Cinco alunos de Ourém do Pará, no Brasil, estão em Ourém, no distrito de Santarém, até segunda-feira, num intercâmbio de conhecimento relacionado com as questões ambientais e alterações climáticas.
A presença destes alunos insere-se no projeto “Eu no Mundo AMOURÉM”, desenvolvido pela Assembleia Municipal de Ourém (AMO).
Os cinco jovens da Amazónia foram selecionados através dos trabalhos realizados na sua escola.
O presidente da AMO, João Moura, explicou à agência Lusa que este intercâmbio surgiu durante a pandemia, com a realização de encontros virtuais entre os alunos dos dois países, e culminou com o desenvolvimento de um projeto na área ambiental.
“Tentaram trazer à Europa uma sensibilização daquilo que é o grande pulmão do nosso planeta, que é a selva da Amazónia. Algumas delas são crianças indígenas, que nunca tinham viajado para fora da sua cidade, quanto mais para fora do país e do seu continente. Vieram demonstrar às crianças de Portugal aquilo que é o seu bem-estar, a sua vivência e também adquirir conhecimento daquilo que são as novas transições energéticas que Portugal já está a utilizar”, adiantou João Moura.
Segundo o presidente da AMO, o intercâmbio de conhecimento faz-se através das crianças, que são os principais porta-vozes e visados, “com aquilo que é o futuro das suas vidas e do seu planeta”.
Concorreram ao projeto 40 crianças no Brasil, que foram desafiadas a criar um projeto que fosse inovador e amigo do ambiente.
Estas cinco crianças foram as mais bem classificadas: “Cada uma tem um projeto completamente inovador de tecnologias ou de práticas amigas do meio ambiente, inclusivamente na utilização de recursos naturais da própria Amazónia, para serem aproveitados, como, por exemplo, sementes de plantas, que podem ser incorporadas nos fornos para a produção dos cerâmicos dos tijolos para a construção de casas", revelou João Moura.
Segundo este responsável, a comitiva, que inclui professores, teve o apoio da Secretaria Estadual de Belém do Pará, uma vez que vaio ser o local de reunião da próxima COP 30, a 30.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
“Isto é o arranque da temática que eles querem trazer ao mundo”.
João Moura disse estar orgulhoso por ter “ajudado a proporcionar a cinco crianças um sonho de vida, que passa, por exemplo, por terem a oportunidade de terem a sensação térmica no seu corpo”.
Os jovens, de 15 e 16 anos, tiveram oportunidade de sentir frio, algo que nunca terão vivido antes.
“Eles nem imaginavam que existia. Onde vivem, as temperaturas não baixam dos 25, 26 graus. E, no domingo, vamos à serra da Estrela para verem e tocar na neve”, revelou João Moura.
Além de apresentarem os seus projetos nas escolas de Ourém, os alunos brasileiros tiveram oportunidade de aprender a fazer pastéis de nata, na Escola da Hotelaria de Fátima, e, em troca, ensinaram alguns dos pratos típicos da Amazónia.
“Estamos a falar do local que tem o maior ecossistema e a maior biodiversidade, pelo que usam os recursos naturais para fazer os seus próprios alimentos”, acrescentou.
Além das visitas históricas na região, os jovens também tiveram aulas de português, visitaram a Valorlis - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, torres eólicas e empresas de gestão de cariz ambiental, “para que tenham uma sensibilidade daquilo que são os recursos” e de que forma se podem utilizar as energias alternativas e práticas amigas do ambiente.
“O nosso desígnio é que estas crianças saiam daqui, ao fim de oito dias, com uma experiência de vida única e que levam uma mensagem muito forte aos seus amigos da escola”, disse.
Em setembro, cinco alunos do Centro de Estudos de Fátima, cujos projetos sobre os 50 anos do 25 de Abril foram escolhidos na Assembleia Jovem de Ourém, vão à Amazónia.
“É uma forma de eles levarem a mensagem daquilo que foi a conquista da liberdade", disse.
Lusa