Foram três dias de novas experiências e vivências para 60 alunos de Abrantes, Mação e Sardoal. Entraram na instituição militar, deixaram de lado os telemóveis e o conforto das famílias para terem uma primeira experiência no meio militar. “Tiveram de fazer as camas e cumprir formaturas, ao lado dos soldados-recrutas”, explicava o comandante do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME), no encerramento do programa “Defesa + Jovem” e que levou seis dezenas de jovens de ambos os sexos à unidade militar.
O coronel Tiago Lopes explicava que aplicaram a receita, mais reduzida, do Curso de Liderança que a unidade de Abrantes organiza com o Rotary Clube de Abrantes. Afinal de contas o objetivo é esse mesmo, mostrar as Forças Armadas, na teoria e, na prática, mas mostrar também o que é trabalhar em equipa e superar os desafios que vão surgindo. Estes jovens contaram com apoio de monitores das escolas, por forma a facilitar a adaptação, uma vez que há alunos dos 12 aos 15 anos.
Esta não é uma forma de recrutar jovens para o Exército. A garantia foi dada à Antena Livre pela secretária de Estado da Defesa Nacional que esta sexta-feira veio a Abrantes ver a manhã de atividades e, principalmente, dialogar com os jovens e ouvir “da voz deles” o interesse sobre o programa.
Ana Isabel Xavier vincou a importância do seu Ministério neste trabalho de literacia de defesa nacional. Há um pressuposto muito simples nesta iniciativa: dar a conhecer a instituição militar e fazer com que os jovens saibam o que é, o que faz e, depois, levem essa informação para casa, para as famílias. É que as Forças Armadas não são forças de guerra. Antes pelo contrário, tem como objetivo a Paz.
E nesta visita Ana Isabel Xavier esteve no meio dos jovens e interagiu com eles. Ao invés de serem os jovens a fazer perguntas foi a governante que disparou pergunta atrás de pergunta. Se conheciam ou sabiam ao que iam. Se gostaram. Se ficaram com curiosidade para saber mais. Se esta experiência despertou para um futuro militar. Ou simplesmente se comeram e dormiram bem. E as respostas foram das mais variadas, entre os que gostaram mais de comer no RAME do que nas escolas, outros que se lembram do bolo de chocolate depois de uma marcha noturna que envolveu todo o efetivo do regimento.
Mas dos jovens também saíram algumas perguntas, com a presença de dois Generais e do comandante do RAME com as fardas principais. E aqui a curiosidade foi para os símbolos, como os galões ou as estrelas, a espada ou o bastão, ou sobre as medalhas que todos ostentam nas fardas.
E as respostas foram sendo dadas. Como a do General Paulo Pereira, vice-Chefe do Estado -Maior do Exército sobre as medalhas que o comandante do RAME ostentava ao peito.
Ana Isabel Xavier ficou agradada com estas perguntas, principalmente sobre símbolos militares, o que quer dizer que a curiosidade existe e é importante poderem ter a proximidade das explicações mais simples, por exemplo, as medalhas são reconhecimento e bom comportamento.
Mesmo colocando de lado a ideia de que estas iniciativas sirvam para recrutamento, a proximidade criada poderá abrir portas e eventuais objetivos futuros destes jovens. Uns porque não sabiam, outros até tinham intenção de seguir vida militar noutra arma ou até outros que ficaram a saber que podem criar carreira militar, antes de seguirem para a vida civil.
Na cerimónia de encerramento destes dias, o comandante do RAME explicou aos pais dos alunos presentes no auditório uma resenha daquilo que o exército lhes proporcionou. E vincou que em três dias foi possível perceber o seu crescimento na liderança. O comandante destacou ainda as relações institucionais entre o Regimento, os Municípios e os Agrupamentos de Escolas. E depois repetiu na sala o que tinha dito um dia antes aos 60 jovens: “Portugal a partir de uma determinada altura vai ser vosso. Vocês vão ter a responsabilidade de levar Portugal para a frente.”
Ana Isabel Xavier deixou bem claro que vai continuar a motivar, em 2025, a direção-geral de Recursos da Defesa Nacional a manter o foco neste projeto e espera alargar a “outros RAME”. O governo está muito empenhado na educação e formação estratégica em defesa. “É muito importante para nós que os jovens conheçam a suas forças militares (...) é extraordinário perceber que em três dias estes jovens têm um olhar para as Forças Armadas, diferente do que tinham quando aqui entraram.”
Ana Isabel Xavier, secretária de Estado da Defesa Nacional
Para fechar a atividade os jovens, e pais, assistiram à cerimónia de Juramento de Bandeira do 7.º curso de 2024 de mais uma recruta. Um dos momentos altos da vida de qualquer militar que assenta no primeiro juramento perante o Estandarte Nacional e, logo depois, estarem em prontidão para receber a sua boina.
O comandante do RAME, Coronel Tiago Lopes, destacou o trabalho da sua unidade este ano, nomeadamente no acompanhamento de 2.200 patrulhas com o empenhamento de mais de cinco mil militares, com 344 mil kms percorridos. Houve também acompanhamento de meios destacados para o combate a fogos rurais.
Ainda no ano 2024 o RAME enviou um destacamento de militares do Exército para Espanha (Valência) onde desempenharam funções de limpeza e remoção de escombros.
Na formação houve também várias ações com incorporação de mais de 310 recrutas, 51 dos quais prestaram Juramento de Bandeira nesta sexta-feira, dia 20 de dezembro.
Juramento de Bandeira
Tiago Lopes, na sua alocução na Cerimónia de Juramento de Bandeira, fez um resumo da atividade desenvolvida com os jovens no projeto Defesa + Jovem - Iniciativa “Militar por 3 dias”.
Já a secretária de Estado da Defesa Nacional destacou a importância do ato para os recrutas, mas também para o país, acrescentando que o governo procurará estar à altura “do vosso gesto e confiança” e continuar a trabalhar para garantir que os militares tenham todas as condições para desempenhar as suas funções. E depois acrescentou que estes militares em início de carreira vão já beneficiar das medidas que representam o maior aumento das condições económicas dos militares.
Hino Nacional entoado pelos militares em parada
Depois da cerimónia de Juramento de Bandeira, os jovens alunos tiveram um almoço convívio com a presença dos pais. Já os recrutas que juraram bandeira juntaram-se igualmente aos familiares para as tradicionais fotografias para mais tarde recordar.
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