A Plataforma P'la Reposição das Scut nas autoestradas 23 e 25 classificou como "memorável" a participação na marcha lenta que saiu esta sexta-feira à rua para exigir ao Governo reduções "efetivas" no pagamento de portagens, até à abolição.
Esta manifestação contou com partidas das cidades da Guarda, Covilhã e Castelo Branco, tendo como destino o Fundão, onde centenas de veículos se concentraram num protesto no qual se ouviram muitas buzinas, ruídos de motor de motas e palavras de ordem contra as portagens naquelas vias.
Para a organização, a participação "memorável" deixa um "recado claro" ao Governo, de que tem de avançar com um desconto que se traduza em "reduções efetivas" e de que a Beira Interior não aceita apenas o desconto de 25% a partir do oitava dia de utilização, recentemente anunciado.
"Memorável. Nós avisámos. Com lealdade, avisámos o Governo que aquilo que estava a fazer e que o desconto que aprovou não satisfazia e que isso ia levar a reação. E a reação está aqui à vista de toda a gente", disse Luís Garra, da União de Sindicatos de Castelo Branco, entidade que engloba a Plataforma.
Sublinhando as dificuldades que aquela região do interior do país enfrenta, este responsável reiterou que a pandemia não serve de argumento para não se avançar com descontos que possam abranger toda a população.
Luís Veiga, do Movimento de Empresários P'la Subsistência do Interior, considerou que o som do protesto aumentou o suficiente para chegar até ao Terreiro do Paço, em Lisboa, e reiterou o apelo para que os deputados se unam numa maioria parlamentar que aprove reduções superiores àquela que foi anunciada.
Os responsáveis desta estrutura frisaram ainda que, caso as reivindicações não sejam atendidas, é possível "ir mais além" no protesto.
"Só não vê quem não quer ver a revolta das pessoas e o peso que o interior tem numa medida que está a dar cabo das pessoas e das nossas empresas. Não podemos continuar da mesma forma", afirmou José Gameiro, da Associação Empresarial da Beira Baixa.
Argumentos que foram subscritos por aqueles que se juntaram ao protesto, como o é o caso de Roger Silva, apicultor da Covilhã, que apontou os gastos que tem sempre que tem de se deslocar a feiras noutras regiões do país para apresentar o mel que produz.
"Não me compensa ir lá vender o produto, porque o dinheiro das vendas fica nas portagens", lembrou, em declarações à agência Lusa.
Rui Fazendeiro, residente na Covilhã, lembrou que as Scuts [vias sem custos para os utilizadores] quando foram feitas não estava previsto terem portagens e que não existem alternativas porque foram construídas por cima do IP2 e do IP5.
"Se queriam cobrar portagens então faziam essa autoestrada ao lado do IP5 e IP2, porque nós não temos alternativas, nem para o norte nem para o sul", sublinhou.
Este protesto contou com a participação de representantes dos municípios e alguns políticos.
A Plataforma P'la Reposição das Scut na A23 e A25 integra sete entidades dos distritos de Castelo Branco e da Guarda, nomeadamente a Associação Empresarial da Beira Baixa, a União de Sindicatos de Castelo Branco, a Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, o Movimento de Empresários pela Subsistência pelo Interior, a Associação Empresarial da Região da Guarda, a Comissão de Utentes da A25 e a União de Sindicatos da Guarda.
A A23, também identificada por Autoestrada da Beira Interior, liga Guarda a Torres Novas (A1).
A A25 (Autoestrada Beiras Litoral e Alta) assegura a ligação entre Aveiro e a fronteira de Vilar Formoso.
Lusa