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APA nega morte de peixes no Sorraia e diz que açude para reduzir salinidade é provisório

16/07/2019 às 00:00

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) afirmou hoje que o açude em terra construído no rio Sorraia, no concelho de Benavente, é provisório e visa reduzir a salinidade da água para rega, negando uma alegada “mortandade de peixes”.

Num comunicado enviado à Lusa, a APA afirma que a licença que concedeu para a construção “temporária” do açude, concretizada no passado dia 24 de junho e com duração prevista até final de agosto, decorreu de um pedido feito pela Associação de Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, na sequência da experiência realizada em 2005 e 2012.

Na altura, foi possível melhorar a qualidade da água para rega a montante, sem que, nessas alturas, se tenham registado “impactos na fauna piscícola”.

Instalado a montante do rio Almançor, o açude tem por finalidade “permitir que as portas de água existentes a montante não sofram a influência das marés, fornecendo água para rega com reduzidos valores de salinidade”, afirma a APA.

“Esta alternativa temporária é necessária porque na captação do Conchoso (captação principal localizada no rio Tejo, no topo norte da Lezíria) se atingiram níveis de salinidade elevados, deixando toda a área do aproveitamento hidroagrícola numa situação de perigo iminente de perda de culturas”, acrescenta.

O comunicado salienta que a interrupção no troço principal do Sorraia em julho e agosto “ocorre fora da época de migração e de reprodução das espécies piscícolas”.

“No entanto, a perda de continuidade no troço principal do rio é minimizada pelo sistema de valas existente no perímetro de rega com ligação ao rio Sorraia a jusante do açude”, sublinha.

A APA afirma que, na sequência de notícias dando conta de “toneladas de peixe de água doce” a “morrer lentamente por causa dos efeitos da água salgada proveniente das marés”, a Administração da Região Hidrográfica do Tejo realizou hoje de manhã uma ação de fiscalização.

Foram percorridos, de barco, cerca de quatro quilómetros do rio Sorraia para jusante do açude e cerca de dois quilómetros para montante no rio Almansor.

“Não se encontraram quaisquer peixes mortos ou moribundos”, afirma, salientando que o percurso “foi realizado a bordo do barco de um pescador que desenvolve a sua atividade nestes rios e que confirmou a inexistência de peixes mortos para montante ou para jusante do açude”.

Contudo, assegura, “em caso de se verificar a morte de peixes, o açude será de imediato removido”.

Segundo a APA, “os níveis de salinidade medidos na foz do Risco, ponto de controlo a cerca de seis quilómetros a montante do açude no rio Sorraia, apresentavam, antes da construção deste, grande variabilidade, tendo atingido cerca de 1,8 gramas por litro, valores típicos de águas salobras, pelo que neste troço do rio Sorraia, antes da construção do açude, não existiam indivíduos de espécies piscícolas sensíveis à salinidade decorrente da construção de uma barreia à progressão da cunha salina para montante”.

Na segunda-feira, o PAN – Pessoas-Animais-Natureza questionou o Governo sobre a interrupção do rio Sorraia, em Samora Correia (Benavente, distrito de Santarém), alegando que a intervenção “provocou alterações ao caudal hidrológico do rio, tendo causado já a morte de vários peixes de diferentes espécies e podendo vir a ter efeitos catastróficos na biodiversidade do rio e da Reserva Natural do Estuário do Tejo”.

O rio Sorraia nasce na freguesia do Couço (Coruche, Santarém) e resulta da junção de duas ribeiras, o rio de Sor e o rio de Raia, sendo o afluente português do Tejo com maior bacia hidrográfica.

Ao longo do seu curso desaguam várias ribeiras, sendo as principais as de Erra, de Divor e de Juliano, e, junto a Porto Alto (Benavente), recebe o rio Almansor.

 

Foto: DR

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