18H30, Largo da Eira, aldeia de Casas da Ribeira de Cardigos, no concelho de Mação.
O dia chegou, exatamente um mês depois de um grupo de amigos, ligados pela comunicação social, ter dado início à campanha solidária “Um Carro de Esperança”.
A história foi contada várias vezes mas, ainda hoje, cada vez que a ouvimos, estremece-nos a alma e sobressalta-nos o espírito. Por mais que tentemos, não conseguimos colocar-nos no lugar de quem vê a luta de uma vida ser consumida pelo fogo, mesmo em frente aos olhos.
Foi o que aconteceu na fatídica noite de 21 de julho, durante o grande incêndio que voltou a consumir os concelhos de Vila de Rei e Mação. Um casal, de uma das primeiras aldeias atingidas na freguesia de Cardigos, depois do fogo passar e lhe queimar as terras, conseguiu ficar com a casa e o carro, que estava resguardado no largo da aldeia. Findo um dia esgotante, quando o perigo parecia ter passado, o senhor foi arrumar o carro. E foram descansar.
Por volta da meia noite chegaram a essa aldeia, a fazer ronda, várias pessoas. Não se via ninguém. Repararam, no entanto, que um barracão parecia largar chama do telhado. Aproximaram-se e confirmaram o pior. Estava a arder. Não esperavam, ainda, que lá dentro estivesse também um carro. O tal carro do casal, ali arrumado há menos de uma hora. E ardeu. Tudo o que estava no barracão ardeu.
Os jornalistas também são humanos e, muitas vezes, viram a cara para o lado para esconder as lágrimas. Foi o caso. Era hora de juntar forças. E juntámos! E conseguimos!
Em parceria com muitas pessoas que, uns de forma anónima, outros identificados (e para quem não temos palavras para agradecer o suficiente), conseguimos atingir o objetivo a que nos tínhamos proposto: devolver o carro a esta família.
Com a parceria do António Alexandre, do stand Carpego, lá levámos o Nissan Almera (sim, conseguimos mais contributos e, como tal, um carro melhor) até Casas da Ribeira, de Cardigos.
O sr. João não nos esperava porque não fazia ideia do que andámos “a tramar” nas suas costas. Lá batemos à porta e lhe mostrámos o seu novo automóvel.
Perante um proprietário quase incrédulo, apenas lhe saiu um “obrigado”. Mas também não era preciso mais. Quem se sentia agradecido eramos nós.
Resta-nos voltar a agradecer a todos os que se envolveram nesta campanha, a todos os que nos aturaram durante este mês (sempre com a mesma conversa) e desejar ao sr. João e à família toda a sorte do mundo, ao volante do seu novo automóvel.
Obrigado!
Vera, Joana, Patrícias, Jerónimo, Mário e Luís
Veja aqui o vídeo: