O projeto Rotas de Mação foi oficializado entre a rede de entidades e instituições envolvidas com a assinatura de um protocolo. A cerimónia decorreu na sexta-feira, dia 11 de outubro e o protocolo foi assinado entre a Comissão Instaladora das “Rotas de Mação” e várias entidades e instituições do concelho.
Leonel Mourato, “a cara e a voz” do projeto, começou por dizer que, em Mação “temos uma história” em cada uma das freguesias do concelho, são “histórias bonitas mas desligadas entre elas”. Foi uma questão de tempo até irem para o terreno, convidar as pessoas a contarem as histórias e “começámos a formar em exército”.
Em maio, o projeto foi apresentado e Leonel Mourato recordou o que disse na altura, ao referir-se a um projeto “possível” e “vencedor” mas a que impôs duas condições: “não haver politiquices” pois há “um bem maior que é o concelho de Mação e isto é um tesouro que nós aqui temos e temos que o preservar”. A segunda condição diz respeito ao facto de estarem envolvidas todas as freguesias do concelho porque “só assim faz sentido, se todos participarem”.
Ao todo, são 16 os percursos que integram as Rotas de Mação e um dos aspetos que as distinguem, é o facto de “estarem todos interligados”.
“Nunca no Médio Tejo se fez algo parecido, é uma pedrada no charco”, adiantou Leonel Mourato que confirmou que são “35 as entidades que vão ser membros fundadores das Rotas de Mação”. São elas a Câmara Municipal de Mação, as seis Juntas de Freguesia, o Agrupamento de Escolas Verde Horizonte, os Bombeiros Voluntários de Mação, a Guarda Nacional Republicana e as associações e coletividades do concelho.
Já aprovadas estão quatro rotas, trabalho que foi feito “em quatro meses”. O PR2-MAC-Rota do Brejo e Bando dos Santos, PR3-MAC-Rota do Carvoeiro, PR4-MAC-Rota da Ortiga Sul e PR5-MAC-Rota da Queixoperra já viram a aprovação conseguida e propõem-se agora à homologação.
Também o registo da marca já está em curso.
Os autarcas
A União de Freguesias de Mação, Penhascoso e Aboboreira tem dois percursos aprovados e o presidente da Junta de Freguesia, falou em “satisfação” e de “um programa que vai dar muito dinamismo ao concelho e, em especial, à freguesia que represento”. José Fernando Martins disse os dois percursos da freguesia “estando ainda por lapidar, já têm alguma maturidade derivado a já se fazerem ali alguns percursos pedestres há uns anos. É com satisfação que vejo a sua homologação porque é merecido”.
Na cerimónia de assinatura dos protocolos, Nuno Bragança, presidente da Junta de Freguesia do Carvoeiro, agradeceu às associações da freguesia que se envolveram no projeto e a paciência da Comissão Instaladora das Rotas para com as perguntas dos autarcas “porque nós às vezes reclamamos um pouco mas acho que isso também faz parte do processo”.
Já o presidente da Junta de Freguesia de Ortiga dirigiu-se diretamente a Leonel Mourato, o grande dinamizador da iniciativa. Rui Dias disse que o trabalho efetuado em tão pouco tempo “é de louvar”. “Temos agora um caminho a percorrer no sentido de reformar a visibilidade e credibilidade deste ambicioso projeto, afirmando o nosso valor conjunto”, destacou o autarca.
Rui Dias disse ainda que “temos que continuar a trabalhar no sentido de acrescentar valor e continuar a ajudar a nossa Câmara Municipal a inverter a desertificação de um i9nterior em que nos estamos a afundar. Porém, não temos qualquer dúvida que em face das condições e circunstâncias que temos, não vai ser fácil. Mas a união que impuseste e os valores que inicialmente traçaste, tudo têm para triunfarmos e o concelho de Mação merece”, concluiu Rui Dias.
Por fim, foi a vez do presidente da Câmara Municipal de Mação usar da palavra e Vasco Estrela começou por contar o início deste projeto e do apoio da Autarquia.
“O princípio foi algures em 2018 quando o Leonel levou a cabo uma iniciativa na Ortiga, pediu um pequeno apoio à Câmara (…) e foi dali que surgiu a possibilidade de se fazer alguma coisa deste género aqui no concelho e entendemos que era importante acolhermos esta iniciativa”, começou por explicar.
Vasco Estrela recordou que, desde a sua candidatura à Câmara Municipal, “sempre disse que só com união e com o trabalho de todos é que conseguiríamos inverter algumas tendências extremamente negativas que o concelho estava, e está, a viver. Sempre disse que precisávamos do contributo de todos para tentar inverter estas situações. Sempre disse que não iria ser a Câmara uma força de bloqueio de iniciativas, de ideias, viessem de onde viessem. Desde que as coisas tivessem sustentabilidade mínima, a Câmara tinha obrigação de as acolher”.
O presidente da Câmara Municipal de Mação agradeceu depois a todos os intervenientes nas Rotas de Mação “pela vitalidade” demonstrada e falou diretamente para Leonel Mourato a quem disse que “a história far-se-á um dia, 2018 foi há um ano e meio, já fizemos alguma história e, portanto, o que foi feito até ao dia 11 de outubro de 2019 por esta hora, já está feito e já está escrito. Daqui para a frente, será feito e escrito da forma que todos nós quisermos”, declarou Vasco Estrela.
“Vamos fazer da nossa maior fraqueza a nossa maior oportunidade” - Leonel Mourato
No final, Leonel Mourato, porta-voz das Rotas de Mação, falou do significado desta primeira formalização que considerou “um dia incrível”.
“Nós somos bebés, temos quatro meses disto embora tenhamos andado desde julho de 2018 até maio de 2019 a percorrer o terreno de mochila às costas, chapéu e GPS na mão. Em quatro meses temos quatro rotas prontas. Há muito trabalho de muita gente”, afirmou Leonel Mourato.
O dinamizador das Rotas de Mação conta que “o projeto vai até 2025” e que a colocação de sinalética já começou esta segunda-feira. “Temos já três propostas do portal informático (…), temos que preparar as candidaturas a fundos europeus, quer da sinalética, quer do portal, dia 21 vão arrancar os quatro percursos para homologação, depois temos 60 dias para colocar as placas no terreno, preparar tudo e convidar as pessoas de Mação a irem passear”, disse.
Na organização, estão 40 pessoas envolvidas e diz Leonel Mourato que são mãos suficientes para o trabalho que tem que ser feito. No entanto, reconhece que “Mação tem um problema: começou lá muito do fundo. Eu conheço Portugal caminhando e sei que há territórios que têm muito potencial. Infelizmente Mação não tem porque ardeu tudo”.
Leonel Mourato explicou que “já tivemos zonas marcadas e mapeadas que, pura e simplesmente, desapareceram. E isso dói”.
“Mas vamos fazer da nossa maior fraqueza a nossa maior oportunidade”, proferiu. Leonel Mourato disse que “vamos pegar num concelho ardido e vamos dizer que temos aqui pessoas que querem fazer o concelho renascer. E daquilo que sei e conheço, acredito sinceramente que isso será muito bem acolhido”.
Leonel Mourato assumiu também a vontade de, um dia, em 2025, conseguir constituir um Geoparque em Mação. “O Geoparque é para andar, não tenho a mínima dúvida”, afirmou, convicto.
“Neste momento, para nos podermos candidatar ao Geoparque, falta-nos uma vertente que é o conhecimento. E o Instituto Terra e Memória (ITM), tem uma rede de contactos suficientes para lá chegar”, lembrou.
O dinamizador das Rotas de Mação disse ainda que “temos um sonho e enquanto não nos derem com a parede na porta, vamos andando”.
Agora, “é pegar no chapéu, na mochila, no GPS e seguir o caminho” porque “temos três pontos: o ponto C, que é o ponto final; o território B que é aquele que nós percorremos; mas o único ponto que sabemos é o ponto A que é de onde partimos. O resto é desconhecido”.