São 88 stands onde Mação está a mostrar desde a passada quarta-feira as atividades económicas, o artesanato e as atividades das associações do concelho. Cinco dias de festa em que todo o concelho se envolve e mostra aos visitantes a “vida” de Mação. São cinco dias de convívio, de encontros e altura de acalmar as saudades daqueles que estão longe e que, por esta altura, regressam “à terra”.
A Feira Mostra e o dia-a-dia do concelho são o motivo da emissão especial que os jornalistas Patricia Seixas e Jerónimo Belo Jorge vão levar a efeito este sábado 6 de Julho entre as 11h e as 13h. Duas horas com muitos convidados, em direto de Mação.
Para ouvir em 89.7 fm ou ob line em www.antenalivre.pt
A Feira Mostra e o dia-a-dia do concelho foram os temas que guiaram a conversa com o presidente da Câmara Municipal de Mação,
VASCO ESTRELA
Que destaca da edição deste ano da Feira Mostra de Mação?
Começando pelo cartaz musical, temos Mariza, Capicua, Micaela, os HotPlay – Tributo a Coldplay e Dj Pantaleão. No entanto, também há espaço para a atuação de grupos do concelho, como o Conservatório de Música FIRMAÇÃO, espetáculo de variedades pela SFUMaçaense, Grupo de Cantares e do Grupo de Danças d'Os Maçaenses, Grupo Musical Amendoense e Grupo de Cantares da Serra. Este ano, como novidade, a tarde de domingo vai trazer o espetáculo infantil “O Recreio da Anita”. Depois, os 86 stands onde Mação mostra as suas atividades económicas, o artesanato e o trabalho desenvolvido pelas suas associações.
Qual a aposta no cartaz deste ano?
É a Mariza. É aquele nome forte que costumamos ter e que este ano é um bocadinho mais forte do que é habitual.
E mais caro...
E mais caro mas é a Mariza. É um nome conceituado e esperamos que as pessoas possam aderir.
O orçamento deste ano da Feira Mostra é diferente por isso?
Não. A Feira está dentro dos valores habituais, ou seja, cerca de 150 mil euros. Ao longo dos últimos anos, o valor está estabilizado neste montante, até por força da legislação. É claro que a Mariza obrigou aqui a alguns ajustes em termos de compensação de artistas mas está dentro do que é comportável para a Câmara.
Continua a ser uma Mostra virada para dentro mas a querer mostrar para fora?
Basicamente é isso. O que tentamos fazer é envolver todos aqueles que querem participar e fazer a Feira connosco. Não é que seja exclusivo mas há uma tentativa de que a Feira possa ser preenchida com as atividades económicas, com o artesanato e com as associações do concelho. Uma vez que é a Mostra do concelho de Mação, que o concelho se possa mostrar nas suas variadas facetas. E mais uma vez conseguimos atingir esse objetivo. Vamos ter 85 stands, mais o stand da Câmara Municipal onde também vão estar algumas associações presentes.
Como a vai viver? Consegue “despir-se” do papel de autarca?
Sim, claro. Mas o importante é que corra tudo bem e para que isso aconteça, se em alguns momentos tiver que ser mais autarca e menos Vasco, assim será...
A Ribeira de Eiras foi requalificada. Foi dos primeiros ex-libris do concelho...
Essa requalificação decorreu da candidatura que foi submetida à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) no âmbito dos incêndios e a intenção foi desassorear a ribeira e limpar o fundo dos detritos que ali se acumularam durante anos e que foi muito potenciado em razão dos incêndios. Aproveitámos para fazer uns melhoramentos significativos nas comportas e no paredão e alguns melhoramentos laterais para pensarmos numa perspetiva de reutilização daquele espaço para o fim que, em tempos, foi pensado. Ou seja, um espaço de lazer e praia fluvial. No entanto, para que isso aconteça, e é bom que as pessoas percebam, há ainda muito trabalho a fazer e tem a ver com uma eventual aquisição de terrenos naquela zona, garantia da qualidade da água a montante (que não depende da Câmara pois há ali ETAR's, nomeadamente na zona do Carvoeiro, que têm que ser intervencionadas pela Águas de Lisboa e Vale do Tejo), pois sem essa garantia não vale a pena estarmos a antecipar grandes cenários. É, portanto, uma primeira fase para reavivar aquela zona e perceber como é que, no futuro, vamos tirar partido dela. Mas não me vou comprometer com datas nem com projetos pois seria prematuro.
Mas dá para ir ao banho?
As pessoas podem ao ir ao banho mas por sua conta e risco. A Câmara não está a explorar aquele espaço, não há vigilância nem tem as análises da água feita. Por isso não estamos a divulgar o espaço como praia fluvial. Mas as pessoas podem ali tomar banho como em qualquer lugar em que haja água no concelho. O que foi feito foi para dar dignidade ao espaço e recuperá-lo como zona de lazer.
E quanto à aposta no património? Há núcleos museológicos previstos e recuperações de fontanários...
O Núcleo Museológico da Ortiga está praticamente pronto em termos de obra, iremos agora tratar da musealização do espaço, “vestir” o interior do edifício.
E onde está esse espólio?
O espólio está espalhado, no antigo museu municipal de Mação mas, essencialmente, na Ortiga, na Liga, nos Amigos da Estação, em particulares... agora, é reunir o espólio para preencher o Núcleo Museológico com o que estava previamente pensado.
Mas para além da Ortiga, há outros...
Adquirimos, há dois ou três anos, uma antiga fábrica de presuntos em Envendos para lá criar um Núcleo Museológico ligado à arte do presunto. Neste momento, está um pouco em stand-by porque não temos tido financiamentos para estas obras e teremos de aguardar.
E os fontanários?
A questão dos fontanários é um processo que já se arrasta há algum tempo. Temos centenas de fontanários no concelho, que o vice-presidente António Louro vai gerindo e vamos fazendo as recuperações de uma forma mais ou menos regular mas sem estar com grandes pressões. Está a correr muito bem pois as pessoas gostam de ver o seu território valorizado e os fontanário dizem muitos às comunidades locais.
Agora também há rotas com passeios pedestres no concelho... Como se prevê o verão em Mação? Não falta o que fazer...
Em Mação nunca falta o que fazer... Estamos a tratar do processo da documentação para homologação das Rotas e carregamento de conteúdos. Há um conjunto de pessoas a trabalhar, de uma forma mais ou menos discreta, nessa matéria. É um projeto que não está terminado, muito longe disso. Mas vamos começar a mexer a sério nesse processo e esperamos ter quatro percursos homologados até final do ano.
Incêndios. Qual é o ponto de situação dos processos que o Município intentou contra o Estado?
Eram duas ações que foram convertidas numa única ação porque a juíza entendeu que não havia necessidade de serem duas, uma vez que já tinha elementos suficientes para tomar a decisão e não necessitaria de ouvir as testemunhas arroladas quer por nós, quer pelo Ministério. Aguardamos, a muito breve prazo, uma decisão relativamente à providência cautelar e também à ação principal que intentámos contra o Estado relativamente à questão dos apoios e à possibilidade de o Município ter esses apoios através do Fundo de Solidariedade da União Europeia, que são os pagamentos a 100%.
Relativamente ao desvio de meios, estou a ponderar o que fazer em relação a esse assunto mas, muito provavelmente, iremos também intentar uma ação judicial.
Contra Rui Esteves?
Contra o Estado. Não contra o Rui Esteves em concreto mas também contra ele, uma vez que, na altura, além de ser Rui Esteves, era o Comandante Operacional Nacional. Estava investido de funções de direção e coordenação por parte do Estado, no Ministério da Administração Interna.
Entretanto, já passaram dois anos. O que é que ainda vos falta para decidirem?
Neste momento, com o relatório que temos da IGAI (Inspeção Geral da Administração Interna), não temos dúvidas, nem ninguém tem, sobre o que aconteceu. Era um ponto de honra da minha parte esclarecer esse assunto e ficou esclarecido no final de janeiro. Agora segue-se uma outra fase, que deverá ser feita, que é o concelho em si e as pessoas do concelho poderem ser ressarcidas dos prejuízos que tiveram. Isso faz-se por duas vias: por um lado, haver a possibilidade de nós podermos, efetivamente, ser ressarcidos dos prejuízos a 100% porque este processo custa-nos, grosso modo, mais de um milhão de euros, e é dinheiro que a Câmara poderia utilizar noutras coisas em benefício dos munícipes e não utiliza... por outro lado, houve cerca de 70 milhões de euros de prejuízo nos incêndios. Não digo que foi tudo culpa do desvio de meios e do comandante Rui Esteves, seria demagógico entrar por aí, mas há ali uma parte substancial, de cerca de metade deste valor, que, de acordo com o que vem no relatório, poderia ter sido evitado. Há esse apuramento de responsabilidades que convém fazer.
O Sistema MacFire está a ser implementado em todo o distrito de Santarém. Passados estes anos todos, qual é o sentimento de, finalmente, ver o sistema reconhecido?
É muito gratificante, essencialmente para o vice-presidente António Louro. Ele foi a pessoa que, desde a primeira hora, acreditou nesse projeto e quase que o concebeu. Como ele diz, é um “filho” dele que, neste momento, vai seguir a sua vida. E é muito bom porque todos temos a certeza que o trabalho desenvolvido nesse campo foi bem desenvolvido. A muito breve prazo assinaremos um protocolo com a Autoridade Nacional de Proteção Civil e com as Comunidades Intermunicipais do Médio Tejo e a da Lezíria do Tejo para formalizar todo o incremento desde Sistema em todo o distrito. Houve da parte do Governo um reconhecimento do esforço e do trabalho que aqui foi desenvolvido.
A questão da demografia é muito importante no concelho de Mação. A aposta social continua a ter um orçamento elevado nas contas do Município...
Vai tendo algum... se considerarmos aí também a questão da educação, por exemplo, que é importante para reter aqui os jovens e termos alunos de outros concelhos, estamos a falar de um investimento grande. No fundo, para tentarmos promover alguma qualidade de vida na nossa terra e para tentar suster este problema que é dramático. Os nascimentos estão equilibrados e não é correto dizer que estamos a conseguir, de alguma forma, inverter esta situação. Ao que julgo saber, nem nós nem ninguém.
A que se deve o facto de Mação acolher tantos alunos de outros concelhos?
Um pouco pela oferta educativa que existe e o facto de os cursos serem atrativos. Também tem muito a ver com o facto de a Câmara garantir os transportes de forma gratuita para os alunos virem para cá. Isso desonera as famílias e, aliado ao bom ambiente, boa fama que a escola tem e à qualidade do ensino que ali é praticado, é normal que haja alguma atratividade.
Há dois anos, a Câmara Municipal de Mação e o CRIA assinaram um protocolo para a cedência do antigo quartel dos bombeiros voluntários para a criação de um Centro de Atividades Ocupacionais e um Lar Residencial, na vila de Mação. Como está o Projeto?
Está em curso. Estamos a receber propostas para início de obra e, dentro em breve, teremos novidades no que respeita às empresas que concorreram, custos… Depois, virá o processo burocrático do visto do Tribunal de Contas, adjudicação da obra, contratualização… portanto, diria que, a correr bem, teremos meio ano para o início da obra e, espero eu, que durante o ano de 2020 a obra possa ser feita. Este é um investimento do Município que será feito no âmbito do Plano de Regeneração Urbana da vila, financiado a 50%.
Que tipo de obra vai ser feita?
Será uma modificação total do edifício. Terá tudo aquilo que é necessário para um equipamento daqueles: quartos adaptados, salas polivalentes, ginásio...
Patrícia Seixas