Os caudais dos rios da bacia do Tejo em Espanha estão "em clara descida", mas 21 estações de medição mantêm-se em nível vermelho por risco de transbordo e inundações, segundo as autoridades espanholas.
Segundo a informação disponibilizada pela Confederação Hidrográfica do Tejo (CHT), às 15:00 locais (14:00 em Lisboa), 21 estações de medição estavam "em nível vermelho", todas nas regiões de Madrid e Castela La Mancha (neste caso, sobretudo, na zona de Toledo e Guadalajara).
"O aviso de nível vermelho refere-se a situações hidrológicas muito perigosas com provável inundação de zonas habitadas e cortes de vias de comunicação importantes, sendo recomendável reforçar as medidas de proteção e os bens expostos", segundo a CHT, um organismo público que tem como missão seguir a informação relativa aos caudais na bacia do Tejo.
Segundo a CHT, no domingo à tarde, 19 barragens na bacia do Tejo estavam a fazer descargas de água "significativas".
Em declarações a jornalistas em Madrid, o presidente da CHT, Antonio Yáñez, afirmou que a previsão é que ao longo do dia de hoje o caudal máximo do Tejo passe por Toledo e que, a seguir, os níveis máximos de água comecem a ser registados na região da Extremadura, onde as maiores barragens da região, que tem fronteira com Portugal, estão a fazer descargas.
Segundo Antonio Yáñez, estão a passar para o lado português cerca de 2.250 metros cúbicos de água por segundo no Tejo, um caudal assinalável face ao habitual na fronteira.
Antonio Yáñez disse que os caudais na bacia do Tejo em Espanha estão em "clara descida", mas que se mantêm riscos para os próximos dias, por causa do esperado degelo em várias serras, sobretudo, em redor de Madrid, que poderia afetar os níveis das águas de diversos cursos de água.
É o caso do rio Manzanares, que passa pela capital espanhola e que no final da semana passada teve um caudal multiplicado por 15 vezes em relação ao habitual, gerando um alerta raro de risco de transbordo.
Em declarações à agência Lusa, o responsável do sub-comando da Proteção Civil do Médio Tejo apontou para caudais na ordem dos 2.600 m3/s registados hoje em Almourol, e “manutenção destes níveis” debitados pelo conjunto de barragens, ao longo do dia, tendo adiantado a previsão de que na terça-feira os níveis comecem a baixar.
“Estamos a monitorizar e a acompanhar os efeitos, os alertas à população foram feitos, e agora é manter os cuidados, não arriscar, não ir fazer turismo de catástrofe, ou seja, não interagir com os efeitos dos caudais nem com as zonas que estão interditadas pelas forças de segurança e pelos serviços municipais”, disse David Lobato.
Com os valores previstos a serem debitados por Espanha, em conjunto com a sub-bacia portuguesa, o risco de galgamento das margens do Tejo mantém-se elevado, inundando os locais historicamente suscetíveis de inundação.
Os solos encontram-se saturados, pelo que a água que neste momento afeta as vias rodoviárias terá uma descida lenta, indicou a Proteção Civil.
Lusa