A Câmara de Tomar chegou a acordo com os proprietários dos terrenos que dão acesso à praia fluvial de Alverangel, cortados desde junho por uma vedação, investindo o município num acesso mais afastado da habitação privada, foi hoje anunciado.
“A solução foi encontrada há algum tempo, em diálogo com os proprietários, comigo e com o apoio dos serviços, e a solução possível, para um espaço muito exíguo e onde duas viaturas têm dificuldade em se cruzar, requer obra e o lançar de uma empreitada que pretende criar as condições para que as pessoas de Alverangel, e não só, possam continuar a aceder àquela praia fluvial”, disse hoje à Lusa o presidente do município de Tomar, no distrito de Santarém.
Hugo Cristóvão disse que “o acordo inclui o acesso por um caminho em que parte é público e parte é de domínio privado”, tendo os proprietários do terreno “dado o seu consentimento” à passagem da população e de turistas “desde que a sua casa fique resguardada” em termos de privacidade.
“Será sempre um acesso limitado, porque as condições físicas no local e o acesso ao rio é muito exíguo, mas o que vamos fazer é melhorar o acesso pedonal, desviando ligeiramente uma parte do percurso do terreno da habitação, criando escadas e rampas, e a outra parte será feita pelo mesmo caminho que se fazia e até onde será possível parquear viaturas e fazer inversão de marcha”, detalhou o autarca.
A colocação de uma vedação cortou em junho de 2024 o acesso à praia fluvial de Alverangel, que se fazia por um terreno privado, o que gerou protestos e apelos da população ao presidente do município para intervir.
Moradores da freguesia de São Pedro, onde se situa a praia fluvial, em plena albufeira de Castelo do Bode, não se conformaram com a colocação de um portão por parte do proprietário do terreno para vedar a passagem pelo local e criou uma petição pública “contra o encerramento do acesso”, dirigida ao presidente da Câmara Municipal de Tomar, tendo recolhido mais de 500 assinaturas.
Na petição, em que se lê “a praia é nossa há mais de 50 anos”, os signatários referem que o local é procurado “por aqueles que gostam de um ambiente sereno e tranquilo, de alta qualidade”, sendo “um dos recantos mais aprazíveis da albufeira de Castelo do Bode”.
É ainda referido que “a praia fluvial de Alverangel está identificada como tal pelos Ministérios da Defesa Nacional e da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território”, mas “tem agora o acesso fechado com uma corrente e todos os banhistas têm sido expulsos e afastados pelos novos proprietários”.
Nesse sentido, os subscritores pediram ajuda para “ter de volta o acesso a pé à praia fluvial”, diligências que o presidente do município confirmou, na ocasião, à Lusa, ter iniciado junto dos proprietários dos terrenos.
“Já houve uma primeira reunião com o principal proprietário”, disse Cristóvão, em junho, e em que “foi expressa essa vontade de encontrar uma solução que seja razoável e que seja boa para a comunidade, mas também, por outro lado, para o proprietário, no sentido em que tem efetivamente ali uma propriedade e tem direito a ela”.
Hugo Cristóvão disse ainda que, no limite, poderia ser feita uma tentativa da expropriação com o argumento do interesse público.
“E o município está, enquanto representante da comunidade, e sabendo que há ali uma praia que está classificada como tal, no âmbito do Plano Especial de Ordenamento da Albufeira de Castelo de Bode (PEOACB), disponível para chegar a essa possibilidade se, enfim, não houver outras possibilidades pelo meio”, afirmou.
Para o autarca “é com o diálogo que se podem encontrar melhores soluções”, concluiu.
Lusa