O Projeto Tejo - Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Tejo e Oeste "é a solução" para resolver o problema da falta de água, defendeu esta sexta-feira um dos mentores, Jorge Froes, tendo o movimento proTEJO rejeitado os seus pressupostos.
"As dúvidas do proTEJO centram-se nos impactos da construção dos seis açudes previstos no projeto, mas estas dúvidas têm todas respostas técnicas que asseguram que esta é a solução que permite resolver o problema da água, quer em quantidade, quer em termos ambientais", disse à Lusa Jorge Froes, engenheiro agrónomo, à margem de um debate promovido pelo município de Vila Nova da Barquinha (Santarém) sobre "Ambiente, alterações climáticas, o rio Tejo e seus afluentes".
O Projeto Tejo prevê um investimento de 4,5 mil milhões de euros para fornecer água a 300 mil hectares das regiões do Ribatejo, Oeste e Setúbal nos próximos 30 anos.
O projeto, comparado ao Alqueva, foi desenvolvido por um grupo de especialistas que tem estado a fazer apresentações do mesmo, tendo Jorge Froes afirmado que aguarda o lançamento até ao final do ano, pelo Governo, de “um concurso que permita fazer o estudo técnico, ambiental e de viabilidade económica".
Associado à "rega de uma vasta área do território nacional, à sua drenagem, ao controlo das cheias e ainda ao controlo da cunha salina que sobe sobre o rio Tejo acima nos períodos mais secos", o projeto aponta para a "navegabilidade do rio Tejo, com as vantagens daí decorrentes, nomeadamente ao nível do turismo, do lazer, da pesca, da aquacultura e do transporte fluvial", entre outros, destacou.
"Este projeto prevê-se que atinja quase o dobro da área que o Alqueva irá regar", salientou ainda o engenheiro, realçando a criação de "um espelho de água contínuo através da construção de seis açudes até quatro metros de altura entre Abrantes e Lisboa, com escada passa-peixes, que vão tornar o Tejo navegável, e com estações elevatórias que vão permitir bombar a água para as encostas da Lezíria e também da zona Oeste".
O porta-voz do movimento pelo Tejo (proTEJO), Paulo Constantino, discordado projeto pelas "consequências negativas em termos ambientais da construção de seis açudes", manifestando-se em "defesa da preservação de um rio Tejo livre - os únicos 200 quilómetros - e com dinâmica fluvial, privilegiando o turismo de natureza, as atividades piscatórias tradicionais e a gastronomia de espécies piscícolas regional".
Segundo aquele responsável do proTEJO, os ambientalistas "podem vir a apoiar" o projeto "desde que este apresente outras soluções ambientalmente aceitáveis em alternativa à criação de açudes e novas barreiras no Tejo”, tendo defendido ideias “economicamente menos onerosas", como a dessalinização.
Para Paulo Constantino, a escassez de água "pode ser resolvida sem recurso ao ‘Projeto Tejo e à Barragem do Alvito’” através de alternativas "ao nível da procura de água, com adoção de medidas de eficiência hídrica que promovam a eficiência global do uso da água na agricultura (que regista 40% de perdas)”.
Mas também “ao nível da oferta de água, com a implementação de regimes de caudais ecológicos nos Planos de Gestão da Região Hidrográfica Portugal e Espanha e na Convenção de Albufeira, e regulamentar a gestão das barragens, com a distribuição do caudal anual de 2.700 hectómetros cúbicos na sua totalidade pelos trimestres, semanas e dias num caudal ecológico contínuo que permitiria triplicar estes caudais”, referiu.
Paulo Constantino disse ainda que "a dessalinização resolveria as necessidades de água" da Lezíria do Tejo e, em especial, da região do Oeste”, sendo esta uma forma de recorrer a "novas e alternativas fontes de abastecimento de água”, a par da “reutilização e reciclagem das águas residuais”.
Lusa