A comunicação das autarquias é, nos dias de hoje, uma aposta clara de qualquer político que entre neste mundo. Desde as notas de imprensa, às páginas oficiais, passando pelo boletim municipal ou pela newsletter, indo aos eventos ou a gerir as redes sociais, com incidência no Facebook, Instagram, Twitter ou outras. Para esta conferência sobre comunicação autárquica, organizada pelos alunos de comunicação social, área empresarial, foram convidados os responsáveis dos gabinetes de comunicação de Abrantes, Edgar Rei, Constância, Helena Calhau, Castelo Branco, Patrícia Marques, e Oeiras, Pedro Guilherme.
Todos os responsáveis apresentaram aquilo que é o funcionamento dos respetivos gabinetes, de acordo com as estratégias políticas e das marcas que representam.
Edgar Rei, responsável pelo gabinete de comunicação na Câmara de Abrantes, revelou o modo de funcionamento do gabinete que dirige e que tem sete pessoas para todo o trabalho que tem de fazer. Edgar Rei explicou à plateia a forma como funciona o gabinete, aquilo que têm de fazer para promover a marca Abrantes e as duas marcas associadas: “Abrantes tudo incluído” na área do Turismo e “Abrantes Invest” na área da economia e do investimento.
Edgar Rei explicou ainda que, hoje, numa Câmara Municipal o plano estratégico de comunicação é feito a quatro e a oito anos. Depois vai sendo atualizado e regenerado de acordo com as prioridades e as linhas de desenvolvimento delineadas pelo poder político.
Apresentou o plano de comunicação das Festas da Cidade de Abrantes, onde indicou que é um evento que gasta apenas sete mil euros em publicidade porque ele se vende a si próprio. Depois incidiu sobre todas as outras atividades onde é feita promoção a todos os níveis, mas nas quais há menos presença de públicos.
Em Constância, um dos concelhos mais pequenos do país, o gabinete de comunicação trabalha, como em todos os outros, a comunicação externa do concelho em articulação direta com o presidente da Câmara. Helena Calhau explicou ao pormenor tudo o que é feito em prol dos munícipes e dos jornalistas e mostrou como pode haver uma linha de comunicação mesmo quando mudam os atores, mesmo quando mudam as cores políticas. E deu o seu exemplo. Chegou a ser responsável pelo serviço, nunca deixando de ser técnica. Já vai no quarto presidente com quem trabalha e, este último, de uma força política diferente dos anteriores.
O exemplo de plano de comunicação que Helena Calhau levou aos jovens foi o do Centro Escolar de Montalvo. Uma obra que começou com a ideia, já lá vão 20 anos. A execução foi sendo adiada por vários motivos e mesmo quando chegou a hora da construção não foi fácil. Entre uma mudança de local até à empresa que ganhou o concurso ter entrado em insolvência e ter sido substituída por outra. Foi um plano complicado de gerir numa comunidade mais pequena.
De Constância uma ida até à Beira Baixa, local onde Patrícia Marques trabalha no gabinete da presidência que este ano resolver mudar toda a linha de comunicação criando uma nova marca: Castelo Branco – Bordar e receber.
Patrícia Marques avançou com a explicação em torno daquilo que é o trabalho desenvolvido nos eventos da cidade e na criação de uma linha de comunicação para as 16 feiras que são feitas em 16 freguesias. A necessidade de haver um novo posicionamento de Castelo Branco fez a autarquia contratar uma agência de comunicação que desenvolveu este conceito em torno de uma flor, dos famosos bordados daquela cidade e um fio, de seda, condutor da mensagem que pretendem passar para o exterior.
Depois, da Beira, segui-se um dos concelhos mais dinâmicos, do ponto de vista empresarial, do país. Pedro Guilherme veio a Abrantes explicar o conceito de comunicação de Oeiras que aposta na marca Oeiras Valley como a forma de vender o conhecimento, a tecnologia, a qualidade de vida, o ensino e a cultura.
A marca é tudo nos nossos dias, explicou Pedro Guilherme, que começou a falar em comunicação e gestão territorial quando ainda era algo impensável, mas que hoje é o caminho a seguir. Porque todos os territórios são concorrentes uns dos outros e, numa marca, temos de escolher.
Pedro Guilherme revelou ainda o plano comunicacional de Oeiras naquilo que são os objetivos estratégicos que querem apostar na eliminação da pobreza, na educação e na promoção empresarial.
Ao longo da sessão foram ainda colocadas perguntas mais concretas sobre fatos concretos do trabalho e, acima de tudo, do funcionamento dos gabinetes de comunicação na realidade agridoce das redes sociais. A forma complicada como o Facebook pode ajudar a promoção de eventos das autarquias ou a agulha mais afiada para tocar nos agentes políticos, principalmente numa sociedade negativista e que procura em tudo o espectro mais negativo das coisas. Mesmo assim ficou patente que, cada vez mais, a comunicação das autarquias é fundamental nos dias em que a sociedade busca todo o tipo informação, muitas vezes, sem filtros.