Os próximos dois dias apresentam um aumento muito significativo do risco de incêndio rural devido às condições meteorológicas, alertou hoje a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), que definiu “tolerância zero” para o uso de fogo.
“Vamos assistir a um aumento muito significativo do perigo meteorológico de incêndio rural, com maior expressão no Centro e no Norte. Traduz-se em tempo seco e quente, com vento, e com uma variável que não ocorre muitas vezes: é muito provável que no território nacional possam ocorrer trovoadas, fruto da instabilidade atmosférica que está prevista para a tarde de hoje e durante amanhã [terça-feira]”, afirmou o adjunto nacional de operações da ANEPC, Pedro Nunes.
De acordo com o responsável do organismo, que tem estado em articulação com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), são esperados “fogos com uma progressão muito rápida e que rapidamente ficam fora da capacidade de combate” dos meios mobilizados, traduzindo-se numa “preocupação acrescida para o dispositivo” no terreno.
“Temos aqui um ‘cocktail’ meteorológico que em nada favorece as forças de combate que estão no terreno”, vincou Pedro Nunes, acrescentando que “foram pré-posicionados meios dos bombeiros e de outras entidades para dar mais músculo e mais força ao dispositivo” e que foi elevado o estado de alerta especial, “quer para o nível amarelo, quer para o nível laranja”, em todo o território nacional.
Os meios envolvidos neste pré-posicionamento assentam, essencialmente, em grupos de reforço a incêndios florestais estacionados em Macedo de Cavaleiros, Vila Real, Castelo Branco, Loulé e ainda uma brigada da força especial da ANEPC estacionada em Barranco do Velho, cada um com um número entre 30 e 60 elementos.
“O pré-posicionamento garante que haja um reforço imediato que esteja mais próximo do problema. E o problema são as áreas que estão a ser mais influenciadas pelos índices do perigo meteorológico. Se olharmos para os mapas de perigo, toda a faixa interior – desde Bragança até Faro - apresenta um índice preocupante”, explicou.
O adjunto nacional de operações da ANEPC reiterou a “tolerância zero” para o uso de fogo e apelou à população para ter “especial atenção ao uso de máquinas no espaço rural ou florestal”, pedindo que as pessoas evitem as atividades com esse tipo de equipamentos nos próximos dias. Pedro Nunes notou ainda que “a partir de quinta ou sexta-feira o perigo meteorológico decresça de forma considerável”, segundo as informações do IPMA.
Paralelamente, Pedro Nunes confirmou que foram feitas detenções ligadas a incêndios. “Temos informação de algumas detenções. Aliás, foi hoje mencionada essa questão pelo nosso oficial de ligação da GNR. Há algumas detenções que foram realizadas nos últimos dias, não sei precisar o número nem as zonas em concreto. Mas, sim, houve detenções que foram concretizadas, quer pela GNR, quer pela Polícia Judiciária”, observou.
Sobre o balanço dos últimos dias, o responsável da ANEPC adiantou que desde sexta-feira até às 12:00 de hoje foram registados aproximadamente 300 incêndios rurais e que, “neste momento, não há nenhuma situação preocupante”, referindo ainda que os dois fogos que mobilizaram mais meios no domingo, em Salvaterra de Magos e em Tavira, foram extintos.
Lusa