O cantor português Noble lançou um projeto de internacionalização da sua carreira com duas apresentações em Los Angeles, no âmbito da conferência internacional de música Musexpo, que decorre até quarta-feira, 22 de março.
O artista atuou esta madrugada com a sua banda no SIR Studios, num 'showcase' virado para a indústria que incluiu os êxitos “Lost In You” e “I Give Up”. O intuito foi preparar a aposta nos Estados Unidos.
“O meu objetivo é conseguir o sonho que sempre tive desde miúdo - que a minha carreira fosse internacional -, e chegar ao maior número de pessoas possível”, disse Noble em entrevista à agência Lusa.
O presidente da A&R Worldwide e fundador da Musexpo, Sat Bisla, apresentou Noble como um grande artista com “uma voz incrível”, e disse à audiência que estava prestes a ser deleitada.
A atuação com banda completa incluiu temas novos. Entre canções, Noble agradeceu a oportunidade e disse tratar-se da “concretização de um sonho” e o início de algo importante.
A outra performance do músico português, apenas com piano e voz, aconteceu na entrega do prémio de carreira (“International Lifetime Achievement”) a Joel Denver, presidente do All Access Music Group.
“É um sentido de realização e a primeira vez que isto está a acontecer”, disse Noble. “Ao nível da indústria, para nós o sonho seria obviamente um contrato discográfico para conseguirmos trazer a nossa música para cá”, indicou. “Mas o facto de as coisas estarem a acontecer já é um bom princípio”.
Noble (nome artístico de Pedro Fidalgo) viajou até Los Angeles pela primeira vez em 2022, para uma abordagem exploratória inicial. O músico referiu que sempre consumiu muita cultura americana e Los Angeles não o desiludiu, encarando a possibilidade de se mudar para 'a cidade dos anjos' se as oportunidades o justificarem.
“Eu adoro esta cidade. Sinto-me muito bem aqui, e para sair de Amarante que seja para Los Angeles”, referiu.
Considerando a Califórnia “muito apelativa” para o projeto, Noble disse que o desejo é que a sua música chegue o mais longe possível. “Um dia, se conseguisse ter sucesso aqui nos Estados Unidos e fazer a minha primeira 'tour' americana com salas esgotadas, era um sonho tornado realidade e é para isso que nós estamos a trabalhar”.
Além da participação na Musexpo, Noble também está a gravar um documentário sobre a investida nos Estados Unidos e dois vídeos de música, um em Palm Springs, para a canção nova "Living Room", e outro em Las Vegas para o próximo single, “Friday Night”.
“Nós estamos a mudar um bocadinho a nossa sonoridade, principalmente inspirada aqui no clima mais americano, nestas cidades, nas pessoas”, afirmou Noble. “Estamos a tentar procurar novos caminhos, que é sempre um desafio muito grande como artistas, tentar procurar uma sonoridade diferente onde nos continuamos a rever e na esperança de que o público também se continue a rever em nós”.
A nova sonoridade introduz mais guitarras e batida mais rápida, um desafio para um artista conhecido pelas baladas e música melancólica. O seu último single, “I Give Up”, que foi lançado em fevereiro, tem precisamente esse tom poético e melancólico que o popularizou em Portugal.
O primeiro álbum “Honey”, lançado no final de 2019, chegou a número um de vendas no mercado português e permitiu que Noble desse concertos em salas esgotadas. A pandemia de covid-19 suspendeu temporariamente essa trajetória ascendente quando tinha apenas 23 anos.
“Nós costumamos olhar para as coisas desta forma: a sorte dá muito trabalho”, considerou o artista. “Acho que é isso que temos vindo a trabalhar nestes últimos cinco anos, desde que estou com a Metrosonic Records”, continuou. “Felizmente encontrei pessoas que acreditam nos meus sonhos tanto quanto eu, e isso é impagável”.
O mais importante, acrescentou, é a consistência e a perseverança mesmo quando as coisas não parecem estar a acontecer. “A visão que nós temos para aquilo que queremos ser é a parte mais importante disto tudo”, salientou. “Depois de teres essa visão, não desistas de lutar por ela”.
Noble também referiu que gostaria de ver mais artistas portugueses a mostrarem a sua música ao mundo. “Eu acho que o sucesso de um é o sucesso de todos”, considerou.
“O que importa é conseguirmos mostrar aquilo que de melhor temos para oferecer e aquilo que o nosso país é”, frisou. “Nós temos um país que é incrível, um cantinho do céu e do paraíso. Tenho muito orgulho em dizer que sou português”.
A Musexpo é uma conferência anual para a indústria da música que atrai participantes de todo o mundo, com organização da A&R Worldwide. O seu mote em 2023 é “United Nations of Music”.
Lusa