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Proteção Civil: Comando do Médio Tejo organiza formação com uso de máquinas de rastos (c/áudio, vídeo e fotos)

4/07/2023 às 20:04

Os incêndios são, nos dias correntes, situações cada vez mais complexas e exigentes, do ponto de vista de planeamento e operacionalidade. E por estes tempos, com mudanças no clima que se notam, cada vez mais, e na floresta, acima de tudo, é preciso juntar todo o tipo de “ajuda” no caso de existir uma ocorrência significativa.

É por isso que tanto o ministro da Administração Interna, como o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) falam, cada vez mais, em incêndios catastróficos ou de graus mais elevados do que aquilo que eram os parâmetros de fogos florestais nas últimas décadas.

Aquela ideia de que os bombeiros “têm medo de ir para o meio do mato”, que muitas vezes se ouve pelos cafés ou ruas das nossas aldeias é completamente errada, porque pelos tempos atuais os fogos ou combatem-se na primeira meia hora ou então a probabilidade de um fogo ganhar uma dimensão elevada aumenta substancialmente.

É por isso que todos os responsáveis envolvidos nestas áreas pedem cautelas no uso do fogo nas matas, no uso máquinas agrícolas ou nas ações de lazer que, amiúde, todos estávamos habituados a fazer. E se pode haver fogos com causas naturais, as ignições por descuido ou negligência continuam muito altas. E depois há o incendiarismo, ou os fogos originados por mão criminosa, seja com interesses económicos ou por pessoas que depois são declaradas inimputáveis.

Como dizem os responsáveis da ANEPC há um segmento em que todos nós podemos ajudar e muito. Trata-se na diminuição dos fogos rurais e florestais por negligência ou uso de equipamentos agrícolas. E aqui o pedido é repetido até à exaustão, nos dias de maior calor ou de alertas não devem ir para o mato, para a floresta, fazer trabalhos agrícolas ou qualquer tipo de atividades que inclua fogo, incluindo fumar um simples cigarro. É aqui, dizem os responsáveis que a ação dos cidadãos pode fazer diferença.

Depois há o problema das florestas, mais vasto e com outro lastro que tem de ser resolvido com outro ordenamento do território. E aí há projetos e propostas em marcha, mas a mais longo prazo.

Por isso, quando há fogo, são os agentes da Proteção Civil, a começar pelos bombeiros que vão para o terreno para combater qualquer ignição. E aos bombeiros junta-se a Unidade Especial de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR, Força Especial de Proteção Civil, GNR e PSP, exército, Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), sapadores florestais das Comunidades Intermunicipais e das associações de agricultores, a que se juntam também os meios disponibilizados pela AFOCELCA (dos produtores florestais) e, por exemplo, por equipas com kits de primeira intervenção.

No meio de uma panóplia de entidades com meios aéreos e terrestres e com muitos operacionais há um grupo que é, cada vez mais chamado a intervir em incêndios florestais. E se há 10 ou 15 anos víamos as máquinas de rastos serem pedidas para fazer rescaldos ou proteção a aldeias, ou ainda abrir um, ou outro estradão, hoje estas equipas são acionadas muito mais cedo para o teatro de operações.

Em geral, são equipas dos municípios, ICNF ou exército que entram no terreno, quando há incêndios que podem criar algumas preocupações. Mas estas equipas não atuam sozinhas ou à margem do comando de operações.

Nesse sentido o Comando Sub-regional da ANEPC do Médio Tejo organizou uma ação de formação esta terça-feira, 4 de julho, para todos os corpos de bombeiros do Médio Tejo, sapadores florestais, UEPS da GNR e Exército de utilização de máquinas de rastos no terreno.

A ação teve uma componente teórica, de manhã, e prática, à tarde, e o objetivo foi mostrar procedimentos a ter quando estas equipas entram no teatro de operações. E são cada vez mais constantes, seja em ações de prevenção, ajuda aos bombeiros ou consolidação de determinadas áreas.

Mas para existir um trabalho comum a toda a região todos devem falar a mesma linguagem. O principal objetivo foi o contacto com a máquina e o trabalho no terreno, sem esquecer as questões de segurança.

João Pitacas, segundo comandante da ANEPC do Médio Tejo, destacou a importância desta ação para melhorar ainda mais a interoperabilidade entre as diversas equipas e mostrar o potencial destes equipamentos nos incêndios ou outras ocorrências em que sejam necessárias.

O segundo comandante da Proteção Civil agradeceu a disponibilidade do Município de Abrantes e respetiva Proteção Civil Municipal pela disponibilidade da máquina para esta ação. Depois vincou que a máquina não é acionada logo num fogo nascente porque é preciso perceber em que terrenos é que os fogos andam e depois avaliar a possibilidade de utilização destes equipamentos. São muito importantes, mas não podem operar em qualquer lugar ou em qualquer terreno.

João Pitacas, segundo comandante ANEPC Médio Tejo

André Teodoro, segundo comandante dos Bombeiros de Abrantes, foi o formador e explicou à Antena Livre que houve uma primeira ação teórica e depois prática. É preciso perceber que existem determinadas condições para poderem ser acionadas as máquinas de rasto e que é preciso conhecer os modelos e as suas capacidades, pois existem muitos tipos de máquinas e que operam em cenários diferentes.

Depois, de acordo com o formador, há questões de segurança a ter em conta. A entrada destes equipamentos num teatro de operações é sempre acompanhada por uma, ou mais, equipas apeadas e com carros de combate a incêndios para prevenir qualquer incidente e, acima de tudo, salvaguardar o chefe de máquina e operador do equipamento. André Teodoro explicou que a sua ativação depende muito do tipo de terreno, da orografia, nomeadamente nos níveis de inclinação, e depois do tipo de vegetação. Uma máquina não entra “à-toa” a mandar árvores abaixo. Muitas vezes são acompanhadas por equipas com motosserras que cortam as árvores antes das máquinas trabalharem.

André Teodoro deixa um apelo a muitas das pessoas que têm, na região, máquinas agrícolas que no caso de fogos não avancem individualmente para fazer qualquer tipo de trabalho, para garantia de segurança. Devem mostrar a disponibilidade de ajuda e o tipo de maquinaria ao posto de comando que, depois, as pode acionar para determinados locais de uma ocorrência.

André Teodoro, segundo comandante Bombeiros Voluntários de Abrantes

De recordar que Portugal entrou na fase delta do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), o que significa o nível mais elevado de meios aéreos e terrestres disponíveis, em permanência, para fazer face aos incêndios. Esta fase está ativa até ao dia 30 de setembro.

 

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