A Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação não recebeu qualquer verba dos trabalhos desenvolvidos na Zona de Intervenção Florestal (ZIF) de Alcaravela e Valhascos/Sardoal. A revelação foi feita por Luís Damas, presidente da Associação de Agricultores de Abrantes numa reunião com presidente, secretário-geral e técnicos da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).
O dirigente explicou que a associação que lidera tem, nesta altura, o acompanhamento de seis ZIF’s, com uma gestão de 72 mil hectares. Para além das duas no concelho de Sardoal, a Associação faz a gestão de outras quatro, a sul do Tejo, onde foi muito mais fácil fazer a ZIF porque as propriedades são de maior dimensão. Estão localizadas em Gavião, Comenda, Rio Torto e Charneca Abrantes
“A norte do Tejo são duas ZIF e foram precisos três anos para as fazer”, revelou Luís Damas que indicou ainda que o Estado “não quer pagar porque dizem que já está fechado.”
Ou seja, para além do tempo que demorou a criar as ZIF, como se passou pelo período de pandemia, num processo muito moroso, mas com bons resultados uma vez que já estão reconhecidas no portal do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), agora é dito que o processo de encontra fechado. E com esta informação, todo o trabalho técnico da Associação de Agricultores ficou por cobrar. “Recebemos uma carta não muito simpática a dizer que o projeto está fechado, quer fisicamente, quer administrativamente”, revela Luís Damas. O dirigente acrescenta que está em causa cerca de 30 mil euros e pediu ajuda à Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) apoio no sentido de ver se é possível reabrir o processo. “A CAP vai enviar uma carta ao ministro, vai chatear para tentar que possamos receber o dinheiro do trabalho que fizemos”, disse o presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal, Mação e concelhos limítrofes.
As Zif’s em pleno funcionamento, para além do agrupamento dos proprietários têm facilidades na isenção de IMI, por exemplo, sobre as propriedades que integram os seus perímetros.
A Associação de Agricultores é a entidade gestora da Área Integrada de Gestão de Paisagem (AIGP) de Sardoal, para além de estar a fazer trabalho técnico na AIGP do Caniçal, em Oleiros.
Sobre as dificuldades que estão a ser sentidas no terreno, no Sardoal, a explicação de Luís Damas é simples. Em Mação (concelho com nove AIGP’s propostas, das quais duas já estão no terreno) ou em Oleiros os proprietários perderam tudo nos incêndios, pelo que entram, na maioria dos casos, de bom grado nestas estruturas. Em Sardoal a AIGP está a ser implementada numa zona que não ardeu. Ou seja, há muita floresta e muita expetativa de os proprietários em poderem ter lucro com a floresta daquela zona. “Não está a ser fácil”, confirma Luís Damas, mas afirma que trabalho está a ser feito.
A Associação está a fazer trabalho técnico na AIGP do Caniçal, Oleiros. Houve um trabalho técnico da associação abrantina num terreno de grande dimensão próximo da zona onde está a ser implementada a AIGP e a entidade gestora gostou do trabalho e contratou a associação para que a sua equipa técnica faça o conjunto de modificação dos mosaicos na paisagem. Luís Damas explicou que nas AIGP, ao contrário das ZIF’s, há dinheiro para a sua implementação e são planos a 20 anos com financiamentos definidos e garantidos por este período
Luís Damas, presidente Associação de Agricultores
Já nos “Condomínios de Aldeia” a Associação de Agricultores está a implementar quatro no Sardoal, num investimento de 300 mil euros, quatro em Abrantes, com mais 300 mil euros de investimento, e cinco em Oleiros, com 260 mil euros de verba para aplicar na mudança de mosaicos de floresta para áreas agrícolas com olival, vinha, medronheiros ou cerejeiras. O caso dos “Condomínios de Aldeia” torna-se mais fácil uma vez que, clarifica Luís Damas, “quando um proprietário faz, os outros depois também querem fazer.”