Eram 10:27 da manhã desta segunda-feira (27 de janeiro). Os bombeiros dos Voluntários de Abrantes Rui Claro, Paulo Dinis e Nuno Pereira dirigiam-se com o comandante, António Manuel, para uma reunião na Central do Pego.
Quando soou o alerta de incêndio urbano num lar de idosos em Rossio ao sul do Tejo fizeram, de imediato, inversão de marcha e em poucos minutos chegaram ao local do fogo, ao lado do Kartódromo e do campo de futebol do Rossio.
Como iam para uma reunião de trabalho não tinham qualquer equipamento para socorro num fogo urbano. Nem fardas, nem máscaras respiratórias. Na primeira avaliação que fizeram ao que estava a acontecer os três agiram por instinto. Entraram no edifício para salvar as pessoas. A primeira adversidade que tiveram foi o calor intenso e a roupa que podia inflamar. Saíram, despiram as peças mais vulneráveis e voltaram a entrar.
Munidos do conhecimento técnico, mas sem equipamento entraram às apalpadelas, guiados pelos gemidos e gritos dos idosos. Sem conseguir ver o que quer que fosse, devido ao fumo, tiraram alguns idosos para o exterior, pela janela ou pela porta. O que interessava, no momento, era tirar aquelas pessoas do fumo e do fogo.
Quando as equipas de bombeiros acionadas chegaram, os três confessam que já estavam a sentir algumas dificuldades respiratórias porque aquele fumo (monóxido de carbono) é um problema grave.
Num exclusivo da Antena Livre os três bombeiros (Rui Claro, Paulo Dinis e Nuno Pereira) contam, na primeira pessoa, os momentos em que, sem equipamento adequado e pondo em risco a própria vida, deram corpo ao mote dos bombeiros: “Vida por vida”. E não adivinhando o futuro, mas sem a ação rápida destes três homens poderia ter acontecido uma tragédia de dimensão muito maior.
O resto já se sabe. Um incêndio num lar que a Segurança Social viria a dizer que era ilegal. 18 idosos foram retirados do edifício. Sete feridos, três dos quais evacuados para hospitais de Lisboa e Porto com queimaduras e outros quatro internados na unidade de Abrantes do Centro Hospitalar do Médio Tejo. 33 operacionais apoiados por 13 viaturas das corporações de Abrantes, Vila Nova da Barquinha, Constância, Entroncamento e Sardoal a que acrescem os serviços do INEM, da Segurança Social, da PSP e da Polícia Judiciária. E uma nota para a gerência do Kartódromo de Abrantes que cedeu as instalações para que pudesse ser montado o centro de operações dos Bombeiros e da Segurança Social.
Jerónimo Belo Jorge