dessas”, adianta o criador de “Não há nada p’ra ninguém”, tema do LP com o mesmo título, que o consagrou em 1981.
Para Mário Mata, de 59 anos, com vários discos editados, “é extremamente importante ter o reconhecimento do público”.
“Quando se cria uma canção e se tem o sentimento de a partilhar, são as pessoas que nos alimentam, porque precisamos delas, dos seus sorrisos, que cantem connosco as nossas canções, ou nada do que somos fará sentido”, enfatiza.
Ao dirigir-se à ministra da Cultura, o autor salienta que “são muitos os músicos que não possuem condições ou mecanismos de defesa, sobretudo da Segurança Social, e poucos terão apoios estatais” para enfrentar as novas dificuldades.
“É como se estivéssemos no Titanic. O barco vai ao fundo e os músicos continuam a tocar e acabarão por afundar também”, compara, indicando que outros profissionais do espetáculo estão nessa situação.
Lusa