Na reunião entre a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e a Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal, Mação e concelhos limítrofes, realizada em Abrantes na semana passada, o técnico João Nuno Alcaravela destaca a preocupação gerada pelos agricultores e proprietários de terrenos, da região, em relação ao crescente roubo de cortiça de cabos elétricos de cobre dos postos de transformação da E-Redes (PT’s).
O técnico refere que, recentemente, numa sessão com a PSP de Santarém, foi indicado que estaria em curso a divulgação pública de que os cabos dos PT’s das herdades agrícolas estão a “ser mudados para alumínio para reduzir os assaltos”.
Já no caso dos roubos de cortiça indica que tem vindo a estudar essa questão, recorrente, e apresenta a sugestão da realizar de um “manifesto de produção” como já acontece com a pinha, por exemplo. E a solução poderia passar pelas pessoas que transportam a cortiça poderem ter um “documento complementar” onde estivesse “vinculada a origem da cortiça.” O técnico da Associação de Agricultores refere que dessa forma poderiam dissuadir o problema de transporte ilegal, fazendo a que quem fosse apanhado “com a cortiça sem origem a carga fosse automaticamente apreendida”.
João Nuno Alcaravela
Luís Mira, secretário-geral Confederação dos Agricultores de Portugal, complementa e em declarações aos jornalistas refere que o governo “anunciou algumas medidas ligadas ao campo seguro.” E que acrescenta que “tem que haver alteração no quadro legislativo e judicial relativamente aquilo que hoje existe. Tem também que existir uma ação mais conjugada entre as organizações de agricultores e as autoridades”. Luís Mira, informa que “foi criada uma plataforma para localizar os sítios onde ocorreram os assaltos”, mas que esse modelo não chega. Seria necessário colocar cada vez “tecnologia, com câmaras de vigilância”, pois “não é possível ter um polícia ao pé de cada árvore ou ao pé de cada PT.” No entanto, vinca que é possível “fazer ações de controle nas estradas, é possível junto dos recetores.” E isso é possível nos roubos de cortiça, de azeitona, de pinhas, de melão, de tudo o que vale dinheiro.
Luís Mira, CAP
De referir que no dia 17 de julho foram detidos dois homens, com 39 e 42 anos de idade, no concelho de Santiago do Cacém, acusado de roubo de cortiça. A GNR no decorrer de uma investigação sobre furtos de cortiça na região, identificou uma viatura suspeita e os indivíduos, ao perceberem a presença das autoridades, tentaram fugir, mas foram rapidamente intercetados e imobilizados em Alcácer do Sal. Durante a operação, foram apreendidos dois veículos, 1.323 quilos de cortiça e um cão, que havia sido roubado do proprietário do terreno onde ocorrera o furto. Também um homem, de 43 anos, foi constituído arguido por furto de produtos agrícolas, no concelho de Ferreira do Alentejo, onde a GNR apreendeu uma tonelada de melão e 60 quilos de melancia roubados.
Excesso de javalis continua a preocupar os agricultores
Luís Damas, presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal, Mação e Limítrofes, destaca que na região de Abrantes, surge também problema dos javalis que preocupa a população. São conhecidos os casos dos animais que perdem a vergonha e para além de destruírem horas e zonas agrícolas entram também nas zonas urbanas. Refere que vai sair “entretanto, uma norma que os caçadores podem caçar todos os dias”, de forma a reduzir a “densidade de animais que existe”, pois a “praga” tem vindo a causar prejuízos. E aponta o caso Associação de Exportadores de Milho que indicou “oito milhões de euros de prejuízos” por causa dos javalis. Também nas aldeias quem “quiser fazer uma horta é impossível.” E depois aponta outro problema “se se avançar com a agricultura nos condomínios de aldeia e se esta praga continuar, não temos hipótese”.
Luís Damas
Cada vez mais estes animais aproximam-se da população, e desde 2023 que se tem vindo a avistar javalis dentro nas ruas e bairros habitacionais de Abrantes.
Cristiana Farinha
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