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Volta ao mundo da cantora Lura vai passar pelo palco do Coliseu de Lisboa (C/ÁUDIO e VÍDEO)

1/11/2021 às 08:32

A cantora de origem cabo-verdiana Lura promete uma viagem pelo seu percurso musical de 25 anos no espetáculo que vai levar ao palco do Coliseu de Lisboa no próximo dia 12, no qual não faltará o batuku, nem alguns atrevimentos musicais.

Em entrevista à agência Lusa no palco que dentro de dias estará iluminado para receber a autora e intérprete de “Nha Vida”, Lura disse que este espetáculo será “muito especial”, pois tem a intenção de contar um pouco da história da sua vida, através da música.

Com uma passagem pelos temas mais conhecidos e antigos, com os quais atravessou fronteiras e pisou alguns dos mais importantes palcos internacionais, este espetáculo contará ainda com algumas atualidades sonoras, como o tema “Blá Blá Blá”, lançado recentemente e que fará parte do novo álbum da cantora, que sairá no próximo ano.

“Comecei a cantar temas escritos por mim, em crioulo e português, com esta dualidade sempre muito presente. Entretanto conheci Cabo Verde, apaixonei-me por Cabo Verde, pelas histórias. Conheci grandes compositores cabo-verdianos, pessoas com histórias cujos temas encontravam-se com o imaginário que eu criei durante a minha infância, o imaginário do que seria Cabo Verde, através das histórias que os meus pais me contavam”, contou.

E prosseguiu: “Acabei porque querer cantar as histórias de Cabo Verde, através dos poemas que fui conhecendo e o percurso musical acabou por ser um pouco guiado por isso”.

“Foram uns cinco discos a contar estas histórias e a andar pelo mundo a contar essas histórias”, disse.

Para Lura, o disco que mais marcou o seu arranque internacional foi “Di Corpo Ku Alma” (2006), embora acredite que o “Nha Vida” (1996) seja sempre o seu “cartão de visita”.

“”Nha Vida” foi um disco muito importante, primeiro porque foi completamente despretensioso, foi feito de coração, escrito aos 18, 19 anos. Entretanto lancei-o aos 21 anos, aquela idade quase da inocência, que é o início de vida, em que tudo é paixão, tudo é maravilhoso, tudo é novidade”, referiu.

Pelo meio, o contacto mágico com a “diva dos pés descalços”. “A Cesária Évora terá sempre um lugar muito especial na minha vida musical e pessoal. “Nha Vida” foi o tema que Cesária ouviu pela primeira vez e esse tema fez despertar o carinho que ela sempre demonstrou por mim. E depois a nossa convivência, que foi mágica, foi maravilhosa. Foi uma sorte imensa que tive de tê-la encontrado, porque o grande legado que ela me deixou foi essa paixão por mostrar a nossa arte e a nossa música a todos quantos nos queiram ver, com muita dignidade, com muita paixão, com amor com dedicação e isso vai ficar para sempre”.

Com Cesária Évora, Lura interpretou o tema que escreveu para a sua diva: “Moda Bô” (“Como Tu”, em crioulo).

Lura partilhou palcos com muitos outros cantores, mas destaca a música “Barco di Papel”, que gravou com o cantor e músico de jazz Richard Bona.

“Um dueto que me marcou especialmente foi com Richard Bona, porque foi completamente inesperado. Assisti à paixão de Richard a Cabo Verde e encontrámo-nos num terreiro das batucadeiras e foi muito interessante”, disse.

Para Lura, “todos os encontros são enriquecedores”. “Penso que nós, artistas, quanto mais nos pudermos unir, mais ricos nos tornaremos, mais gratificante será porque aprendemos imenso uns com os outros. Somos assim umas almas criadoras que nos enriquecemos muito nas parcerias”.

“O meu perfil do público é um público alegre, que procura alegria, procura energia, o ritmo, a vivacidade, mas também com alguma nostalgia e talvez poesia, romance, nos temas como “Padoce de Céu Azul” e a ligação à terra, através de “Di Undi Kim Bem””.

“Mas eu penso que a maior partilha que eu faço com o meu público é a alegria, a alegria de estar em palco, transmito isso ao público, o público quer estar comigo nesses momentos. É sobretudo isso: ritmo e alegria”, referiu.

Neste regresso aos palcos, Lura quer oferecer “algo de novo”. Mas deixa uma garantia: “Vamos ouvir batuque neste palco [Coliseu de Lisboa], com certeza”.

“As batucadeiras são uma extensão de mim própria, eu revejo-me completamente na atitude daquelas mulheres, elas alimentam a minha alma, a minha música e eu vou buscar nelas a força, a garra, o orgulho de ser mulher, a vontade de mostrar a emancipação, a força da mulher e este pilar do mundo que nós somos e o orgulho nisso e as capacidades que podemos mostrar diariamente, a todos os níveis”, concluiu.

Lusa

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