O presidente da Assembleia Geral da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Torrejanos (AHBVT), em Torres Novas, confirmou hoje a marcação de uma sessão extraordinária para destituição da atual direção, numa ação originada pela suspensão do comandante da corporação.
“A Assembleia geral extraordinária foi solicitada por um grupo de sócios e sou obrigado a convocar. Está marcada para dia 17 de fevereiro e vai discutir os pontos apresentados pelos sócios, entre eles a destituição da atual direção”, disse hoje à Lusa Arnaldo Santos, presidente da Assembleia Geral daquela Associação Humanitária do distrito de Santarém, tendo o dirigente sido criticado pelo presidente da direção em exercício.
Em comunicado, a direção da AHBVT, presidida por Nuno Cruz, visando a “defesa do bom nome da Associação (…) e atendendo aos “mais recentes acontecimentos”, afirma “repudiar toda a corrente de desinformação que (…) grassa na opinião pública”, num processo que teve origem na não renovação do atual comandante e que culminou com um pedido de destituição da direção, confirmado hoje à Lusa pelo presidente da assembleia geral.
“Contrariamente ao que tem vindo a publico, onde um grupo, maioritariamente alheio aos Bombeiros de Torres Novas, tem procurado misturar tudo numa amálgama de problemas por forma a que não sejam entendíveis na opinião publica, importa desde logo, separar e isolar cada um dos problemas que afetam de forma gravosa, o quotidiano dos bombeiros Torrejanos e da Associação que o detém e mantém”, indicou Nuno Cruz, tendo abordado a situação da AHBVT e a não renovação da comissão de serviço do Comandante, e criticado Arnaldo Santos, “enquanto presidente da Mesa da Assembleia Geral e ex-presidente da direção” da AHBVT.
“A recente convocatória de Assembleia Geral Extraordinária que visa destituir a direção da associação em funções, só pode ter por escopo fazer ocultar uma eventual fraude fiscal na ordem de meio milhão de euros, apurada pela atual direção e alertada pelo Conselho Fiscal à anterior direção da associação desde há anos, naturalmente apontada às gestões anteriores que tinham como presidente da direção Arnaldo Santos”, afirmou o dirigente.
Segundo Nuno Cruz, “a atual direção, após a sua tomada de posse, ao tomar conhecimento de tais ilegalidades, procurou restabelecer toda a legalidade e impor condutas de rigor e transparência na gestão, que está e deve estar, sempre subordinada ao escrutínio da aplicação de dinheiros públicos”.
Questionado pela Lusa, Arnaldo Santos, que disse desconhecer a que se refere Nuno Cruz, rejeitou as acusações, tendo afirmado que a direção dos bombeiros “é um órgão colegial”, onde “todos têm as suas competências e responsabilidades” a desempenhar e assumir.
“De acordo com os estatutos, são competências do tesoureiro tudo quanto diga respeito à contabilidade e finanças da associação e nunca o tesoureiro falou ou deu qualquer informação sobre eventuais fraudes fiscais, portanto, não sei a quer se quer referir”, assegurou, tendo feito notar que “o tesoureiro da direção que quer acusar seja o mesmo de hoje”.
O litígio começou depois do comandante dos Bombeiros Voluntários Torrejanos ter sido suspenso preventivamente de funções em janeiro, com processo disciplinar, por atitude “negligente” e outras acusações, indicou à Lusa a direção da corporação de Torres Novas.
“Obstrução às orientações” da direção, “conflitualidade”, “abandono de funções para parte incerta sem nomear substituto” e “oposição a todas as mudanças” definidas pela direção foram alguns dos motivos, sendo-lhe atribuída ainda responsabilidade na “desmotivação e desunião do corpo de bombeiros”, entre outras.
Segundo a AHBVT, “por estas e outras razões, entendeu a direção não renovar a comissão de serviço do sr. comandante José Carlos Sénica Pereira, que terminava no passado dia 19 de dezembro de 2023”, tendo o comandante recorrido da decisão para uma comissão arbitral, presidia por Arnaldo Santos, e que lhe deu razão, e com a AHBVT a responder com um processo disciplinar e com um processo judicial, que decorre.
Nuno Cruz, que tomou posse em maio de 2023 para um mandato de três anos, disse à Lusa que mantém o seu projeto de reestruturação da AHBVT, numa “missão que assenta (…) no apoio às populações, ao socorro e à emergência”, em “propósito que só pode ser cumprido se a gestão for feita de forma transparente, justa, e garantir, por meios próprios, que a associação gera a autonomia financeira indispensável para a melhoria do socorro, da emergência, do apoio às populações e das condições de trabalho dos Bombeiros”, concluiu.
Lusa