O cantor Dino D’Santiago venceu, pela terceira vez, a categoria de Melhor Artista Masculino e o Prémio Crítica dos Play – Prémios da Música Portuguesa, cujos vencedores da 4.ª edição foram anunciados na quinta-feira à noite numa cerimónia em Lisboa.
Dino D’Santiago subiu duas vezes ao palco do Coliseu dos Recreios para receber os dois prémios – Melhor Artista Masculino e Prémio da Crítica, com o álbum “Badiu” - que já tinha recebido na 1.ª e na 2.ª edição dos Play.
Este ano, Dino D’Santiago falhou apenas a categoria Melhor Álbum - cujo vencedor foi “70 Voltas ao Sol (Ao Vivo com Orquestra)”, de Jorge Palma - e que o músico tinha vencido em 2019 com “Mundo Nôbu” e no ano passado com “Kriola”.
Com os dois prémios que recebeu na quinta-feira, Dino D’Santiago tornou-se no artista com mais distinções nos Play (oito).
Ao receber o Prémio da Crítica, atribuído por um painel de jornalistas, Dino D’Santiago fez questão de deixar “um recado” aos “colegas músicos”.
“Fazemos parte de um tempo e devemos refletir esse tempo. Não podemos ser indiferentes ao que acontece no mundo, enquanto houver guerras e fomes todos fazemos parte dessa equação”, disse.
Na abertura da cerimónia, a apresentadora Filomena Cautela salientou que seria uma noite para “celebrar a Arte e a Cultura, a música portuguesa com a sua expressão máxima de resistência”.
Lembrando que o setor dos espetáculos foi “o primeiro a fechar e o último a abrir”, devido às restrições impostas no âmbito do combate à pandemia da covid-19, Filomena Cautela referiu que a cerimónia seria também para “celebrar o regresso dos espetáculos ao vivo”. “Celebramos o público”, disse.
Embora 2021 tenha sido um ano difícil para o setor da Cultura, foram raras as referências a esses tempos.
A dada altura, num diálogo com Filomena Cautela, o vocalista dos The Black Mamba, Pedro Tatanka, falando no bom momento que a banda viveu no ano passado, salientou que 2021, à semelhança de 2020, foi complicado para muitos dos que trabalham no setor e enviou “muita força a todos os intervenientes da Cultura em Portugal”.
“Este ano estamos ‘back’ [de volta]”, afirmou.
Na cerimónia, os The Black Mamba foram distinguidos com o Play de Melhor Grupo.
Além de Dino D’Santiago, também a fadista Ana Moura venceu em duas categorias: Melhor Artista Feminina e Melhor Videoclipe, com “Andorinhas”, prémio que dividiu com o realizador André Caniços.
Eu.Clides venceu na categoria de Artista Revelação, assumindo que muitos dos que estavam no Coliseu ou a acompanhar a cerimónia em direto através da televisão ou ‘online’ poderiam “estar a pensar: ‘quem é o Eu.Clides?’”.
“Foi um ano incrível para mim e este ano tenho muitas mais surpresas. Vamos continuar a batalhar e gostava que este prémio servisse de motivação para todos os artistas que vão trabalhando sozinhos. De um momento para o outro as coisas podem mudar”, disse.
Para os vencedores do Play para o Melhor Álbum de Música Clássica/Erudita, Luís Duarte e Lígia Madeira, com “Portuguese Music for Piano Duo”, ver a música clássica representada nos prémios já fazia deles “vencedores à partida”.
“A música clássica existe e precisa de horário nobre para se conhecer o que vai sendo feito em Portugal e há cada vez mais coisas a serem feitas”, afirmou Luís Madeira.
Na cerimónia foram ainda atribuídos os prémios de Melhor Álbum Jazz (“Unlimited Dreams”, de João Lencastre’s Communion), Prémio Lusofonia (“Jeito Alegre de Chorar”, de Paulo Flores), Melhor Álbum de Fado (“Horas Vazias", de Camané) e Vodafone Canção do Ano (“Onde Vais” Bárbara Bandeira com Carminho).
Embora todos os vencedores tenham sido aplaudidos, a única ovação de pé foi para a vencedora do Prémio Carreira: Simone de Oliveira, que recentemente se despediu dos palcos, ao fim de 65 anos de carreira.
Num breve discurso, Simone partilhou o “maior respeito” que tem por “todos” os seus colegas de profissão e que o Coliseu dos Recreios guarda “as memórias todas” da sua vida: “imaginem que fui aqui coroada Rainha da Rádio”.
“Não sei se voltarei aqui, mas espero que vocês continuem a achar que a música portuguesa e este país valem a pena. Até sempre”, disse antes de abandonar o palco.
Além dos vencedores das várias categorias, o palco do Coliseu acolheu também uma série de atuações: Dino D’Santiago cantou com os Monte Cara, Nenny com Ana Moura, Bárbara Bandeira com Carminho (numa atuação gravada no dia anterior), Paulo Flores com Sara Correia, Moonspell com Dulce Pontes, Gama com Piruka e Jimmy P e Camané com Agir e o Coro Ucraniano da Igreja Greco-Católica de Lisboa.
Atuaram ainda os The Black Mamba com o guitarrista de jazz André Fernandes e Ivandro com Slow J e Frankieontheguitar.
Os prémios Play são promovidos pela Audiogest (Associação para a Gestão e Distribuição de Direitos) e pela GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas, em parceria com a RTP e a Vodafone.
Nesta edição, foram tidos em conta álbuns e canções editados entre 01 de outubro de 2020 e 31 de dezembro de 2021.
Lusa
DINO D'SANTIAGO:
Filho de pais cabo-verdianos nasceu no Algarve em 1982. Começou por chamar atenções em 2003 num concurso de talentos da RTP, a “Operação Triunfo”, envolvendo-se logo depois com os espaços da música urbana globalizada através de várias aventuras com soul, R&B ou hip-hop (Dino & The SoulMotion, Expensive Soul ou Nu Soul Family). Em nome próprio estreou-se em 2008 com “Eu e os Meus”, ao qual se seguiu “Eva” (2013), que venceu dois Cabo Verde Music Awards. Em 2018, ano em que participou na Final do Festival da Eurovisão (em Lisboa), num momento criado por Branko, uma nova etapa na sua vida começou a ganhar forma com “Mundu Nôbu”, disco no qual encontrou uma assinatura que mistura afro-pop com uma visão distinta de funaná futurista e batuku eletrónico. Em 2019, na primeira edição dos Prémios Play, foi distinguido nas categorias de Melhor Artista Solo, Melhor Álbum e Prémio da Crítica. Nos Cabo Verde Music Awards, venceu na categoria de Melhor Ritmo Internacional. Já no final de 2019 juntou à sua discografia o EP “Sotavento”.
(DR - RTP)