Os javalis procuram cada vez mais as zonas próximas dos humanos, ou zonas urbanas. Ou, porque fogem dos fogos florestais, ou fogem das zonas de caça.
Em Abrantes foram vistos javalis, nomeadamente uma fêmea com sete crias atrás, em fila, como demonstram as fotos, na Rua General Humberto Delgado. As fotos feitas por Teresa Paulino, moradora na rua foram registadas na madrugada de sábado, 21 de setembro, à 01:10. Os animais andaram na plataforma central da rua, no meio do estacionamento.
Já não é a primeira vez que os javalis são avistados próximo das zonas urbanas, mas, ao que se sabe, nunca “no alcatrão” e com estes registos fotográficos.
Luís Damas, da Associação de Agricultores, não se mostrou surpreendido com a presença ou avistamentos, até porque em junho já os javalis eram avistados nas encostas entre o Hospital e a Escola Dr. Manuel Fernandes.
Nas redes sociais, quando as fotos foram divulgadas, surgem os mais variados comentários e opiniões. Desde as piadas sobre os javalis irem à escola, ou a mãe levar os filhos à escola, passando pelos mais jocosos a outros denotando maior preocupação com o alegado “perigo” que os animais podem criar a quem vive ou anda pela zona.
Luís Damas acrescenta ainda que eles procuram comida. Restos de comida das pessoas e, caso a tenham, podem ser presença habitual. E adianta, se os mais novos se habituam a comer perto das casas “perdem a vergonha” e passam a vir regularmente a essas áreas. Pelo que, reafirma, “Não se devem alimentar ou promover a sua alimentação”. E recorda que na Arrábida até vão “tomar banho à praia, no meio de veraneantes”.
Dado que é uma espécie omnívora come de tudo. Pode destruir colheitas, raízes até outras espécies, como os coelhos. Para a agricultura pode destruir as colheitas, de zonas húmidas, como, por exemplo o milho, pois, é o seu habitat mais natural. Daí que os agricultores encarem esta espécie como um perigo para as suas fontes de rendimento.
Questionado sobre os perigos da presença destes animais perto das zonas urbanas e de uma escola secundária apenas revelou que eles fogem à presença humana. “Se pressentem as pessoas, o seu único predador neste momento, fogem imediatamente para os campos, onde têm os seus refúgios”. Os perigos, como noutros animais, tem a ver com o fato de reagirem se estiverem feridos, se se sentirem encurralados ou se a mãe pressentir perigo para os seus filhotes. Quanto à peste suína, já detetada na Europa, ainda não há registos, embora se devem ter os cuidados necessários. Por exemplo, as montarias ou abate de javalis têm de ter a presença de um veterinário.
Luís Damas revelou ainda que, neste caso, em zonas que não são de caça associativa a responsabilidade é do ICNF (Instituto da Conservação Natural e das Florestas), pelo que qualquer ação de controlo da densidade da espécie é deste instituto.
Mesmo assim não deixa de ser curioso, pois, uma imagem de javalis na cidade ou zonas urbanas. Não é, de todo, uma coisa assim tão normal, embora comece a ser cada vez mais usual.
Jerónimo Belo Jorge
Habitat, alimentação e hábitos do javali
Encontra-se com frequência em bosques de folhosas e em áreas agrícolas que apresentam zonas onde se podem abrigar.
Frequentemente os indivíduos desta espécie refugiam-se em cavidades pouco profundas e no interior de manchas de vegetação densa.
Tal como o porco doméstico, o javali apresenta uma dieta omnívora, denotando, contudo uma preferência por alimentos vegetais como as bolotas, castanhas ou batatas. Outros alimentos que fazem parte da sua alimentação são pequenos vertebrados como os ratos, coelhos e até ovos ou invertebrados como minhocas ou larvas de insetos.
A progenitora é extremamente protetora e pode investir sobre qualquer ameaça à sua prole, inclusive contra o ser humano.
A sua atividade pode decorrer durante todo o dia sendo, mas os javalis são normalmente mais ativos ao crepúsculo e de noite.
Apresenta os sentidos de audição e olfato bastante apurados, bem como o paladar, chegando a distinguir diferentes qualidades de batata.
As javalinas normalmente geram três a 10 javardos, mantendo-se durante 1 semana no ninho para posteriormente se juntar ao grupo de fêmeas.
Fonte: Fonte: http://naturlink.pt
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