A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) está a aguardar pelos resultados da análise às amostras recolhidas nas águas da ribeira de Seda, no Crato (distrito de Portalegre), onde apareceram milhares de peixes mortos, revelou hoje aquela entidade.
Em resposta a um conjunto de questões colocadas pela agência Lusa por correio eletrónico, a APA explica que “acompanha a situação” através da Administração da Região Hidrográfica do Tejo Oeste (ARHTO), tendo feito uma deslocação ao local assim que teve conhecimento deste caso.
“Foram efetuadas recolhas de água na ribeira de Seda. Aguardam-se os resultados analíticos, pois só com os resultados analíticos das amostras recolhidas se podem tirar eventuais relações de causa-efeito”, lê-se na resposta.
Milhares de peixes e outros animais estão a aparecer mortos na ribeira, que passa junto à vila do Crato, denunciou na semana passada um clube de caçadores e pescadores.
Numa nota publicada na sua página na rede social Facebook, acompanhada de vídeos e fotos, os responsáveis do Clube Amadores de Caça e Pesca Desportiva do Crato referem que as descargas poluentes na ribeira de Seda “são uma constante há vários anos”.
Segundo o clube, a origem de algumas descargas está identificada, mas nada é feito para colocar um ponto final na situação. Por isso, diz, é hora de a população se unir e “dizer basta”.
Também em resposta à Lusa através de correio eletrónico, a GNR revela que, após ter tido conhecimento do caso, de “imediato” foi acionada uma patrulha do Núcleo de Proteção Ambiental (NPA) de Portalegre, que confirmou o teor da denúncia.
“Os elementos do NPA desenvolveram diversas diligências no local no sentido de apurar a extensão da área de contaminação e garantir a custódia da prova, através da recolha de amostras de água e dos peixes mortos. Os factos foram comunicados ao Tribunal Judicial de Portalegre”, lê-se na resposta.
Contactado pela Lusa na quinta-feira, o presidente da Câmara do Crato, Joaquim Diogo, manifestou-se preocupado com a situação, indicando que o município já tinha apresentado uma queixa ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR e uma denúncia à APA.
“É uma situação recorrente. Nós temos feito queixas, há menos de seis meses houve uma vistoria à indústria, que teve uma conclusão. Eles [indústria] cumprem com quase todos os requisitos para poder laborar - houve ali algumas coisas que foram notadas, alguns melhoramentos, algumas situações específicas que eles têm de introduzir, mas nada de substancial”, relatou.
O autarca sublinhou que tem seguido a situação com “muita preocupação”, lamentando não se conseguir imputar até esta altura responsabilidades, já que a ribeira aparece poluída periodicamente.
“Isto não pode continuar assim, é demais. Não pode, nós não podemos aceitar. Nós temos de chegar a uma conclusão de onde vem [a poluição] rapidamente e tem de haver mão forte com quem faz este tipo de derrames para dentro da ribeira”, acrescentou.
Contactado também pela Lusa, o dirigente da associação ambientalista Quercus José Janela manifestou-se preocupado com o problema e reivindicou uma “investigação com caráter de urgência” a este caso.
“A Quercus vai averiguar melhor este caso no terreno, mas exigimos que a situação seja investigada com urgência”, disse.
Lusa