O cantautor espanhol Patxi Andión recebe na próxima quinta-feira, em Lisboa, a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), anunciou hoje a cooperativa.
A entrega da medalha ao intérprete que este ano tem atuado com regularidade em Portugal realiza-se às 18:30, numa sessão do "Autores Contados e Cantados", que Carlos Alberto Moniz apresenta mensalmente no auditório Frederico de Freitas, na sede da SPA, em Lisboa.
“A SPA homenageia com a entrega desta Medalha de Honra o cantor e autor, recordando os grandes êxitos que teve em Portugal com alguns dos seus temas”, lê-se no comunicado hoje divulgado.
Em março passado, em declarações à Lusa o músico madrileno, de ascendência basca, afirmou que sempre viu “Portugal como um território livre, sobretudo depois do 25 de Abril de 1974”.
“Muito especialmente depois da Revolução dos Cravos, em que passei a sentir que, de facto, as pessoas gostavam francamente e compreendiam o que eu fazia”, disse.
Nos seus recitais em Portugal, afirmou o músico, faz sempre questão de incluir temas em português.
Além de temas de José Afonso (1929-1987), de quem foi amigo e que homenageou este ano em três espetáculos em Portugal, “Zeca no Coração”, Andión costuma incluir nos seus alinhamentos a balada “Minh’alma de amor sedenta”, do fadista António dos Santos (1919-1993).
Além de António dos Santos e José Afonso, Patxi Andión afirmou a sua admiração por Fausto e José Mário Branco, “entre muitos outros”.
“A minha relação com Portugal, a música e a língua portuguesas é de absoluto amor e uma paixão, que existe desde a década de 1960”, disse o músico na ocasião, numa entrevista à Lusa.
Patxi Andión, de 70 anos, estreou-se em Portugal em 1969, no programa televisivo “Zip-Zip”, de Raul Solnado, José Fialho Gouveia e Carlos Cruz. A sua relação com o regime ditatorial de então não foi fácil, tendo sido expulso pela PIDE, a polícia política do regime, várias vezes.
O poeta José Carlos Ary dos Santos traduziu alguns dos seus poemas, que a cantora Tonicha gravou, ainda antes da Revolução dos Cravos.
O primeiro concerto do músico espanhol em Portugal realizou-se a 29 de março de 1974, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a um mês do levantamento militar que levaria à queda da ditadura e poucos dias antes do I Encontro da Canção Portuguesa, da Casa da Imprensa, que desafiaria o regime com "Grândola, Vila Morena".
Segundo as crónicas jornalísticas da época, o coliseu esgotou para ouvir Patxi Andión.
Em 2007, participou no álbum “Para além da saudade”, da fadista Ana Moura, produzido por Jorge Fernando.
Em dezembro de 2013 apresentou o álbum "Porvenir", na Casa da Música e no Centro Cultural de Belém, em dois concertos esgotados. Este ano o autor de “Nos passarán la cuenta” atuou em Lisboa, Porto e Évora.
“La jacinta”, “…Y es mar”, “Com toda la Mar detrás”, “Um dos três”, “Canción Social”, “Cómo explicarte”, “El maestro”, "Si Yo Fuera Mujer" “Compañera”, “María”, “A Quién Importará”, “Desde que te Quiero” ou “Es Tan Difícil Dejar de Pensar”, são algumas das canções do repertório de Andión, que projeta editar um novo álbum no próximo ano.