A banda portuguesa Moonspell inicia na quinta-feira, em Praga, uma digressão europeia conjunta com os britânicos Cradle of Filth, na qual irão apresentar ao vivo “1755”, disco totalmente cantado em português, editado em novembro.
A digressão, que decorre até 05 de março, inclui mais de 35 espetáculos em vários países: República Checa, Eslováquia, Hungria, Polónia, Alemanha, Suíça, Holanda, Itália, França, Espanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Suécia e Noruega, de acordo com o agenciamento da banda num comunicado hoje divulgado.
Os Moonspell editaram a 03 de novembro “1755”, numa relação com o terramoto que abalou Lisboa há 262 anos, totalmente cantado em português, com o fadista Paulo Bragança.
O disco é composto por dez temas, com nomes como “1755”, “Desastre”, “Abanão”, “Ruínas” ou “1 de Novembro”, em referência ao dia em que milhares de pessoas morreram em Lisboa, na sequência de um terramoto que se calcula hoje ter tido uma magnitude de 8,5 na escala de Richter, seguido por um maremoto e um fogo que destruiu praticamente toda a Baixa da cidade.
Gravar um álbum totalmente cantado em português, ao fim de 25 anos de carreira, “foi uma decisão artística, como tudo nos Moonspell”. “A razão foi extremamente simples. O disco liricamente é sobre Lisboa, sobre o que aconteceu na cidade [o terramoto de 1755] e sobre o que aconteceu em Portugal. Utilizamos não só expressões idiomáticas portuguesas, como muitas vezes dizemos Lisboa e Portugal e não queríamos dizer isso em inglês”, explicou Fernando Ribeiro em declarações à Lusa.
O tema, “In Tremor Dei”, tem como convidado Paulo Bragança, que “vem do fado, mas é muito diferente do fado”.
O disco inclui ainda uma versão do tema "Lanterna dos Afogados" dos brasileiros Paralamas do Sucesso.
Apesar de “1755” ser cantado em português, Fernando Ribeiro considera que terá boa aceitação fora de Portugal. “No metal, a língua não é uma barreira, as pessoas gostam mais do ‘feeling’ e o que eu tenho como vocalista é andar no meio das ruínas a contar o que é que se passa, no meio dos vivos e dos mortos”, assinalou.
O disco é “bastante poderoso”, até porque “fala de um terramoto”.
“É um álbum agressivo, dinâmico, também melódico de alguma maneira, porque também tenta associar a metade do século XVIII, na zona de Lisboa, toda aquela grande fusão musical e linguística que havia”, disse, recordando que “Lisboa era um dos portos de troca e de comércio mais importantes do mundo”.
O regresso aos palcos portugueses está agendado para 09 de março, no Cine-Oriental em Aljustrel. No verão, a banda atua a 14 de julho na V Concentração Motard do Douro, no Peso da Régua, a 27 de julho no Gerês Rock Fest e em agosto no Vagos Metal Fest.