Um terço dos incêndios florestais registados este ano e investigados tiveram como causa queimadas e queimas, revela o último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
O relatório provisório de incêndios rurais, referente ao período entre 01 de janeiro e 15 de outubro, indica que, até à data, as causas mais frequentes em 2019 são o “incendiarismo – imputáveis” (29%) e “queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (16%), representando, conjuntamente, as várias tipologias de queimadas e queimas 33% das causas apuradas.
O ICNF precisa também que os reacendimentos representam 10% do total de causas apuradas, num valor inferior face à média dos 10 anos anteriores.
Segundo aquele organismo, foram investigados até 15 de outubro 80% dos incêndios rurais, permitindo a investigação atribuir uma causa a 65% dos fogos.
O relatório dá conta que se registaram, entre 01 de janeiro e 15 de outubro de 2019, 10.841 incêndios rurais, que resultaram em 41.622 hectares (ha) de área ardida, entre povoamentos (21.163 ha), matos (15.782 ha) e área agrícola (4.677 ha).
Os dados mostram que o número de incêndios e a área ardida em Portugal baixou este ano pelo segundo ano consecutivo, sendo a “primeira vez” que tal acontece desde 2009.
“Comparando os valores do ano de 2019 com o histórico dos 10 anos anteriores, assinala-se que se registaram menos 46% de incêndios rurais e menos 70% de área ardida relativamente à média anual do período. O ano de 2019 apresenta, até ao dia 15 de outubro, o segundo número mais reduzido de incêndios e a segunda mais reduzida área ardida”, lê-se no documento.
O ICNF destaca também que setembro foi o mês com o maior número de incêndios rurais (2.344), correspondendo a 22% do número total registado este ano.
Julho foi o mês que registou a maior área ardida este ano, com 14.034 hectares (34% do total de área ardida deste ano).
De acordo com o ICNF, 85% dos fogos que deflagraram até 15 de outubro uma área ardida inferior a um hectare, tendo, até essa data, ocorrido dois incêndios com uma área ardida superior ou igual a 1.000 hectares.
O incêndio que ocorreu em 20 de julho no concelho de Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco, foi o que mais área consumiu este ano, um total de 9.249 hectares, seguido do fogo que se registou no concelho de Águeda (Aveiro), com 1.633 hectares.
O ICNF sublinha que se registaram, até 15 de outubro, 62 “grandes incêndios”, sendo esta designação dada aos fogos com uma aérea ardida igual ou superior a 100 hectares.
O ICNF indica ainda que o maior número de incêndios ocorreu nos distritos do Porto (1.843), Aveiro (924) e Braga (912), mas na sua maioria foram de reduzida dimensão e não ultrapassam um hectare de área ardida.
Em área ardida, o distrito mais afetado foi Santarém, com 6.711 hectares, cerca de 16% da área total ardida até à data, seguido de Castelo Branco com 6.391 hectares (16% do total) e de Vila Real com 3.243 hectares (8% do total).
O relatório provisório faz também uma análise de severidade meteorológica (conjugação de temperaturas, vento, ausência de chuva e humidade), concluindo que a área ardida no ano de 2019 “é consideravelmente inferior à expectável" tendo em conta a severidade meteorológica verificada.
Lusa