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Flores para defender o antigo mercado diário de Abrantes

1/07/2019 às 00:00

A iniciativa partiu das redes sociais, através de uma iniciativa lançada por José Rafael Nascimento e com uma ideia muito simples: colocar flores nos portões do antigo mercado diário de Abrantes. O objetivo também se afigura, segundo o promotor da iniciativa, de forma claraa impedir a demolição do edifício.

“Pensamos fazê-lo duas vezes ao ano. O mercado foi inaugurado a 1 de janeiro de 1933, fez 86 anos, e entendemos que como ação cívica, aberta a toda a sociedade, todos os dias 1 de julho e 1 de janeiro vamos colocar flores no mercado. Esta ação deverá ser feita enquanto não for claramente decidida a reversão da demolição do edifício no Plano de Urbanização de Abrantes”, explicou José Rafael Nascimento.

Enquanto o líder deste movimento se desmultiplicava em contactos com os cidadãos que foram colocar as flores no portão, outros chegavam para deixar a sua marca ou simplesmente vincarem que se associavam à ideia geral de impedir uma qualquer ideia de demolição deste edifício construído nos anos 30 do século passado.

José Rafael Nascimento destacou o lema do grupo dos amigos do mercado de Abrantes: Não à demolição do edifício histórico e sim à valorização do nosso mercado. Mas existem outros reparos. “Aquele novo edifício não funciona, dizem comerciantes e clientes”. Por outro lado é preciso saber como vai ser utilizado este edifício depois de reabilitado, por isso o grupo não confina a sua ação à defesa do antigo mercado.

José Rafael Nascimento acrescenta que “O PUA diz que vai ser demolido. O PUA tem força de Lei e diz que vai ser demolido porque está previsto no documento o alargamento desta rua [Avenida 25 de Abril]. Esta rua que já tem menos trânsito e caso seja construída a ponte de Tramagal, vai ter ainda menos”.

O líder do movimento que começou nas redes sociais vincou que a sua ação não tem qualquer ligação política e que pretende apenas impedir a demolição do edifício. E adiantou mais, que quem diz o contrário, que o PUA não é vinculativo, está apenas a atirar areia para os olhos das pessoas.

Entre as cerca de 50 pessoas que às 3 da tarde ali se deslocaram com flores nas mãos, estiveram o vereador do BE Armindo Silveira e o presidente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos, Rui André, líder de um movimento de independentes locais.

O vereador do Bloco de Esquerda salientou que o seu partido apresentou a reversão da demolição e a classificação como edifício de interesse municipal e, em ambos os casos, o Partido Socialista votou contra. “A classificação de interesse municipal não iria impedir a existência de obras”, vincou o vereador e garantiu que não vão desistir da luta que quer impedir a demolição do edifício.

Rui André é o presidente da Junta de Rio de Moinhos mas também quis deixar a sua flor no portão. Com esta ação afirmou que “pretende sensibilizar a Câmara Municipal para a preservação do passado, seja como mercado ou com outra utilização”.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, disse que a iniciativa foi "completamente extemporânea", tendo assegurado que "ninguém vai derrubar mercado nenhum", não se querendo alongar em mais declarações.

Recorde-se que o mercado municipal de Abrantes foi encerrado pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) em março de 2010 por falta de higiene e segurança. Na altura, a autarquia avançou para uma solução temporária dividindo o mercado em dois locais distintos até à construção do novo edifício que resultou da requalificação das antigas oficinas dos Claras, na rua Nossa Senhora da Conceição.

A 25 de abril de 2015, o novo mercado municipal foi inaugurado apesar das muitas criticas pelo abandono do antigo edifício.

Disse o promotor da iniciativa das redes sociais “Flores para o Mercado” que “desde 2016 o antigo mercado municipal está ao abandono”. José Rafael Nascimento deixou as suas flores e promete não deixar de olhar para esta situação com a garantia de que a 1 de janeiro de 2020, se nada se alterar, voltará a colocar flores em defesa do mercado.

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