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Dossier| Cónego José da Graça: A obra, o julgamento, a transferência, o conflito...

12/08/2019 às 00:00

Tem 76 anos. 

Nasceu a 20 de Dezembro de 1942 em Arneiro, no concelho alentejano de Nisa. Filho de Francisco da Graça Balbino e de Ana Teresa Diogo, José da Graça é um dos 4 filhos do casal.

Estudou 12 anos, entre 1955 e 1967 nos Seminários do Gavião, de Alcains e de Portalegre. Teve a ordenação sacerdotal a 9 de julho de 1967, na Sé de Portalegre.

Em 50 anos de sacerdócio, José da Graça serviu as paróquias de Ponte de Sor, Sertã, São Facundo, Santa Margarida da Coutada, Alferrarede, Rio de Moinhos, Martinchel e Aldeia do Mato e, atualmente até 15 de setembro, S. João e S. Vicente (Abrantes) e ainda as capelanias da unidade hospitalar de Abrantes, do Centro Hospitalar do Médio Tejo e da corporação dos Bombeiros Voluntários de Abrantes.

Promoveu várias obras na sua vida por estas bandas remodelação da Igreja de S. Facundo, restauração da Igreja de Vale das Mós, construção de uma Igreja em Esteveira, construção de uma residência paroquial em Vale das Mós, construção da Comunidade Terapêutica para recuperação de toxicodependentes em Sentieiras. O grande projeto da última década tem sido a construção de uma Igreja na Encosta da Barata, em Abrantes.

Depois segue o rol de instituições sociais: Jardim-de-infância de Vale das Mós e Centro de Dia em Vale das Mós, construção da Creche e Jardim-de-infância em Abrantes, criação do Serviço de Apoio Domiciliário a Idosos em Abrantes, Programa de Recuperação de Toxicodependentes “Projeto Homem”, criação do Centro de Dia, que apoia os toxicodependentes, Comunidade Terapêutica “João Guilherme” que dá continuidade ao programa “Projeto Homem”, criação dos Apartamentos de Reinserção Social, em Abrantes, Castelo Branco e Ponte de Sor, que conclui o programa “Projeto Homem”. Foi fundador e presidente do Banco Alimentar Contra a Fome de Abrantes, criou o Centro de Acolhimento para Crianças em Situação de Risco, é presidente da Direção do Centro Social Diocesano de Santo António de Portalegre, vogal da Assembleia-geral do Centro Social de Alferrarede, membro do Conselho de Administração da Fundação Ernesto Estrada, fundador da Associação Cultural e de Desenvolvimento Nova Aliança, que abrange a Livraria “Santa Maria” e o jornal “Nova Aliança”, diretor Adjunto e Administrador do jornal “Nova Aliança”, fundador do Centro de Convívio “Recordar é Viver” que dá resposta a pessoas idosas que combatem a solidão, criador de um Centro de Enfermagem, em Abrantes, composto por voluntários que dão apoio aos idosos mais carenciados e que necessitem de cuidados de saúde, construção do Lar para Idosos em Abrantes – Domus Pacis, restauro e remodelação da Casa Dª Maria Amélia, construção do Centro Social Interparoquial de Abrantes, na Rua Cidade de Parthenay, nº 414 – Creche, e Jardim de Infância e Serviço de Apoio Domiciliário.

Mas a 12 de junho, depois de várias sessões de julgamento, o Tribunal de Santarém condenou José da Graça, o padre que dirige o Centro Social Interparoquial de Abrantes (CSIA), a cinco anos de prisão, pena suspensa por igual período, por burla e falsificação de documentos.

Segundo a presidente do coletivo de juízas, o tribunal considerou provados todos os factos de que José da Graça, Pedro Moreira, ex-coordenador do Projeto Homem (comunidade terapêutica), e o CSIA vinham acusados, sublinhando que “não houve dúvidas” de que foram cometidos os crimes de burla tributária, burla qualificada e falsificação de documentos.

Pedro Moreira foi condenado a uma de pena dois anos e 10 meses de prisão, suspensa por igual período, e o CSIA ao pagamento de 70.000 euros.

O tribunal lembrou que esta instituição beneficiou de cerca de 199 mil euros de comparticipações pagas indevidamente, tendo devolvido ao Instituto de Segurança Social cerca de 133 mil euros.

 

No final de julho o Bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco divulgava os movimentos pastorais de 2019, nos quais anunciava retirar o Cónego José da Graça das Paróquias de Abrantes e das capelanias do Hospital e dos Bombeiros.

No mesmo documento altura nomeou o Padre António Martins Castanheira para Pároco de S. João e S. Vicente, transferindo-o de Alcains.

Nessa altura justificou as razões da decisão, na página da Diocese, referindo que não estava em causa o trabalho do Cónego José da Graça e que este tinha recusado qualquer outra paróquia. D. Antonino Dias revelava neste comunicado ter a noção do desassossego que iria causar, mas que rezava para que as pessoas em Abrantes percebessem esta medida.

A 3 de agosto um grupo de abrantinos, das mais variadas áreas, reuniu-se no Luna Hotel de Turismo para dar corpo ao MOSAR-CJG, Movimento Social de Apoio e Reconhecimento ao Cónego José da Graça. E na altura decidiram contrapor a decisão do Bispo, agendando uma reunião na Diocese e avançando com um abaixo-assinado e com um processo de contestação, ao abrigo do Direito Canónico. João Viana Rodrigues, advogado, explicou que, de acordo com a legislação da igreja, pode haver contestação legal à decisão.

Também o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, revelou que falou cerca de meia hora com o Bispo, que este lhe apresentou as razões e que a decisão era irreversível.

A 6 de agosto o bispo emitiu um decreto a nomear o Cónego José da Graça para Vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Assunção da Sé de Portalegre.

A 7 de agosto uma delegação do movimento de apoio ao Cónego José da Graça foi recebida pelo Bispo a quem manifestaram a sua posição de não quererem a saída do Cónego de Abrantes.

A 8 de agosto o Bispo, utilizando novamente a página da diocese, divulga um comunicado em que explica que recebeu a delegação de Abrantes e que lhes explicou os motivos da saída do Cónego José da Graça, que teve a ver com o processo judicial no qual foi condenado em primeira instância a 12 de julho. Explica que até aconselho o Cónego José da Graça a colocar o seu lugar à disposição. Como isso não aconteceu e como recusou aceitar qualquer nomeação, emitiu um decreto que obriga José da Graça a ser Vigário da Sé de Portalegre. Explica que o tom mais duro do decreto não é de autoritarismo ou de menor apreço peço ainda Cónego abrantino.

10 de agosto. Após saber do comunicado do Bispo o Movimento de apoio ao Cónego José da Graça emitiu também um comunicado em que mantém a mesma posição que tinha na semana passada, mesmo depois do Bispo ter emitido um decreto que desloca o Cónego José da Graça para Vigário da Sé de Portalegre.

O movimento revela que teve uma reunião na Diocese no dia 7 de agosto (quarta-feira), um dia depois de o Bispo ter emitido o Decreto que coloca o Cónego José da Graça em Portalegre a partir de 15 de setembro. Incompreensivelmente, um dia antes da reunião programada com o MOSAR, denunciando assim uma falta de respeito e consideração pelo que podia resultar da audição com os representantes da comunidade abrantina para este processo.”

Entre outros considerandos, o MOSAR-CJG “exorta o Reverendíssimo Bispo na procura de uma solução equitativa que ainda evite o conflito”, mas no mesmo comunicado não deixa de revelar que “não desejamos, mas, se forçados pelo Reverendíssimo Bispo, imputaremos a sua Excelência o ónus da responsabilidade pelo mesmo, assim como a responsabilidade de todas as possíveis demissões dos Órgãos Sociais das Instituições em apreço, recursos humanos da ajuda e difusão da fé cristã e impactos sociais derivados do mau funcionamento ou encerramento de estruturas de apoio e solidariedade social daí resultantes”.

 

Documentos:

 

 

 

 

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