Não há um grande monumento, ou uma atração de peso, mas há oferta, há produto e há a mais-valia da Chamusca, e do Ribatejo, que são as pessoas e a forma genuína como sabem receber. E agora, é preciso promover tudo o que existe nesta região, tudo o que um segmento de turismo procura.
A vila da Chamusca recebeu esta segunda-feira, dia 23 de outubro, o 1.º Encontro de Agentes Turísticos do concelho.
Foi uma tarde de abordagens relacionadas com o turismo, o mercado, a promoção, a formação e, no fim de contas, com a preparação de um futuro que todos querem mais risonho.
O evento foi organizado pelo Município da Chamusca com o objetivo de promover o território e a marca “Visit Chamusca, o Coração do Ribatejo”.
A iniciativa reuniu profissionais que representam setores-chave do turismo, tais como restauração, hotelaria, empresas de animação turística, agências de viagens e museus.
Paulo Queimado, o presidente da Câmara da Chamusca, fez as honras de abertura da sessão onde explicou que está a ser desenhado um plano estratégico de turismo na Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLZ) e, consequentemente, pelos 11 municípios que a integram.
Paulo Queimado, presidente CM Chamusca
Depois, localmente, o autarca vincou as ações que estão a ser feitas com os produtores por forma a trabalhar em conjunto o território: “Temos vindo a trabalhar e temos agora uma plataforma única (visit chamusca) para o nosso território [Chamusca]. Como é que conseguimos captar mais turistas? Há uma realidade de Lisboa que é o turismo massivo e que as pessoas começam a ficar fartas. E mesmo assim não conseguimos captar turistas para o nosso território”, explicou Paulo Queimado que enfatizou o trabalho na CIMLT porque “sozinhos não conseguimos fazer nada.”
O autarca explicou que têm feito algumas campanhas, diversas campanhas em diversos meios, para além das presenças na Bolsa de Turismo de Lisboa, Feira Nacional de Agricultura ou outros eventos de dimensão nacional.
José Manual Santos, o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, começou por vincar que primeiro é preciso identificar os pequenos problemas que afetam o turismo local. E muitas vezes há pequenos problemas que podem identificar pequenas melhorias sem grandes mudanças. É fundamental, afirmou.
Depois, em segundo lugar destacou que a entidade que lidera trabalha um universo (Alentejo e Ribatejo) mais ou menos do tamanho da Bélgica. “E preciso gerir várias situações que ocorrem nesta região. Gerir o grande fluxo a Évora, nalgumas alturas, ou a Comporta. Mas como é que conseguimos ter bom produto turístico na Chamusca que não tem nenhum monumento?”
E deixou ainda outra nota do diagnóstico feito na região: “Temos uma taxa de dormidas muito baixa na Lezíria”.
Mas logo de seguida anunciou a ação que pode vir a mudar, e muito, o estado de coisas como existem. “Estamos com a ambição de tornar o Ribatejo como zona turística. Penso que Ribatejo é o branding [depois tem estas coisas administrativas, a divisão], mas é identificativo. A Chamusca já tem produtos. Mas a questão é como é que os trabalhamos.”
E a solução parece ser simples: “identificar os produtos e ganhar escala juntamente com outros operadores de outros concelhos. E há aqui um trabalho de porta a porta que tem de ser feito.”
José Manuel Santos destacou que há, hoje, turistas que procuram muito os produtos e experiências ligadas às identidades dos territórios, o turismo imersivo. E indicou que estas regiões têm de ir à procura dessas empresas que promovem estes produtos. Mas, acrescentou, “temos de identificar os produtos e levá-los depois aos operadores. Na charneca e na Chamusca há muito potencial.”
O presidente da Entidade Regional de Turismo reforçou ainda que esta “venda” do Ribatejo tem de ter mais investimento. “Precisamos de vocês para criar ofertas e roteiros para depois fazer a promoção”.
Depois anunciou que a própria Entidade Regional de Turismo, vai ter, em Santarém, uma delegação fixa, na Casa do Campino. E essa delegação vai ter um técnico a tempo inteiro para tratar de todas as questões destes 11 concelhos do Ribatejo. E até um dos vice-presidentes vai passar a estar mais tempo em Santarém para fazer este trabalho.
“O mais difícil está feito, pelo exemplo da Chamusca. Agora temos de agarrar nesta oferta para a ‘vender’ e para trazer mais pessoas à Chamusca”, concluiu José Manuel Santos.
José Manuel Santos, Turismo do Alentejo e Ribatejo
Depois seguiu-se a apresentação de todos os projetos turísticos do concelho da Chamusca, em que os empresários fizeram a apresentação dos seus produtos ou empresas, em 2 a 4 minutos. Uma forma de todos se conhecerem, como viria a dizer mais tarde o presidente da Câmara. “As coisas acontecem e existem. Só não falamos uns com os outros. Por isso estes encontros de network são fundamentais para todos sabermos quem somos e onde estamos no território. E podermos conhecer-nos todos uns aos outros, sem olharmos apenas para os nossos umbigos”.
Paulo Queimado vincou que é importante perceber algumas coisas, pois passa-se muita coisa na Chamusca, as pessoas é que não aparecem.
E adiantou que, atualmente, o concelho tem 17 alojamentos locais registados. Há um trabalho na agenda cultural e com eventos dedicados em todas as freguesias. E respondeu a todos os que acusam a sua gestão de só querer festas: “Não fazemos festas. Fazemos eventos de promoção local. Gastamos, por ano, 1 milhão de euros em todo o concelho em eventos de promoção local”. E acrescentou que o concelho tem património edificado, mas temos um património muito maior que são as pessoas. “Recebemos bem. Temos o ADN do Ribatejo. Somos o ‘Coração do Ribatejo’, já que Santarém preferiu ser a capital do Gótico”.
Paulo Queimado, presidente CM Chamusca
E concluiu com o trabalho que está a ser feito: “Andámos aqui à procura do nosso caminho. Foi difícil escolher alguma coisa que nos identificasse. Temos na Chamusca tudo aquilo que é o Ribatejo. Então se temos cá tudo, escolhemos ser o coração do Ribatejo.”
Turismo de Portugal protocola ‘Formação’ com a Chamusca
Daniel Pinto, da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste esteve presente na sessão da Chamusca para apresentar o programa “Formação Mais Próxima” e rubricar o protocolo entre o Turismo de Portugal e o Município da Chamusca.
Trata-se de um programa nascido dos problemas que a pandemia e o fecho dos mercados nesses períodos causaram. É fundamental olhar para as pessoas de outra forma, referiu, e uma dessas formas é apostar nos recursos humanos: “a formação é um caminho que devemos seguir cada vez mais.”
Um dos destaques destas ações da escola sedeada nas Caldas da Rainha é a proximidade física com os formadores. A proximidade aplica-se aos formandos, mas também aos formadores que vão trabalhar as ações.
A principal ação ou preocupação deste programa é com as pessoas. As pessoas do setor. Os empresários. As pessoas que recebem os turistas. E há quatro pilares na génese deste programa: atrair, formar, qualificar e fidelizar.
O “Formação Mais Próxima” pretende chegar a 75 mil pessoas que trabalham na área do turismo e a todos os agentes. A Base de trabalho do protocolo é com os municípios, mas depois alargar a outras entidades.
Daniel Pinto deu um exemplo: “Nas Caldas da Rainha fizemos acordo com o Município, mas depois fizemos uma ação de vitrinismo, com a associação comercial local.”
As áreas de formação são diversificadas e podem ser adequadas às necessidades de cada região: capacitação, línguas, digital, gastronomia, inclusão ou acessibilidade. Os módulos têm a duração que for necessária.
Daniel Pinto, Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste
Em modo de conclusão Daniel Pinto apresentou a escola e os dois novos cursos: curso de turismo literário e curso de saúde e bem-estar. E destacou a necessidade de se olhar para os novos programas de educação-formação.
Acrescentou ainda que as 12 escolas do Turismo de Portugal têm a Academia Digital que disponibiliza formação gratuita e on-line na área do turismo.
Reportagem: Jerónimo Belo Jorge
Fotografias: Jade Garcia
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