O novo disco da banda portuguesa Holy Nothing chama-se "Plural Real Animal" e é um trabalho "organizado em três caixas diferentes", tendo a primeira – “Plural” – sido lançada no final de março, explicou o grupo à Lusa.
Um dos três membros do grupo, Samuel Gonçalves, contou à Lusa que a banda decidiu dividir o álbum em três partes, "não do ponto de vista de comunicação, mas sim do ponto de vista artístico", para permitir que, após o lançamento de todas as partes, se atinja uma "quarta interpretação" do "Plural Real Animal".
"A forma como o álbum foi montado não foi propositada. Mas quem ouvir o nosso disco, após terem sido lançados os três fragmentos, vai conseguir distinguir três ambiências distintas", referiu, por seu lado, Pedro Rodrigues.
O álbum vai ser editado por fases para ser digerido com tempo e a segunda parte, "Real", será "lançada depois do verão", adiantou o músico.
"O álbum vai estar montado com uma certa narrativa e com um alinhamento de músicas, e as pessoas, quando ouvem o álbum na totalidade, vão conseguir fazer os ‘links' entre estes três ambientes distintos", esclareceu Pedro Rodrigues.
A primeira parte do álbum inclui três temas: "Ruído", "Cheiro Verde" e "Tropigal".
A música "Ruído" surge após uma "investigação da música contemporânea brasileira" e "quatro horas de estúdio" com os BaianaSystem, banda brasileira fundada em 2009.
"A música foi toda composta numa tarde, num estúdio em Lisboa. Foi uma tarde louca e bastante produtiva com os BaianaSystem", acrescentou Pedro Rodrigues.
O estúdio de ‘design’ portuense Koiástudio desenvolveu a imagem do álbum "Plural Real Animal", salientando que desde o início que os Holy Nothing têm “uma preocupação muito grande à volta da [sua] imagem".
"A nossa comunicação com o Koiástudio foi sendo desenvolvida durante a produção das músicas e, por isso, há um trabalho rotineiro na partilha de referências. É muito importante para nós perceber como é que o disco é transcrito graficamente", explicou.
A capa do disco "Plural" já foi divulgada e não será a capa final do segundo álbum dos Holy Nothing: "Nós queremos trabalhar por sobreposição de ‘layers' [camadas]. A última capa será uma coisa diferente desta. Podemos dizer que haverá mais que uma capa".
A parceria com os BaianaSystem ajudou a banda a entrar no mercado brasileiro: "Nada disto foi premeditado por nós, mas, neste momento, a nossa música nas plataformas digitais é mais ouvida no Brasil do que em Portugal".
"É interessante perceber que o sítio onde se ouve mais esta música, a ‘Ruído', já não é o Porto ou Lisboa, é São Paulo, no Brasil. E estamos a falar numa escala de dez vezes mais ouvintes", explica Pedro Rodrigues sobre os números dos Holy Nothing no serviço de ‘streaming' Spotify.
A ideia de um disco bilingue era uma etapa que a banda queria experimentar. "Não é inocente termos usado o português e o inglês neste álbum, é até a primeira vez que o fazemos nas nossas músicas. E também não é inocente o ‘Plural’, ‘Real’, ‘Animal’ ser lido de igual forma em português e em inglês", explicou Pedro Rodrigues sobre as intenções de internacionalizar a banda.
Os Holy Nothing atuam no dia 13 de abril na 6.ª edição do festival Westway LAB, em Guimarães.
Lusa