Foi na quinta-feira, dia 17 de outubro, que a Academia Portuguesa de Gastronomia entregou, pela primeira vez, o "Prémio Armando Fernandes" inserido na programação do Festival Nacional de Gastronomia, em Santarém.
O “Prémio Armando Fernandes” trata-se de uma distinção que, para além de homenagear o gastrónomo e escritor, visa promover obras dedicadas à culinária tradicional e ao património gastronómico português.
O gastrónomo, investigador e historiador, Francisco Armando Fernandes, é o autor da Carta Gastronómica da Lezíria do Tejo e coautor, com Helena Salvador, da Carta Gastronómica do Concelho de Santarém.
E a vencedora desta primeira edição deste prémio, que pretende homenagear Armando Fernandes, foi a jornalista do Público Alexandra Prado Coelho.
Foi o presidente da Câmara Municipal de Santarém, João Leite, quem fez o anúncio da vencedora. Nasceu em Lisboa e entrou no jornal “Público” logo na primeira edição, pela porta da editorial Internacional. Ainda andou pela Cultura, mas em 2011 passou para a área da Alimentação. E é hoje um dos nomes do jornalismo gastronómico em Portugal.
Já a vencedora, mostrou-se grata por ser a primeira pessoa a receber este prémio. E recordou os momentos em que conheceu o Armando Fernandes. “Era um prazer enorme viver com esse conhecimento profundo que ele tinha da gastronomia da região”. E recordou ainda um passeio de um dia pela Lezíria do Tejo que acabou a desaguar nas páginas do jornal.
Alexandra Prado Coelho
A família de Armando Fernandes esteve presente na cerimónia, na Casa do Campino, e coube ao filho, João Fernandes, não escondeu a emoção do momento. João Fernandes vincou aquilo que o pai fazia, recolha dos contributos das pessoas que trabalham a terra, de sol a sol, e com isso preservar as tradições que eram o mais importante. E acrescentou ainda que, “na sua obra procurou sempre recolher testemunhos, de ouvir as pessoas (…) que os seus livros fossem um repositório de uma tradição que é longínqua, as que não se pode perder.”
João Fernandes
Paulo Amado, da “Edições do Gosto” é também ele um gastrónomo e foi amigo próximo de Armando Fernandes. Quando o Município de Santarém decidiu criar este prémio foi também criado um júri, que Paulo Amado explicou. Foram dois homens e duas mulheres de geografias diferentes. E a escolha recaiu sobre Alexandra Prado Coelho.
O objetivo do “Prémio Armando Fernandes” é procurar, neste setor da gastronomia, “quem faz bem.”
Francisco Armando Fernandes faleceu a 8 de março de 2023. Do seu vasto leque de trabalhos e investigações que ficam para todo o sempre, a gastronomia é o pilar central. Tem edições das cartas gastronómicas de Santarém e da Lezíria do Tejo. Mas tem outras, do mesmo teor, das suas raízes bragantinas, e esteve envolvido na revisão da Carta Gastronómica de Mação.
Francisco Armando Fernandes nasceu em Bragança a 6 de maio de 1945, mas vivia em Rio de Moinhos.
Licenciado em História pela Universidade Clássica de Lisboa e trabalhou em consultoria cultural e foi inspetor de bibliotecas da Fundação Calouste Gulbenkian.
Colaborador, desde sempre, em vários órgãos de comunicação social nacionais e também regionais, entre eles a Antena Livre onde assinava uma crónica de opinião às quartas-feiras, desde 2005. Assinava todos os meses no Jornal de Abrantes uma crónica de opinião desde 2021.
Homem da cultura e gastrónomo dedicado, investigou a história da cultura e das culturas regionais, do municipalismo, da história dos produtos, da alimentação e da gastronomia.
Tem diversos livros publicados, entre os quais “À mesa em Mação – Carta Gastronómica”, que lhe valeu o Prémio Internacional de Literatura Gastronómica, em 2014.
É autor das seguintes obras, entre outras: Contrastes e Transformações na cidade de Bragança: 1974-2004; Contrastes e Transformações em Vila de Rei 1974-2004; Contrastes e Transformações em Vila de Rei 2005-2013; Bragança Marca a História/A História Marca Bragança; Meu Nome é Bragança; Figuras Notáveis e Notórias Bragançanas; Cadernos de Receitas Transmontanas; Comeres Bragançanos e Transmontanos; À Mesa em Mação – Carta Gastronómica (Prémio da Academia Internacional de Gastronomia); Cozinha Económica em Portugal; Sabores da Aldeia – Carta Gastronómica das Aldeias do Xisto, (Prémio Francisco Sampaio); Ágape – Banquete Ritualístico Maçónico; Carta Gastronómica do Concelho de Bragança.
Colaborador permanente da Revista INTER – Comeres. Beberes, e outros prazeres e escreveu nos jornais O Ribatejo, A Barca, Mensageiro de Bragança, Nordeste Informativo, Jornal de Abrantes, no digital Médio-Tejo e na Rádio Antena Livre. É igualmente autor de conteúdos para o projeto Observatório Nacional da Gastronomia em Santarém.
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